Vigorexia: o que é o transtorno que afeta os jovens midiáticos
Reprodução/GloboEsporte
Vigorexia: o que é o transtorno que afeta os jovens midiáticos


Com o avanço das mídias digitais, muitos jovens costumam acompanhar conteúdos de treinos e alimentação, que valorizam a estética musculosa, buscando um corpo perfeito. Nisso, acabam desenvolvendo um transtorno chamado vigorexia. 

De acordo com a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez e diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), muitos desses adolescentes acabam se sentindo insastisfeitos com o próprio corpo, criando uma obsessão por músculos. “Esse distúrbio é definido como uma obsessão por músculos, pela compulsão aos exercícios e pelo consumo de substâncias que prometem o aumento da massa muscular. O número de casos que se caracteriza pela preocupação ‘negativa’ sobre a própria imagem tem aumentado, principalmente entre os adolescentes no mundo, justamente por conta de vídeos e trends sobre musculação nas redes sociais”, disse. 

Além disso, Marcella relata que os jovens acabam mudando o seus planos alimentares e incluindo mais proteínas nas dietas. “Paralelamente, muitos jovens desenvolvem obsessões pelo consumo de alimentos saudáveis (ortorexia) ou desregulam totalmente sua alimentação, ingerindo por exemplo mais proteínas do que o necessário, já que esse macronutriente é relacionado à construção muscular”. 

Segundo o site Young Men's Health do Boston Children's Hospital, cerca de 60% dos meninos nos Estados Unidos mencionam mudanças em sua dieta para ficarem mais musculosos, segundo o site Young Men's Health do Boston Children's Hospital. 

A dismorfia muscular é outro fenômeno que afeta os adolescentes. Cerca de um quarto dos meninos mais jovens pensam em construir um físico magro e musculoso e com as imagens propagadas nas redes sociais, isso acaba se tornando cada vez mais perigoso. 

A obsessão por um corpo perfeito afeta vários jovens
shutterstock
A obsessão por um corpo perfeito afeta vários jovens

Porém, segundo a médica, o transtorno se difere entre meninos e meninas. “Por muito tempo considerado domínio das meninas, a dismorfia corporal pode assumir a forma de distúrbios alimentares, como anorexia ou bulimia. Tecnicamente, a dismorfia muscular não é um distúrbio alimentar, mas é muito mais difundido entre homens - e insidioso. Pode estar relacionada com a ortorexia, o que geralmente afeta o relacionamento social desses jovens, que deixam de sair com amigos e ter encontros familiares por receio de ‘fugirem’ da dieta”, relata. 

"A noção comum é que a dismorfia corporal afeta apenas meninas e não é um problema masculino. Por causa disso, esses comportamentos pouco saudáveis em meninos muitas vezes passam despercebidos", alerta. 

 Marcella destaca quais são os sinais que um indivíduo possa ter vigorexia: 

- Passar de malhar uma vez por dia para passar horas malhando todos os dias

- Limitar os alimentos que estão comendo ou concentrar-se fortemente em opções com alto teor de proteína

- Interromper atividades normais, como passar tempo com amigos, para malhar

-  Tirar fotos obsessivamente de seus músculos ou abdômen para acompanhar a ‘melhora’ do ‘shape

- Vestir-se para destacar um físico mais musculoso ou usar roupas mais largas para esconder seu físico porque não acham que é bom o suficiente

Em relação aos perigos, a médica nutróloga alerta que comportamentos extremos podem representar riscos à saúde física e mental. “A dieta com alto consumo calórico pode afetar o desenvolvimento muscular e ósseo a longo prazo e levar a batimentos cardíacos irregulares e níveis mais baixos de testosterona.  Mesmo na melhor das hipóteses, comer muita proteína pode levar a muitos distúrbios intestinais, como diarreia ou lesão renal, uma vez que nossos rins não foram feitos para filtrar quantidades excessivas de proteína" , explica. 

Além disso, o pscicológico dos jovens também é afetado, podendo aparecer depressão e pensamentos suicidas, o que pode ocorrer geralmente quando os meninos cortam drasticamente as calorias ou negligenciam grupos inteiros de alimentos. “Além disso, ao tentar alcançar ideais irrealistas, eles podem sentir constantemente que não são bons o suficiente”, destaca.

Marcella dá dicas de como ajudar esses jovens durante o transtorno: 

Reúna-se para as refeições em família . Mesmo com horários que podem ser complicados, essa é uma boa estratégia, segundo a médica. "Pesquisas consideráveis mostram que os benefícios para a saúde física e mental decorrem de sentar-se juntos para as refeições, incluindo uma maior probabilidade de as crianças terem um peso adequado para seu tipo de corpo. ", explica. 

Encare a nutrição e o exercício como significativos para a saúde. “Ao conversar com seu filho sobre o que você come ou sobre sua rotina de exercícios, não vincule os resultados esperados à forma ou tamanho do corpo”, diz.

- Comunique-se abertamente . "Se seu filho disser que quer se exercitar mais ou aumentar a ingestão de proteínas, pergunte por quê - para sua saúde geral ou para um corpo ideal específico?"

- Fique de olho nas preocupações. Se o seu filho quiser aumentar o consumo de proteínas ou se preocupa demais com a alimentação, buscar ajuda de um médico nutrólogo pode ser recomendado. "Uma alternativa é conversar com o médico. Ele pode recomendar o nível adequado de proteína por meio de alimentos regulares. Caso o transtorno seja observado pelo médico, é importante que o tratamento seja multidisciplinar, feito juntamente com psiquiatra e psicólogo”, finaliza a médica.



    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!