De acordo com  um estudo realizado com mais de mil britânicas pela marca de produtos íntimos Vagisil, a cada quatro mulheres, três delas sofrem de problemas tais como coceira nas partes íntimas, secura vaginal, dor após o sexo e dor na relação . Apesar da quantidade alarmante de mulheres que sofrem com questões como essas, o estudo também aponta que 43% delas não falam sobre os problemas nem com profissionais.

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Ao contrário do que muita gente pensa, sentir dor após o sexo não é normal e pode indicar problemas mais sérios
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Ao contrário do que muita gente pensa, sentir dor após o sexo não é normal e pode indicar problemas mais sérios

Talvez seja justamente em razão da falta de discussões sobre o tema que muitas mulheres realmente acreditam ser normal sentir dor após o sexo ou até mesmo durante a relação sexual. Algumas delas pensam que isso acontece devido ao tamanho do pênis do parceiro ou ao quão “apertada” a vagina delas é. Porém, de acordo com Livia Daia, ginecologista, obstetra e mastologista da clínica Daia Venturieri, as causas para esse tipo de problema são outras e é importante que as mulheres saibam que podem, sim, ser tratadas.

Dores superficiais

Se o seu problema é um ardor no canal vaginal e na vulva, que se inicia no começo da penetração e segue incomodando até após o fim da relação sexual, o problema pode ser mais simples do que você imagina. Segundo Livia, o principal fator que leva mulheres a sentirem esse desconforto é a secura vaginal. A lubrificação do canal vaginal ocorre naturalmente quando a mulher está excitada, como forma de tornar os tecidos mais elásticos e prepará-lo para a penetração.

Porém, há casos em que essa lubrificação não acontece como deveria. Segundo Carla Cecarello, sexóloga do site de relacionamentos “C-date”, falta de excitação na hora do sexo, questões emocionais, menopausa e até doenças como diabetes e hipertensão podem comprometer o quão lubrificada a mulher fica. A falta de lubrificação, por sua fez, faz com que o canal não esteja hidratado o suficiente e fique menos elástico. Além de tornar a penetração dolorosa, isso pode até gerar pequenas fissuras no tecido, o que faz com que a dor persista após a relação.

Além de consultar o médico para que outros problemas que prejudicam a lubrificação possam ser descartados, Livia afirma que caprichar nas preliminares ou buscar um bom lubrificante à base de água podem ser soluções interessantes. Outra coisa que pode ser feita é não se prender a apenas uma posição sexual. Na hora H, é importante variar as posições até encontrar uma em que ambos sintam-se confortáveis e, é claro, sem dores.

Segundo Livia, outra possível causa para dores ou desconforto na região da vulva e do canal vaginal tanto durante quanto após o sexo é a presença de alguma infecção como a candidíase ou a herpes genital, que afetam os tecidos da vagina. Enquanto a primeira é facilmente tratável, a segunda é mais complicada e costuma gerar algumas lesões no local.

Mesmo que a dor após o sexo seja relativamente superficial e não afete muito o dia-a-dia da mulher, Livia afirma que é importante marcar uma consulta para investigar a situação. “Aquilo que você acha que é um detalhe desnecessário pode ser um ponto crucial”, explica.

Dor profunda

Há casos, porém, que a dor após o sexo vai além da vulva e é mais profunda, às vezes até acompanhada de sangramentos incomuns. Em situações assim, a ginecologista afirma que as causas vão além de falta de lubrificação. Segundo Livia, o problema pode ser, na realidade, sintomas de endometriose. “O foco da endometriose gera um processo inflamatório na cavidade pélvica e qualquer processo inflamatório dentro da barriga pode gerar aderências, ou seja, ‘grudar’ um órgão no outro”, explica a especialista.

Livia afirma que, além da endometriose , algumas doenças sexualmente transmissíveis e outros processos inflamatórios que não têm necessariamente relação com os órgãos sexuais – como problemas intestinais ou na bexiga – também podem gerar essas aderências, ocasionando a dor após o sexo ou durante a relação sexual.

Apesar de ser mais raro, há ainda outro fator que pode estar causando esse desconforto mais profundo: o DIU (dispositivo intrauterino). Esse método contraceptivo consiste em um objeto feito de plástico flexível ou cobre fica posicionado dentro do útero e torna o ambiente tóxico para espermatozoides, impedindo a fecundação. “Se o DIU estiver causando uma infecção ou estiver mal posicionado, saindo da região onde deveria ficar, ele pode, sim, gerar uma dor”, afirma a ginecologista.

Em situações assim, nada de ignorar ou sair tomando analgésicos. Assim como a dor mais superficial, casos em que a mulher sente dores e tem sangramentos após o sexo devem ser analisados de perto por um especialista.

Sexo quase impossível

Para algumas mulheres, o desconforto não ocorre depois do sexo, e, sim, apenas durante a relação sexual, havendo casos em que a penetração é tão dolorosa que se torna simplesmente impossível. Normalmente, casos assim são relacionados a distúrbios como a dispareunia ou o vaginismo . Segundo especialistas, a o primeiro distúrbio acomete cerca de 60% das mulheres , enquanto 5% delas sofrem com o segundo .

No caso da dispareunia, a mulher sente dores durante a penetração, seja ela na vulva, na região mais próxima ao útero ou no canal vaginal em si. Já no vaginismo, a musculatura pélvica se contrai involuntariamente, impedindo a entrada do pênis (ou de qualquer outra coisa) na vagina.

Os dois distúrbios podem ser causados tanto por problemas físicos – infecções, por exemplo – como questões psicológicas. Segundo Débora Padua, educadora sexual e fisioterapeuta íntima, o medo do sexo ou a lembrança de algo doloroso ligado à região íntima, como um exame ginecológico ruim ou um abuso sexual, podem despertar as contrações voluntárias do vaginismo e as dores geradas pela dispareunia.

Diagnóstico e tratamento só no médico

Segundo Livia, os leque de possíveis doenças e distúrbios que esse tipo de dor pode indicar é bem grande, assim como as possibilidades de tratamento. A endometriose, por exemplo, é tratada de forma diferente de uma doença sexualmente transmissível, enquanto o vaginismo e a dispareunia podem depender até de atendimento psicológico.

Sendo assim, nada de fugir do ginecologista , buscar informações na internet, testar receitas caseiras que a avó, a tia ou a amiga usam. De acordo com a ginecologista, em casos de dor após o sexo ou durante a relação, é necessário buscar atendimento médico e investigar todas as possibilidades.

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