Segundo tabloide americano, a filha de Elvis queria parecer mais magra para a cerimônia do Globo de Ouro e teria perdido entre 18 e 22 kg nas seis semanas que antecederam a premiação
Wikimedia Commons
Segundo tabloide americano, a filha de Elvis queria parecer mais magra para a cerimônia do Globo de Ouro e teria perdido entre 18 e 22 kg nas seis semanas que antecederam a premiação

A única filha de Elvis Presley, Lisa Marie Presley, estaria em um regime extremo de perda de peso antes de morrer, conforme noticiou o tabloide norte-americano TMZ. A cantora e compositora faleceu no último dia 12, aos 54 anos de idade, após passar mal em sua casa, em Calabasas, no estado da Califórnia. Ainda de acordo com a reportagem, ela também teria voltado a tomar opioides, vício contra o qual lutou por anos.

Entre no  canal do iG Delas no Telegram e fique por dentro de todas as notícias sobre beleza, moda, comportamento, sexo e muito mais!

O TMZ afirma que Lisa queria parecer mais magra para a cerimônia do Globo de Ouro; o longa "Elvis" (2022), em homenagem ao Rei do Rock, concorria entre os indicados a melhor filme. Segundo o site, fontes da família disseram que a cantora passou por uma cirurgia plástica dois meses antes da premiação e começou a tomar remédios para perder peso.

A filha de Elvis Presley parecia frágil em sua última aparição pública — justamente no Globo de Ouro, dois dias antes de morrer. Segundo o jornal britânico Mirror, ela precisou de auxílio e segurou no braço do ator Austin Butler para andar pelo local; ele interpretou Elvis no longa e venceu na categoria de "Melhor Ator em Filme Dramático".

Em 2019, Lisa Marie Presley falou abertamente sobre a sua luta contra os remédios. No prefácio do livro 'The United States of Opioids: A Prescription for Liberating a Nation In Pain' ("Os Estados Unidos dos Opioides: Uma Receita para Libertar uma Nação que Sofre", em tradução livre), de Harry Nelson, ela agradeceu por estar 'viva' e lembrou que o pai, Elvis, e o ex-marido Michael Jackson morreram diante vícios.

A causa oficial da morte da cantora e compositora ainda não foi divulgada. Em meio a uma briga pela validade do testamento deixado por ela, a família ainda aguarda os resultados dos exames toxicológicos. Apesar disso, especialistas fazem um alerta sobre o uso dessas substâncias, sobretudo, aliadas a uma dieta extremamente restritiva, como foi o caso. 

"A gente já tem vários casos de pessoas famosas que morreram por serem viciadas em opioides, que são remédios para dor e que causam uma dependência, não só de você continuar consumindo, mas também de criarem uma resistência e você precisar aumentar a dose. E, junto com outros medicamentos, eles têm uma ação potencializadora — ainda mais se você não está consumindo a quantidade de calorias que o seu corpo precisa", atesta a nutricionista e pós graduanda em neurociência comportamental Thaisa Leal.

Lisa Marie Presley teria perdido entre 18 e 22 kg em seis semanas

Fontes ligadas à família Presley ainda informaram ao TMZ que Lisa teria perdido entre 18 e 22 kg nas seis semanas que antecederam o tapete vermelho. "Basicamente, quando se tem uma perda de peso tão acentuada e tão rápida assim é por não ter consumido comida suficiente, né?", diz Thaisa. "E o corpo precisa de nutrientes. O nosso coração, o nosso pulmão estão funcionando porque a gente dá combustível para eles. Senão, você não tem força para andar, você não tem força para nada", completa.

"Inclusive, a anorexia e a bulimia, que são distúrbios alimentares em que o paciente ou deixa de comer, restringe a alimentação, ou coloca a comida para fora, não ingere os nutrientes que o corpo precisa para funcionar, podem causar desnutrição ou, também, desidratação". No caso de Lisa Marie Presley, provavelmente soma-se a isso a perda do filho Benjamin Keough, morto em 2020, em decorrência de suícidio. Em seu último post no Instagram, em agosto do ano passado, a cantora compartilhou uma entrevista concedida à revista People em que se dizia "destruída" pelo luto.


Ciclo vicioso

Cortar de forma drástica o consumo de alimentos que a gente gosta, só porque está em processo de emagrecimento, pode, na verdade, interferir de maneira negativa nos resultados esperados. É o que chamamos de "efeito rebote".

"Eu vejo que as pessoas tentam emagrecer da forma errada e pelos motivos errados. O que te motiva a emagrecer e como você busca isso? Se é algo que você quer fazer por você, para você se sentir bem com você mesma, e você faz isso de uma forma saudável, com reeducação alimentar, entendendo porque faz certas escolhas, é uma coisa. Mas isso é diferente de fazer por motivos terceiros e por meio de remédios", diz Thaisa.

"Se você for ver as pesquisas do Google sobre como emagrecer, a maioria é relacionada a coisas imediatistas: 'Como emagrecer rápido?', 'Como emagrecer em duas semanas?', 'Como perder 10 kg em menos de um mês?'. Nenhuma busca por uma dieta saudável. Você pode sim tomar remédios para emagrecer, muitas vezes controlados, por indicação médica. O problema é quando você para de tomar esses remédios ou toma por vontade própria, sem acompanhamento. Hoje muitos são vendidos sem receita médica. Tem vídeos na internet ensinando a tomar".

Ela completa: "Se você ficar sem comer, porque acha que é isso que vai ajudar a emagrecer, você vai ficar morrendo de fome. Aí vai ter um momento que vai comer tudo que vê pela frente e vai ficar cada vez mais frustrada e ansiosa, achando que o problema é com você, que só você não consegue. Então, a questão é o que te motiva a emagrecer e como você decide fazer isso. E isso também vai depender do seu emocional nesse momento".

Reprimir uma vontade acumulada aumenta as chances de comer compulsivamente. Além disso, para conseguir estabelecer uma nova rotina alimentar adequada para a saúde e bem-estar, é preciso entender que cada indivíduo possui necessidades nutricionais diferentes. É o que reforça Matheus Motta, nutricionista responsável pelo programa VigilantesdoPeso no Brasil. "Só assim é possível emagrecer de forma correta e saudável, adquirindo mais qualidade de vida e prevenindo doenças. E isso só é alcançado a médio e longo prazo".

A fala é apoiada por Mariana Gomes, nutricionista do aplicativo de saúde integrada Personal Virtual: "Os resultados das dietas restritivas desaparecem tão rápido quanto aparecem".

Hollywood e a obsessão pela magreza

Lisa Marie Presley perdeu o pai quando tinha apenas nove anos de idade. O cantor morreu em agosto de 1977, aos 42 anos, vítima de uma parada cardíaca após uma overdose de medicamentos. A perda precoce, somada às pressões por ser a única filha do Rei do Rock e à relação com Michael Jackson fizeram com que a estrela sempre estivesse na mira de fotógrafos e jornalistas. Apesar da fama e da fortuna herdadas, a cantora teve uma vida pessoal bastante conturbada, que incluiu o vício em drogas e quatro divórcios. 

Fato é que não devia ser fácil tentar se encaixar nos padrões de Hollywood, que sempre cultuou corpos magros. Em "O Diário de Bridget Jones", que marcou gerações, a protagonista, interpretada por Renée Zellweger, era considerada uma mulher "acima do peso". Em outro clássico dos anos 2000, "As Patricinhas de Beverly Hills", Brittany Murphy foi a "amiga gorda" da protagonista. As minissaias e calças de cintura baixa eram tendência e ser uma "angel" da Victoria's Secret era o sonho de qualquer garota.

"Todo mundo já sofre uma pressão estética tão grande, de seguir um padrão. Então, imagina a Lisa, que ia ter todos os holofotes para ela [no Globo de Ouro], sendo filha do Elvis numa premiação que homenageava ele, né? É uma mídia muito cruel para uma pessoa pública. Óbvio que os jornais comentam, páginas de fofoca comentam: 'Olha, você viu que ela está acima do peso?!'. As pessoas são cruéis, então ela sabia o que poderia enfrentar", pondera Thaisa Leal.

É possível emagrecer de forma saudável em tão pouco tempo?

Claro que perder quase 20 kg em pouco mais de um mês fazendo uso de medicamentos sem acompanhamento médico e passando por uma dieta extremamente restritiva não é nem um pouco saudável. Mas será que existe uma forma ideal para alcançar os resultados esperados?

"Existe e é por isso que as pessoas precisam de instrução sobre o assunto. Vou dar um exemplo: eu passo uma dieta para algum paciente e a pessoa me fala: 'Nossa, mas eu tenho que comer tudo isso para emagrecer?'. As pessoas ainda têm uma crença limitada sobre o que é uma alimentação saudável, de que tem que comer pouco. E se você não seguir o certo, só vai adiar ainda mais o seu processo. Uma pessoa que segue a dieta recomendada pode ter uma perda de peso um pouquinho mais lenta, enquanto a outra só fica em zigue zague: ganha, perde, ganha, perde e não sai do lugar", esclarece Thaisa.

"Ela não ganhou 20, 30 kg em uma semana ou em um mês. Ganhou ao longo de anos. E a perda é aos poucos também. É um processo, e a gente pode acelerá-lo fazendo o certo, não restringindo a quantidade de comida", complementa a nutricionista. Não precisa necessariamente comer pouco e também não se deve restringir carboidrato, como muitos pensam.

"As pessoas fazem muito a dieta da proteína, tiram pão, tiram arroz, tiram tudo. E o que acontece é que a principal fonte de energia para o nosso corpo é o carboidrato. Aí no final do dia, o seu corpo vai precisar de energia e vai dar uma fome louca. E muitas vezes acompanhada da vontade de comer doce. Esse negócio de só comer uma fruta, uma torrada, só isso não vai encher sua barriga. Pode comer, por exemplo, ovos com queijo branco, patê de frango, de atum... e também fazer atividade física".

É possível emagrecer de forma saudável só com alimentação?

Sim! Isso porque o emagrecimento basicamente é déficit calórico, é comer menos calorias do que gastou. "O nosso corpo gasta 1.200 calorias parado, para se manter vivo. Respirar gasta energia. É o que a gente chama de gasto basal. Se uma pessoa faz atividade física, ela gasta outras 300 calorias. Então o gasto total é de 1.500 calorias. Aí fazendo o déficit calórico, come menos do que gastou, ou seja, cerca de 300 calorias a menos. Não é um déficit tão grande, porque senão o corpo também começa a falhar. Quando alguém não faz atividade física, a gente considera só o gasto basal", conclui a especialista.

Vale lembrar, porém, que a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que um adulto faça por semana pelo menos de 150 a 300 minutos de atividade física de intensidade moderada ou de 75 a 150 minutos de atividade física intensa.

** Gabrielle Gonçalves é repórter do iG Delas, editoria de Moda e Comportamento do Portal iG. Anteriormente, foi estagiária do Brasil Econômico, editoria de Economia. É jornalista em formação pela Universidade Estadual Paulista (Unesp).

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!