De preservativos a injeções de hormônio periódicas, a gama de métodos contraceptivos que as mulheres têm para escolher é grande. Apesar de ser um dos métodos mais populares, a pílula anticoncepcional é frequentemente relacionada ao risco de doenças circulatórias – que podem realmente ocorrer caso a paciente e o histórico dela não sejam devidamente avaliados – e, com isso, a busca por outras formas de prevenir a gravidez se intensificou. Um dos métodos contraceptivos alternativos à pílula anticoncepcional e que tem sido cada vez mais procurado e apreciado pelas mulheres é o DIU.
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O DIU (Dispositivo Intrauterino) é um objeto feito de plástico flexível que tem um formato semelhante ao da letra “T”, e fica alojado no útero da mulher (que deve ser medido antes da introdução, feita por um ginecologista). De acordo com a ginecologista Mariana Maldonado, esse dispositivo não entra nem na categoria de métodos hormonais (como a pílula, o adesivo e as injeções), nem na de métodos de barreira (como a camisinha e o diafragma). Ele age de forma local, deixando o ambiente uterino “tóxico” – tanto pelo uso de hormônios, no caso do Mirena, quanto pelas propriedades espermicidas do cobre, no caso do dispositivo feito com o material.
Porém, como muitas mulheres não têm informações suficientes sobre esse tipo de coisa, sentem vergonha de perguntar a respeito de contracepção ou às vezes mal sabem onde obter esse tipo de conhecimento, há muitos mitos e verdades circulando a respeito desse dispositivo. Algumas mulheres sentem aumento tanto nas cólicas quanto nos sangramentos menstruais, outras afirmam que o fluxo diminuiu consideravelmente e que as cólicas foram para o espaço. O que, afinal, é verdade a respeito dele? Pensando em desmitificar o DIU, a ginecologista Maria Elisa Noriler separou alguns mitos e fatos sobre esse dispositivo; confira:
Ele atrapalha as relações sexuais?
Mito! Além da parte plástica do dispositivo, ele também tem um fio bem fino para que a retirada (se necessária) fique mais fácil, mas a extensão não atrapalha em nada a penetração, além de não prejudicar o prazer feminino em nenhum nível.
Mulheres que não têm filhos podem utilizá-lo
Verdade! O dispositivo não oferece nenhum risco para mulheres que ainda não engravidaram, mas assim como praticamente todos os outros métodos contraceptivos , é necessário que a paciente se consulte com um ginecologista para que seja devidamente orientada.
Ele pode ser usado durante a amamentação
Verdade! De acordo com a ginecologista, o dispositivo pode ser utilizado sem problemas durante a fase de amamentação. Porém, o DIU que age à base de progesterona tem uma particularidade: ele só deve ser colocado seis semanas após o parto. Não há ressalvas quanto o de cobre.
O dispositivo é abortivo
Mito! Esse método age deixando o ambiente uterino tóxico de forma a impedir que os espermatozoides sobrevivam, o que acaba tornando a fecundação impossível. Ou seja, ele atua bem antes do processo de fecundação, extinguindo motivos para que o uso seja associado com aborto.
A capacidade da mulher de gerar filhos pode ser prejudicada
Mito! Maria explica que, mesmo que a mulher utilize o método por um período prolongado (já que o Mirena pode ficar no corpo por até cinco anos e o de cobre, dez), a fertilidade dela não será afetada permanentemente. De acordo com a ginecologista, em um curto período de tempo, o ambiente uterino deixa de ser tóxico, os espermatozoides conseguem sobreviver e a capacidade da mulher de engravidar volta ao normal.
O método possui contraindicações
Verdade! Assim como as pílulas anticoncepcionais não devem ser usadas por mulheres que fumam ou que têm histórico de problemas circulatórios na família, e as pílulas do dia seguinte não devem ser usadas de forma frequente porque desregulam completamente o ciclo menstrual, esse dispositivo também possui contraindicações.
De acordo com a ginecologista, ele não pode ser usado por mulheres que apresentem alguns tipos de má formação uterina, que tenham úteros muito pequenos (pois há risco de perfuração), que tenham manifestado infecções uterinas recentemente ou que sejam virgens.
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Há uma faixa etária ideal para o uso do dispositivo
Mito! Desde que a mulher tenha sido devidamente orientada a respeito do assunto, não há uma idade certa para que o dispositivo seja implantado (desde que ela não seja mais virgem).
Quem utiliza esse método não pode praticar pompoarismo
Mito! O pompoarismo é uma técnica milenar que surgiu na Índia e que busca fortalecer os músculos do assoalho pélvico por meios de exercícios que a mulher pode fazer até sozinha. Eles requerem o ato de contrair e relaxar os músculos da região íntima sem a inserção de nada ou fazendo uso de instrumentos próprios para a prática. De acordo coma educadora sexual e idealizadora do projeto “Mulheres Bem Resolvidas” Cátia Damasceno, trabalhar o canal vaginal nesses exercícios não afeta a região onde o dispositivo fica, ou seja, o próprio útero.
A única questão que requer atenção nesse caso é o fato de que o dispositivo tem um período de adaptação. Geralmente, depois de implantá-lo, a mulher deve retornar ao médico e durante um intervalo de 20 a 30 dias, não é indicado que a mulher realize os exercícios de pompoarismo. Porém, se o médico examinar a paciente e disser que o dispositivo está devidamente posicionado, não há problemas em iniciar a prática ou retomar os exercícios que eram feitos anteriormente.
A implantação do dispositivo dói
Mito! Segundo a ginecologista, a maior parte das pacientes que optam por utilizar o dispositivo sente apenas um leve desconforto na hora de implantá-lo, descrito como semelhante a uma cólica menstrual.
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Ele requer o uso de outro método contraceptivo
Verdade! Todos os métodos contraceptivos têm uma margem de falha, mesmo que pequena. Apesar de algumas pessoas não gostarem de combinar dois métodos diferentes, essa margem de erro torna a prática necessária. Além disso, o único método que impede tanto a gravidez quanto a contaminação por DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) é a camisinha. Como o DIU só impede a gravidez, é importante que o casal utilize o preservativo (ou o masculino, ou o feminino) para se proteger de doenças.