Tratada com desconfiança ao longo de anos, a musicoterapia comprovou benefícios no tratamento, reabilitação e prevenção de problemas de saúde, bem como na promoção do bem-estar dos pacientes, passando a ser oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em janeiro de 2017.
A música, hoje, já é peça central de diversos tipos de tratamento: para estimular o desenvolvimento infantil durante gestações, para reduzir dores crônicas em pacientes com câncer
, para ajudar na recuperação de pessoas que sofreram acidente vascular cerebral (AVC) e para elevar a autoestima e incentivar a socialização de idosos, por exemplo.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a musicoterapia estimula a fala, aumenta a criatividade, movimenta o corpo, exercita a memória, reduz sintomas de depressão e age na prevenção de doenças associadas ao aumento de idade e início de doenças crônicas.
“A musicoterapia é um campo de estudo que trabalha com a experiência musical das pessoas”, explicou, em reportagem publicada pelo iG , a musicoterapeuta Priscila Mulin, da escola de ensino musical Voice.
Trabalhar com a experiência musical das pessoas para promover o bem-estar é um dos motes do projeto pessoal que o baterista brasileiro Rennan Azevedo , de 28 anos de idade, planeja dar início nos Estados Unidos.
Rennan explica que seu intuito é utilizar a música como ferramenta de transformação de vidas, proporcionando às pessoas de todas as faixas etárias uma melhor qualidade de vida. A iniciativa busca também a diversidade e inclusão, coordenando aulas para pessoas com necessidades especiais.
A ideia é exercer, por meio da música, influência positiva na área emocional, psíquica, social e cultural dos participantes. “Por meio da música, é possível melhorar a socialização, o aprendizado, auxiliar na redução da ansiedade, reduzir o comportamento agressivo, ou seja, promover o bem-estar na vida das pessoas. Eu sei que é possível porque eu vivi isso e vi pessoas próximas viverem também. A música pode ser um instrumento de transformação e resgate”, conta.
Para o jovem brasileiro, que hoje vive em Orlando, na Flórida, sua própria história exemplifica como a música tem poder de cura. Baterista de bandas amadoras desde os 13 anos de idade (vindo a se profissionalizar aos 18), Rennan viu sua trajetória musical ser interrompida por uma fatalidade quando seu único irmão foi assassinado em um assalto, no Rio de Janeiro, o que o levou a uma depressão profunda.
Buscando forças para retomar sua rotina, Rennan Azevedo voltou a dar aulas de música para crianças, introduzindo esses jovens à experiência com instrumentos musicais, trabalhando em paralelo estímulos e desenvolvimento da percepção sensorial. Foi ali que ele diz ter encontrado o conforto e a força para reestabelecer o equilíbrio físico e mental.
“Perder o meu irmão foi o momento mais difícil da minha vida e encontrei na música um meio terapêutico para o tratamento da depressão. Com a minha mãe aconteceu a mesma coisa, ela sofreu um derrame cerebral que causou problemas de memória e de leitura, e tocar piano a ajudou a se recuperar de quase todas as sequelas causadas pelo AVC.”
Rennan voltou a tocar bateria, dessa vez com a banda de folk e pop Outro Eu, que ganhou visibilidade nacional em abril de 2016 ao participar do SuperStar, reality show de bandas da TV Globo, chegando à final do programa e conquistando a terceira colocação. O sucesso rendeu à banda um contrato com a gravadora brasileira Som Livre, duas músicas inclusas na trilha sonora das novelas da Globo “O Outro Lado do Paraíso” e “Tempo de Amar” e gravação de uma canção videoclipe com a cantora Sandy.
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Seguindo para uma carreira de reconhecimento internacional, Rennan Azevedo foi convidado a assumir as baquetas da banda americana de rock alternativo The American Love Story. Juntamente à banda e ao sonho de levar adiante seu projeto de musicoterapia , Rennan concilia um trabalho voluntário nas igrejas americanas Journey Christian Church e brasileiras Nova Vida e Renascer em Cristo, na Flórida.