Quem conhece as bulas quilométricas dos anticoncepcionais sabe que não são poucos os efeitos colaterais que podem vir com a pílula. De acordo com a ginecologista Mariana Maldonado, quem opta por este método contraceptivo pode – dependendo do organismo – enfrentar enjoos, dores de cabeça e sangramentos ocasionais. A bula da maioria deles alerta ainda para a pequena possibilidade das pílulas contribuírem para o desenvolvimento de depressão.
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Por outro lado, Mariana explica que fazer uso de pílula (após exames que constatem que o organismo da mulher é compatível com o medicamento) pode trazer benefícios à saúde, como redução dos sintomas da TPM, das cólicas e até das espinhas. Um estudo realizado pela Universidade de Aberdeen, nos Estados Unidos, descobriu que, ao que parece, os benefícios do anticoncepcional vão além dos citados pela ginecologista.
A pesquisa, que consultou 46 mil mulheres durante quase 50 anos, teve como objetivo analisar os efeitos desse tipo de contraceptivo a longo prazo. As mulheres estudadas fizeram uso de pílulas anticoncepcionais durante, em média, três anos e meio quando tinham entre 20 e 30 anos de idade. Ao que parece, usar pílulas anticoncepcionais reduz o risco de câncer de ovário, útero e intestino mesmo 35 anos após a mulher ter parado de tomar.
Os dados são expressivos: segundo o estudo, a cada 100 mil mulheres que tomam o medicamento, 22 desenvolvem câncer de ovário em algum momento, enquanto para mulheres que não tomaram pílulas, o número salta para 33.
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Além dos riscos normalmente associados às pílulas anticoncepcionais, há também uma possível ligação do medicamento ao surgimento de câncer de mama e cervical. O estudo, porém, constatou que esse risco desaparece completamente cinco anos após a mulher deixar de tomar o remédio. Segundo o levantamento, ao chegarem à menopausa, as mulheres não têm mais riscos adicionais de desenvolver essas doenças.
Por que isso acontece?
Pílulas anticoncepcionais , segundo Mariana, fazem uso de hormônios que inibem a ovulação, “enganando” o cérebro e fazendo com que a fecundação não seja possível. A redução das atividades do sistema reprodutor, segundo o estudo, pode ser a razão pela qual o risco de câncer nos ovários diminui.
Outra teoria para a diminuição nos riscos de câncer é a de que os hormônios presentes na pílula limitam o crescimento e a divisão das células, podendo reduzir a ocorrência de mutações que acabam gerando a doença.