Meditação na quarentena: dicas para quem quer começar a praticar

Aprenda mais sobre as práticas meditativas, os benefícios para o corpo e para a mente, e como elas podem ser sua aliada durante (e depois) da quarentena

Há pelo menos duas semanas, o Brasil entrou em estado de alerta após a confirmação da primeira morte pelo novo coronavírus . Esse foi o pontapé para que, gradativamente, as pessoas começassem a adotar o isolamento social para evitar a propagação do risco e aumento na mortalidade. Em meio a tantas preocupações e ao bombardeio de atualizações, é sempre importante para a saúde mental ter períodos de desligamento e descanso.

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Aprender a praticar meditação na quarentena pode ajudar a controlar a ansiedade e trazer mais relaxamento


Existem muitas pessoas buscando aprender novas práticas manuais ou físicas  durante este período. Assim, a meditação é uma ótima opção para quem busca uma nova maneira de conhecer o corpo. O Delas conversou com Juliana Gontad, que é instrutora de yoga e compartilha sua rotina de meditação com os seguidores pelo Instagram (@yogabemtevi), sobre o que fazer para iniciar a praticar meditação na quarentena .

Para que serve a meditação?

Juliana explica que a meditação busca desenvolver a capacidade de presenciar o nosso ser. Para isso, o pilar em todos os tipos de práticas meditativas  é a concentração. Cada modalidade trabalha com uma técnica de concentração a partir de diversos elementos, que podem variar da concentração na respiração ou em objetos que te façam permanecer no “aqui e agora”.

Como a meditação contribui para o bem-estar?

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A instrutora de yoga Juliana Gontad explica que entre os benefícios da meditação estão a melhora do sono, da organização e da concentração


De diversas maneiras. Quando passou a se tornar uma praticante regular, Juliana percebeu melhoras na concentração e maior sensação de relaxamento físico, mental e emocional. “Uma coisa que percebi em mim e de modo geral é que se dorme melhor, o descanso é mais natural”, explica.

Com uma mente descansada, a pessoa encontra ânimo para levar uma vida mais equilibrada, seja na alimentação ou nas funções do dia a dia, por exemplo. “Uma coisa vai puxando a outra”, diz a instrutora.

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Juliana ainda acredita no lado espiritual da meditação, já que é uma prática que surgiu de países repletos de tradições ancestrais - como a Índia e o Japão. Para ela, a conexão com o espiritual tem muita conexão com o campo emocional. Para quem desejar, esses conhecimentos podem ser importantes para agregar à prática.

Encontre sua âncora

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Muitas pessoas mantém o foco em posturas, respiração, paisagens sonoras e até mesmo cores para conseguir meditar


A âncora nos exercícios de meditação, segundo Juliana, seria o elemento de concentração que ajuda a meditação a fluir. Esse foco pode estar em coisas específicas. Pode ser uma postura, um tipo de respiração, um objeto para olhar, uma cor, uma paisagem sonora… São inúmeras as possibilidades e elas variam de pessoa para pessoa.

Concentre seu foco em uma modalidade

Ao praticar qualquer tipo de exercício, é importante pesquisar as diferentes vertentes daquela atividade para entender com qual você se identifica mais. Com a meditação é a mesma coisa. Contudo, Juliana indica que é importante encontrar uma modalidade na qual você possa se aprofundar. Assim, você e seu corpo podem se adequar de maneira mais focada.

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Tenha um momento de escape

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A prática frequente da yoga expandem a concentração e o relaxamento; é importante encontrar brechas no dia a dia para meditar


O maior desafio das pessoas na rotina habitual é encontrar uma brecha no dia a dia para manter a prática. “Para que os resultados sejam mais impactantes, o importante é manter uma regularidade”, explica Juliana. Se optar por começar a meditação na quarentena , pode ser mais fácil incluir o novo hábito no cotidiano quando o isolamento social tiver seu fim.

Juliana ainda explica que esse também é um desafio para pessoas que já praticam há mais tempo. “Todos precisamos encontrar um ritmo para continuar motivado”, diz.

A postura é fundamental para os exercícios

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A posição Flor de Lótus (foto) é a mais adotada para meditar; também é possível realizar o exercício deitado ou sentado em uma cadeira


É muito importante que o corpo esteja naturalmente alinhado durante a meditação. A coluna precisa estar ereta e totalmente apoiada nos ísquios (os ossinhos que ficam nos glúteos). A cabeça precisa seguir esse prolongamento da coluna.

A posição mais conhecida é a de Flor de Lótus, em que a pessoa se senta no chão com as pernas cruzadas e as mãos ficam sob os joelhos ou cruzadas em frente ao corpo. Quem não se sentir confortável pode fazer o exercício sentado em uma cadeira: sente-se com a coluna ereta e com os pés no chão.

Agora, caso sinta que precise relaxar mais ou de um apoio maior na coluna, também é possível meditar deitado. Mas cuidado onde for praticar: o nível de relaxamento é tão grande que muitas pessoas acabam caindo no sono. Opte por fazê-lo se não estiver com pressa ou antes de dormir.

Tenha um cantinho da meditação

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Separe um espaço em casa para que tenha um lugar fixo para sua meditação


Quanto mais a pessoa vai dominando a prática, com mais facilidade consegue meditar em qualquer lugar. Mas, tanto para iniciantes como avançados, Juliana indica a importância de estar em um lugar tranquilo, arejado, limpo e confortável. “Esses critérios, apesar de não serem essenciais, fazem toda diferença”, diz. Para manter a disciplina, tenha sempre um cantinho fixo de meditação.

Em casa, deixe um espaço para que você possa praticar todos os dias. “Pode ser a mesa da cozinha ou uma cadeira de meditação, mas reservar esse espaço é importante até para fazer disso uma tarefa diária”, explica a instrutora.

Depois que a quarentena acabar, encontre espaços em ambientes que frequenta no dia a dia para que seja possível escapar e meditar alguns minutos todos os dias. Assim, fica mais fácil encontrar brechas na rotina e tirar um tempinho para focar na prática.

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Bônus: “Como alcançar a iluminação pela meditação?”

Quem vai iniciar na prática de meditação pode ter na mente a ideia de que a prática leva a algum tipo de “elevação” do ser. Para desmistificar isso, Juliana compartilha uma experiência pessoal que teve com ninguém menos que Monja Coen.

Ela e sua turma do curso de capacitação do Instituto de Ensino e Pesquisa em Yoga (IEPY) tiveram um encontro com a budista e, durante o bate-papo, uma das alunas perguntou como era possível alcançar, por meio da meditação, a iluminação. “A prática é a própria iluminação”, foi a resposta.

“A gente não têm que encontrar na meditação um estado inalcançável”, explica Juliana. Se você pretende iniciar a prática de meditação na quarentena , lembre-se de que está fazendo para se conectar com o presente e se conectar com o seu interior. Essa é a iluminação que basta.