A anorexia é uma doença em que a pessoa se olha no espelho e, não satisfeita com o próprio corpo, sente uma necessidade descomunal de emagrecer , nunca estando magra o suficiente. Por conta disso, portadores da doença chegam a parar completamente de comer e podem até morrer. Charlotte Stuart é uma sobrevivente e conta que exercícios físicos ajudaram sua superação.
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Hoje personal trainer, Charlotte começou a desenvolver anorexia aos 12 anos de idade. A doença fazia com que ela praticasse exercícios como corrida e caminhada por até seis horas todos os dias. Ela também não se sentava até a hora de dormir, na expectativa de que isso fosse ajudar no emagrecimento, bebia pouca água para “não inchar” e ingeria apenas uma refeição diária: uma pequena porção de grão de bico.
Chegando a pesar apenas 40kg, Charlotte ficava doente com frequência e começou a faltar muito na universidade. Por conta disso, ela recebeu um comunicado dizendo que teria de trancar sua matrícula e posteriormente refazer um dos anos do curso, visto que ela não estava em condições de continuar devido à saúde fragilizada. A mensagem chocou a jovem, que percebeu naquele momento que precisava mudar de vida.
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“É difícil saber o que realmente desencadeou o problema. Me pressionar para sempre ser melhor pode ser uma das causas, mas não acho que eu precise saber como a doença começou e, sim, focar em como melhorar”, contou ela ao tabloide britânico “The Sun”.
Olhando para trás, a jovem se lembra do quanto era exaustivo ser anoréxica. “Todos os dias pareciam ter a mesma rotina estruturada e se qualquer coisa saísse disso, era o caos. Você se sente como se quisesse ficar sozinha o tempo todo. Honestamente, eu não tinha nenhuma reação emocional a nada”, diz.
Caminho para a cura
Falando sobre sua cura, Charlotte, que hoje pesa 66kg, é personal trainer e halterofilista, afirma que, para querer melhorar, é necessário ter um ponto de ruptura, algo que choque o doente a ponto de que ele ou ela se dê conta do que está fazendo com o próprio corpo.
“Para mim foi ouvir que eu não poderia continuar meus estudos. O fato de que a doença estava interferindo na minha educação e me distanciando dos meus objetivos me fez pensar, ‘certo, eu preciso dar um jeito nisso’”, afirma.
Além de readequar a dieta e se submeter a um acompanhamento físico e psicológico com profissionais especializados, ter apoio dos amigos e da família é extremamente importante, segundo a jovem.
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“Mas não existe caminho certo para a recuperação, cada um é de um jeito”, argumenta, ressaltando ainda que a melhora no peso do anoréxico não é um indicador preciso de uma melhora psicológica - que é a mais importante, pois é o que garante que o paciente não vá retomar os antigos hábitos após a mudança física.
O “jeito” que ela encontrou foi fazer exercícios físicos, principalmente musculação, mas sem exageros, que mudaram a visão que ela tinha de um corpo saudável e bonito. A compreensão de que as mudanças e a melhora viriam aos poucos também foi importante.
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Para outros se recuperando da anorexia , Charlotte reforça: “nem todos os dias serão fáceis e tudo bem. Não tem problema ter recaídas, é só se recompor delas e continuar. É uma coisa linda você refletir e ver o quão longe chegou apesar de tudo”.