A trombose atinge 180 mil pessoas no Brasil a cada ano
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A trombose atinge 180 mil pessoas no Brasil a cada ano


De acordo com a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS), o anticoncepcional oral é o método contraceptivo mais utilizado no Brasil. A pesquisa aponta que 22,1% das mulheres do país utilizam a pílula para prevenir a gravidez.

Por mais que as pílulas anticoncepcionais tenham o efeito de prevenção comprovado pela medicina, elas também carregam diversos efeitos colaterais, como alterações hormonais, diminuição da libido, instabilidade no humor e acne. Um dos efeitos colaterais mais divulgados e controversos, no entanto, é a probabilidade de se desenvolver trombose arterial.

Trombose

A trombose é caracterizada pela formação de trombos, popularmente conhecidos como coágulos, no interior dos vasos sanguíneos do corpo humano. Os trombos podem acontecer tanto na circulação das artérias quanto na circulação venosa.

“O sangue condensa e forma trombos, que são coágulos, dentro do vaso, e esses coágulos migram junto com a circulação. Eles podem parar em lugares bastante inconvenientes, como o coração, o pulmão e os membros inferiores do corpo”, explica Dolores Pardini, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional de São Paulo.

Entre os principais sintomas da trombose estão o inchaço ou edema nas pernas, dor no local, dificuldade para caminhar, alteração da coloração da pele e aumento da temperatura na região.

Dolores explica que a trombose também causa palpitações, dificuldade ao respirar e baixa pressão sanguínea, já que os sintomas variam de acordo com o local atingido pela doença. Os quadros mais graves podem levar até ao AVC ou ao infarto agudo do miocárdio.

Os primeiros sintomas já devem ser consultados pelos médicos para conter o avanço da doença
Reprodução: Alto Astral
Os primeiros sintomas já devem ser consultados pelos médicos para conter o avanço da doença

Por mais que claros, os sintomas não são totalmente conhecidos pelos brasileiros: uma pesquisa feita pelo Ibope no ano de 2010 constatou que 44% da população brasileira não conseguia reconhecer os principais sinais da trombose. 

Segundo o angiologista e cirurgião vascular Rafael de Athayde Soares, o uso de anticoncepcionais eleva o risco de trombose justamente pela presença do estrogênio em sua composição.

A maioria dos estudos aponta que o uso de anticoncepcionais combinados (estrogênio e progesterona) provoca uma maior coagulação, já que desenvolvem resistência a proteínas C-reativas, anticoagulantes do corpo humano. Assim, o uso da pílula facilita a formação dos trombos.

“Quando essas pacientes usam muito o anticoncepcional, elas aumentam mais ainda a carga desse hormônio. Assim, elas podem acarretar a trombose venosa por efeito hormonal”, explica o médico. Vale lembrar que nem todo tipo de anticoncepcional está ligado à trombose: pílulas sem estrogênio não são catalisadoras de coagulação no corpo, por exemplo. 

Pessoas que tiveram trombose são contraindicadas a usar anticoncepcionais
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Pessoas que tiveram trombose são contraindicadas a usar anticoncepcionais

Existem fatores de risco que podem aumentar a probabilidade da doença, como obesidade, tabagismo, hipertensão, diabetes, idade avançada, predisposição genética e consumo de álcool e drogas.  

A maioria das bulas alerta que o verdadeiro risco de se desenvolver trombose é de duas a cinco vezes maior em mulheres que utilizam anticoncepcionais em comparação a mulheres que não utilizam. A incidência de casos é baixa, mas o uso deve ser feito apenas com a indicação de um médico.

O especialista Daniel Dias Ribeiro reflete que o anticoncepcional é um remédio importante para a saúde sexual da mulher e é necessário debater os riscos levando esse fator em conta. “A pílula mudou a mulher: a posição dela frente à sociedade, com uma independência que ela não tinha antes [do anticoncepcional]." 

A recomendação dos profissionais é a consulta indispensável com um médico antes de começar a tomar qualquer anticoncepcional, já que apenas um especialista pode avaliar as condições de risco e designar uma pílula específica para cada pessoa.

“Lembrando que nós vamos ter anticoncepcionais que são completamente seguros, anticoncepcionais que só tem progesterona, dispositivos intrauterinos com levonorgestrel, todos seguros”, finaliza Dias. 


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