Estima-se que o Brasil tenha hoje aproximadamente 29 milhões de mulheres entre o climatério e a menopausa , o que totaliza 27,9% da população feminina do país. A menopausa corresponde ao último ciclo menstrual da mulher, isto é, à sua última menstruação, e ocorre normalmente entre os 45 e os 55 anos de idade. O termo é, muitas vezes, usado equivocadamente para falar sobre o climatério, que, por sua vez, designa o período de transição entre a fase reprodutiva e a não reprodutiva.
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O número de pessoas com 65 anos ou mais no planeta deve mais que dobrar até a metade do século, passando de 716 milhões hoje para 1,6 bilhão em 2050, segundo projeção da Organização das Nações Unidas (ONU). Com o aumento da expectativa de vida e o envelhecimento populacional, as mulheres na menopausa se tornaram uma força econômica poderosa e um nicho significativo do mercado consumidor.
Na Europa, empresas como Become, Cucumber Clothing e Fifty One Apparel estão usando a tecnologia para criar roupas que prometem amenizar o incômodo provocado pelas ondas de calor e suores intensos, decorrentes das alterações hormonais nessa fase da vida. No mercado de beleza, marcas como a Vichy abastecem as prateleiras em vários países do mundo com produtos especialmente pensados para o skincare na menopausa.
"As preocupações e necessidades das mulheres na menopausa são diferentes das demais, pois elas enfrentam desafios específicos relacionados à saúde, como as ondas de calor, os suores noturnos, as mudanças hormonais, as mudanças de humor, a queda da libido e o envelhecimento da pele. Portanto, oferecer produtos direcionados a essas necessidades pode ser uma oportunidade lucrativa para as marcas", afirma Henrique Cassiano, ginecologista do Hospital São Francisco de Mogi Guaçu.
Celebridades como a atriz Naomi Watts engrossam o movimento. A artista, conhecida por seus papéis em 'O Impossível' e 'King Kong', é fundadora da Stripes, que oferece uma linha exclusiva para o público na perimenopausa e na menopausa, com hidratantes, géis e óleos para o rosto, corpo, cabelo e vagina.
No Brasil, a Plenapausa é a primeira femtech com foco na saúde da mulher madura, oferecendo suplementos para o alívio dos sintomas associados a esse período. "Em 2021, realizamos uma pesquisa com mais de 120 mulheres que estavam atravessando o período menopausal e observamos que 60% delas não sabiam identificar os sintomas, e 77% não realizam nenhum tipo de tratamento", afirma a fundadora e CEO da empresa, Marcia Cunha. "Vimos aí uma grande oportunidade para tentar solucionar esses problemas".
O que funciona e o não funciona?
Em suma, as mulheres estão cada vez mais conscientes da importância de cuidar da saúde, aparência e bem-estar em todas as fases da vida. Elas já não aceitam mais os estereótipos associados à idade e buscam produtos e serviços que as auxiliem nesse processo. Nessa direção, as marcas têm investido não mais só em cremes rejuvenescedores, mas também em lubrificantes íntimos, fórmulas de suplementos alimentares, cápsulas de reposição hormonal e cosméticos com ingredientes naturais.
"Em primeiro lugar, é importante ter em mente que os resultados podem não ser universais e nem todos os produtos disponíveis no mercado são apoiados por evidências científicas sólidas, além de que a eficácia desses itens pode variar de pessoa para pessoa", ressalta Henrique Cassiano.
Segundo o ginecologista, alguns produtos de beleza e fórmulas de suplementos alimentares podem oferecer benefícios reais, como a hidratação da pele, redução dos sintomas e suporte nutricional adequado. Lubrificantes íntimos, principalmente aqueles à base de água, costumam ser seguros e eficazes e são uma boa alternativa para minimizar a secura vaginal e o desconforto sexual.
Já a reposição hormonal costuma ser a opção mais efetiva e pode trazer benefícios significativos durante a chegada da menopausa. No entanto, a decisão de utilizar os hormônios nessa fase deve ser discutida e acompanhada por um médico, uma vez que se faz necessário avaliar individualmente os riscos e possíveis efeitos colaterais.
Cuidados com a pele e o cabelo na menopausa
Além da suspensão do ciclo menstrual, a menopausa também é caracterizada pela queda acentuada dos hormônios femininos — estrógeno e progesterona, e também do hormônio androgênico, a testosterona. Essas alterações vão desencadear efeitos orgânicos diversos não só no corpo, como também na pele e no cabelo.
"Os cabelos se tornam brancos ou grisalhos devido à redução de melanina nos folículos pilosos. Os fios ficam mais rígidos e menos hidratados, consequência da mudança de estrutura dos cabelos. Já a pele perde hidratação e há diminuição progressiva do número de fibras colágenas e elásticas, e existe também absorção das estruturas faciais e corporais decorrentes da desmineralização óssea", comenta a dermatologista Soraya Rosseti.
Todas essas mudanças estruturais levam à modificação dos ângulos faciais e à sensação de que a pele ficou "caída". Por isso, durante esse período, são essenciais na rotina de skincare, de acordo com a médica:
- Um sabonete ou gel de limpeza hipoalergênico duas vezes ao dia (manhã e noite) que respeite as características da sua pele (mais sensível, oleosa, seca ou desidratada);
- Filtro solar diariamente, além de chapéus e roupas de proteção solar para a prática de esportes ao ar livre ou dias de exposição solar mais prolongadas;
- Vitamina C , que funciona como uma proteção para a oxidação provocada pela radiação ultravioleta;
- Retinol ou alfa-hidróxiácidos , como os ácidos glicólico, mandélico e azeláico , que promovem a remodelação dos queratinócitos (células presentes na epiderme, camada mais superficial da pele) e a formação de novas fibras colágenas e elásticas, melhorando rugas e flacidez e protegendo contra a mutação de células epiteliais;
- Hidratante à base de ácido hialurônico, ceramidas, oligopeptídeos ou uréia , que têm a função de proteger e manter intacta a barreira cutânea e o controle homeostático (por exemplo, controle da temperatura) da pele.
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