MC Bin Laden, participante do BBB 24 revelou aos colegas de confinamento que faz uso de um medicamento, indicado para disfunção erétil, para potencializar seus resultados na academia. O cantor disse usar a tadalafila, buscando ter mais energia nos treinos, mas segundo João Marcello Branco, médico especialista em medicina desportiva, a prática não tem estudos comprobatórios. Cássio Fidlay, personal trainer, diz ser uma prática comum na musculação.
“Essa teoria, fisiologicamente, a gente tem como explicar o seguinte, os remédios de disfunção erétil, eles vão agir na enzima que degrada o óxido nítrico. O óxido nítrico é uma substância produzida pelo nosso endotélio, que é como se fosse um tapete que recobre nossos vasos, que tem função de liberação de algumas substâncias, que ajudam na vasodilatação. Então, a vasodilatação peniana, na disfunção erétil, é uma vasodilatação venosa, e usando esse remédio, extrapola para que o retorno venoso seja melhor para músculo, irrigação muscular e melhora de performance”, explicou o médico, que completou:
“Tem indícios, sim, não tem estudos comprobatórios que mostre que isso é eficaz, mas que causa vasodilatação, também como se usa pré-treino como arginina, isso tem fundamento, mas não tem estudo comprobatório, mas pode acontecer de ter essa relação cruzada de melhorar a irrigação dos tecidos periféricos, principalmente musculares na hora do uso pré-treino”.
Cássio Fidlay, personal trainer, também comentou sobre o caso, dizendo que o uso da tadalafila é uma prática comum para aqueles que fazem musculação.
“A Tadalafila é muito utilizada para vasodilatação na musculação, onde você consegue ter uma performance maior no seu treinamento por conta do fluxo sanguíneo ser muito maior recorrente ao exercício, então ele é tomado em uma dosagem menor do que é utilizado para a disfunção herético, totalmente normal para essa atividade. Então é um uso comum na área da musculação, onde todos os praticantes que buscam um acompanhamento médico, querem ter uma performance maior no treinamento juntamente com a vasodilatação. Não causa dano algum”, disse o especialista.
De acordo com Thiago de Melo, farmacêutico e pesquisador na área de Ciências Farmacêuticas, professor de pós-graduação nos cursos de Ciências Farmacêuticas e Farmacologia e no curso de graduação de Medicina pela Universidade Vila Velha (UVV), a Tadalafila atua potencializando a ação do óxido nítrico, intensificando a resposta vasodilatadora. “Essa ação fisiológica é, muitas vezes, o que atrai atletas e frequentadores de academias, embora seu efeito principal não seja nos músculos, mas sim nos corpos cavernosos do pênis, por inibir de forma específica uma enzima chamada fosfodiesterase tipo 5”, revela.
Segundo o especialista, “ a questão central é se essa vantagem ainda questionável de efeito “pump muscular” vale os riscos associados ao uso prolongado da substância”, declara.
A faixa etária e os riscos desnecessários
O pesquisador acredita ser essencial destacar a diferença entre um idoso que busca melhorar a função endotelial reduzida aos 65 anos, e um jovem de aproximadamente 25 anos que adota a Tadalafila como parte de sua rotina diária. “Enquanto a primeira situação pode envolver questões médicas específicas e pontuais, a segunda levanta sérias preocupações sobre os efeitos a longo prazo e elevadas doses (20 mg), especialmente quando se considera a possibilidade de desenvolvimento de disfunção erétil, seguida, muitas vezes, com necessidades de intervenções cirúrgicas invasivas”, alerta.
Para Thiago, esses possíveis efeitos colaterais não apenas contradizem as expectativas dos usuários, mas também impõe sérios desafios emocionais e psicológicos. “A necessidade de tratamento cirúrgico em casos de disfunção erétil relacionada ao uso de Tadalafila destaca um aspecto comumente negligenciado desses suplementos. Jovens, muitas vezes movidos pela busca incessante por padrões estéticos, podem encontrar-se presos em um ciclo perigoso de dependência e intervenções médicas”, pontua.
Repensando o caminho para a saúde
O fascínio pelo corpo perfeito não deve obscurecer os potenciais riscos associados ao uso indiscriminado de substâncias como a Tadalafila. “É crucial considerar não apenas os benefícios imediatos que esses suplementos podem oferecer, mas também os efeitos a longo prazo em sua saúde física e mental”, relata.
Para o especialista, os profissionais de saúde têm a responsabilidade de educar sobre os riscos envolvidos, incentivando escolhas mais informadas e seguras. “O preço a pagar por aparentes resultados na academia não pode colocar em xeque a própria saúde. É hora de reavaliar o caminho trilhado em uma busca incessante pelos padrões”, finaliza.
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