Na hora em que uma pessoa olha para o próprio corpo e percebe que quer emagrecer, logo pode pensar que deve cortar o carboidrato e a gordura da alimentação. Muitas vezes, estimulada pelas chamadas “dietas da moda”, essa pessoa acaba adotando uma dieta restritiva , que até gera perda de peso. Entretanto, será que a longo prazo este tipo de alimentação vai gerar resultados positivos?
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Nat Barros é body designer e nutricionista esportiva. Em 2016, ficou em segundo lugar na categoria Diva Model do WBFF (World Beauty Fitness Fashion), competição que ocorreu em Miami, nos Estados Unidos. Hoje, se prepara para mais uma competição fitness, que vai acontecer em junho. Durante a preparação, não tem jeito, tem de controlar alguns alimentos, principalmente carboidrato e gordura , então sabe bem como isso afeta seu organismo.
“A preparação para a primeira competição começou em fevereiro de 2016 e durou 10 meses. Como eu era bailarina e tinha uma massa muscular menor, precisava de uma massa muscular maior. Comecei essa preparação construindo massa muscular com etapas diferentes na dieta. Primeiro, comendo um pouco mais para construir essa massa e, depois, reduzindo, principalmente nos últimos três meses, para diminuir o percentual de gordura. Agora, estou entrando na fase final da preparação para minha competição em junho, e a dieta está cada dia mais apertada”, explica em entrevista ao Delas .
A body designer afirma que mantém um cardápio mais saudável quando não está se preparando para uma competição. Não existe uma fiscalização rígida em relação aos alimentos que consome ou a pesagem da comida, mas tudo muda nos meses que antecedem o evento.
“Aí, sim, eu preciso realmente pesar cada alimento que vou comer – arroz, frango, atum, peixe, batata – e ainda evito sair de casa para ir aos restaurantes, pois nessa fase não posso mudar o cardápio e teria de levar a minha comida.”
Qual a importância da gordura e do carboidrato?
A também nutricionista explica que o carboidrato é a fonte principal de produção de energia do corpo. Ao ser ingerido, vira glicose, e na redução ou falta dessa energia para o corpo, o organismo força o metabolismo a usar a gordura como fonte de energia. “Essa é uma das estratégias que usamos para perder a gordura mais para o final da preparação.”
Nos primeiro dias, Nat afirma que ficar sem carboidrato não é fácil, já que o corpo está habituado a usar a glicose e até mesmo prefere que a fonte de energia seja essa. “Na abstinência, o corpo sente, ficamos cansados nos primeiros dias, mas nos adaptamos, voltamos a sentir disposição para o treino ou o dia a dia. Agora, quando estamos próximo do campeonato, quando a quantidade de comida também diminui e os treinos continuam intensos, sentimos uma fadiga maior para treinar.”
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A gordura também é importante porque transporta as chamadas vitaminas lipossolúveis, que não são solúveis em água, como A, D, E e K. Além disso, explica a especialista, forma o colesterol, e os hormônios sexuais – testosterona e estradiol – são produzidos a partir do colesterol.
“Nós temos que tomar cuidados com o excesso. E dar preferência para as gorduras boas, insaturadas. Não é porque a gordura é dita como boa que pode abusar, sem contar que ela tem muitas calorias. Já o carboidrato é fonte de produção de energia para o nosso metabolismo, precisa ter na dieta até para evitar a perda da massa muscular. Mas, assim como a gordura, tem que saber o tipo de carboidrato que se coloca no prato e a quantidade.”
Nat afirma que o problema das dietas restritivas a longo prazo é que o alimento que não pode ser consumido acaba fazendo falta para o organismo e, principalmente, para nossa saúde.
“Não podemos sair criando dietas ditas como milagrosas achando que vai ser a solução. As dietas restritivas a longo prazo sempre vão causar prejuízos, pode ser no metabolismo, queda da imunidade, anemia, perda dos cabelos, unhas fracas ou perda de massa muscular, por exemplo”, alerta a especialista.
Pensando na restrição ao carboidrato, quando feita de forma radical e a longo prazo, pode ocorrer disfunção na glândula de tireoide, que regula todo o metabolismo. “Pode ocorrer disfunção dos órgãos, fazer com que eles funcionem menos, pois você não está colocando nutrientes necessários para as células daqueles órgãos funcionarem. Às vezes, precisamos de vitaminas do complexo B, minerais, como ferro, zinco e magnésio”, completa Nat.
“O que as pessoas procuram nessas dietas restritivas é o imediatismo, é emagrecer muitos quilos em pouco tempo. Isso gera um estresse no corpo, pois ele sempre tende a buscar aquele peso que está habituado. Aí você promove o emagrecimento, mas se não mantém por um período, o corpo vai voltar ao peso de antes. Tem de ir devagar, dia a pós dia.”
Mas afinal, o que é uma alimentação saudável?
Quando questionada sobre o que é comer de uma forma saudável de verdade, a nutricionista é direta: uma alimentação que vem da feira, que é natural, de produtos não industrializados.
“Os aditivos alimentares colocados pela indústria para conservar, dar cor, sabor e textura entram no nosso corpo como toxinas, como substâncias não próprias do corpo, então o corpo não reconhece aquela substância, não tem onde colocar ou encaixar. O que ele faz: elimina pelo fígado e rins.”
A especialista explica que é por isso que temos de ter um fígado “bem alimentado”. E tomar muito líquido – sem ser industrializado, é claro – é importante para que o rim ajude nessa eliminação.
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Uma alimentação saudável requer equilíbrio de nutrientes, não é fazer uma dieta só de proteínas, sem carboidratos, high fat, o corpo precisa dos três macronutrientes e de todos os micros (vitaminas e minerais).
“Sobre a contagem de calorias, por um lado não temos de ficar contando, mas pensar se a alimentação é nutritiva. Por outro lado, temos de fazer um controle do que ingerimos e do que gastamos, para que o corpo não armazene gordura”, completa a especialista. Seja na ingestação de gordura e carboidrato ou pensando em outra dieta, o mais importante é sempre o equilíbrio.