Neste dia 20 de março, o mundo celebra o Dia Internacional da Felicidade, uma data que leva a reflexão sobre o que realmente importa quando o assunto é qualidade de vida. Em meio a agendas lotadas e responsabilidades diárias, a felicidade, por muitas vezes, fica em segundo plano. Há quem acredite que para ser feliz, basta ter dinheiro, mas segundo o maior estudo já realizado sobre o assunto, produzido por Harvard, o que nos torna feliz e saudáveis são os relacionamentos.
O estudo de Harvard
O Estudo de Desenvolvimento Adulto da Universidade de Harvard, também conhecido como o Estudo de Grant, é uma das pesquisas longitudinais mais longas e abrangentes já realizadas sobre o desenvolvimento humano. Iniciado em 1938, o projeto acompanhou a vida de 724 homens durante cerca de 75 anos, com o objetivo de compreender os fatores que contribuem para uma vida longa e saudável, bem como os padrões de desenvolvimento ao longo da vida adulta.
O estudo foi liderado por vários pesquisadores, incluindo os psiquiatras Arlie Bock e, mais recentemente, Robert J. Waldinger, que se tornou o quarto diretor do estudo em 2003. Os participantes foram recrutados da própria Universidade de Harvard e dos bairros mais pobres de Boston, incluindo homens de diferentes origens socioeconômicas. Ao longo das décadas, os pesquisadores coletaram uma variedade de dados, como exames médicos, questionários de saúde mental, entrevistas e informações sobre suas vidas pessoais e profissionais.
As descobertas do Estudo de Grant têm sido fascinantes e têm proporcionado insights importantes sobre vários aspectos do desenvolvimento humano. Por exemplo, ele destaca a importância das relações interpessoais e emocionais para a saúde e o bem-estar ao longo da vida, mostrando que ter relacionamentos satisfatórios e de apoio pode ser um fator crucial para uma vida longa e feliz. Além disso, o estudo também destacaa importância de fatores como estabilidade emocional, adaptabilidade, propósito no trabalho e resiliência para o bem-estar ao longo da vida.
O reconhecimento da felicidade no mundo coorporativo
Nos últimos anos, houve um reconhecimento crescente da importância da felicidade no ambiente de trabalho e dentro das empresas. As organizações estão percebendo que funcionários felizes tendem a ser mais produtivos, criativos, engajados e leais, o que pode levar a melhores resultados financeiros e uma cultura empresarial mais positiva.
Não à toa, Google, Chilli Beans e Reserva, por exemplo, criaram o “departamento da felicidade” com intuito de cuidar do bem-estar de seus funcionários. Para se ter uma ideia de como o tema vem ganhando importância, a remuneração do cargo de Chief Happiness Officer (CHO) – diretor de felicidade, pode chegar a R$ 40 mil, segundo o Instituto Feliciência - u dos principais fornecedores na área de Educação Corporativa no Brasil, com atuação 100% baseada em Ciência: Felicidade, Bem-Estar, Saúde MentaL, Liderança, Sustentabilidade e ESG.
O educador corporativo Rodrigo Lang, sócio-fundador da Human SA, instituição que promove programas de desenvolvimento focados em saúde, felicidade e bem-estar, destaca a importância da felicidade no ambiente corporativo. “A felicidade não é apenas um estado desejável, é um facilitador de competências humanas essenciais como criatividade, colaboração e resolução de problemas” diz.
Lang reitera que alguns gestores e líderes podem até negligenciar a importância da felicidade no cotidiano de seus colaboradores, mas é essencial lembrar que a saúde mental dos funcionários é uma responsabilidade legal dos superiores. “A felicidade e o bem-estar não só geram um ambiente mais produtivo entre os colaboradores, mas também se estende por toda a rede que compreende as organizações, impactando fornecedores e clientes ", explica.
A felicidade nos relacionamentos
Segundo especialista em psicanálise clínica e desenvolvimento humano, Gisele Hedler, existem algumas lições que podem ser tiradas do maior estudo já realizado sobre felicidade humana. Baseado na pesquisa, Gisele pontua as lições que podemos tirar do Estudo de Desenvolvimento Adulto para alcançar a felicidade e uma vida longa e saudável.
Segundo Hedler, as relações tóxicas drenam nossa energia emocional e impactam negativamente a saúde mental. Para a expert, é preciso saber filtrar os relacionamentos, mas também se atente para não se isolar. “O estudo mostra que os relacionamentos saudáveis são um dos maiores preditores de felicidade e saúde a longo prazo e, por outro lado, o isolamento provoca solidão, representando um fator de risco para a saúde, principalmente a mental”, afirma Gisele.
E por falar em saúde mental, ignorá-la também compromete a felicidade. É preciso abandonar o ressentimento, pois guardar mágoas pode levar a problemas de saúde mental e física. “Segundo o estudo, a capacidade de perdoar e soltar ressentimentos está associada a melhor saúde e maior felicidade”, diz a especialista.
O desenvolvimento pessoal e a felicidade
A riqueza material não está diretamente ligada à felicidade. Por esse motivo, Lang reitera que não devemos trabalhar apenas visando juntar dinheiro e ser rico. “Muito pelo contrário, a alegria diz respeito às experiências e relações interpessoais. Elas são as responsáveis por enriquecerem a vida, promovendo satisfação verdadeira e duradoura”.
Ainda de acordo com o estudo de Harvard, a resiliência é a chave para enfrentar os desafios da vida, contribuindo para a felicidade e saúde a longo prazo. Já as preocupações em excesso, seja com o passado ou com o futuro, pode aumentar os nossos níveis de ansiedade e insatisfação. Viver o presente melhora a qualidade de vida. Por último, Gisele diz que pode tirar como lição da grande pesquisa a importância da generosidade.
“A falta de atos altruístas diminui a sensação de satisfação pessoal. O estudo evidencia que ser generoso aumenta a felicidade tanto de quem recebe quanto de quem pratica o ato, reforçando laços sociais e bem-estar emocional”, afirma Gisele.
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