Apesar da maior parte dos consumidores de pornografia ainda serem os homens, pesquisas apontam que o consumo de material adulto por mulheres não só existe como também vem aumentando. De acordo com um levantamento realizado pelo site “PornHub”, as mulheres lideram o consumo desse tipo de conteúdo em celulares e aparelhos móveis, representando 80% do tráfego.
Apesar disso, o conteúdo, em geral, expõe um padrão de beleza irreal: os atores estão quase sempre depilados e são, em sua maioria, brancos. O lado obscuro da indústria pornográfica foi exposto por diversas ex-atrizes e documentários que falam sobre como mulheres que entram para o mundo da pornografia podem sofrer diversos tipos de abuso, como o popular "Hot Girls Wanted".
Pensando nisso, a designer Mackenzie Peck teve a ideia de criar um “pornô ético” que passasse a imagem de que os envolvidos realmente querem estar lá e que não fosse ilustrado apenas por corpos brancos, heterossexuais e magros. À versão britânica do veículo “Independent”, Mackenzie conta como criou a “Math”, uma revista pornográfica idealizada como feminista e voltada, principalmente, para o prazer feminino.
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A designer relata que a ideia surgiu em uma festa em Baltimore, nos Estados Unidos. “Eu não conhecia ninguém, então estava vagando sozinha quando notei um grupo de mulheres subindo para o segundo andar da casa. Naturalmente, eu as segui. Lá, as mulheres estavam provando e trocando roupas de uma forma sexy e despreocupada. Pensei comigo, como posso estar em um ambiente assim o máximo possível? As próximas palavras que surgiram na minha mente foram: ‘Vou começar uma revista pornô ’”, explica ela ao veículo.
A publicação então nasceu em meio a outros afazeres da designer; uma pessoa que ela conhecia se ofereceu para fotografar e trouxe as duas modelos que ilustraram a primeira edição da revista, que é publicada sem uma editora. “Me senti obrigada a continuar o que começamos, não queria decepcionar as pessoas”, diz Mackenzie.
Ela conta que, no início, ela abordava pessoas na rua, como casais se beijando em locais públicos. “Se eles estavam ok com esse tipo de exibicionismo, talvez topassem posar para a minha revista”, afirma ela. O plano, porém, não deu certo; apesar de lisonjeadas, nenhuma das pessoas abordadas pela designer ilustraram as páginas da “Math”. Hoje, a equipe da revista é que é procurada por modelos pelo Instagram e pelo Twitter.
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Novo conceito
De acordo com Mackenzie, é comum que, ao verem a publicação pela primeira vez, algumas pessoas contestem o conceito e digam que aquilo não é pornografia. “O errado da indústria pornográfica é que ela não está satisfazendo as necessidades de muita gente. Os tipos diferentes de corpos e o vasto oceano de desejos sexuais raramente são explorados e as pessoas estão impacientes por algo que exalte a sexualidade por sua mágica e inclua todas as formas de fazer sexo”.
“Ao contrário de muitos criadores de pornografia, não estamos vendendo uma fantasia inalcançável. Com empatia, comunicação e confiança, podemos encontrar o que queremos no amor e no desejo”, afirma a designer, esperando que um dia sua proposta deixe de ser vista como “rebelde”. “Não podemos ser forasteiros para sempre, né?”.