Ana Agostini tem 36 anos e é mãe de dois filhos. Ela diz que sempre foi magra e feliz com o próprio corpo. Quando chegou a idade adulta, a rotina corrida de trabalho, estudos e a vida de mãe resultaram em mudanças na balança. Ela chegou aos 104 kg e viu que precisava mudar. E a chave para isso foi a combinação dieta e app de exercícios.
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"Tinha uma vida sedentária e sofria de compulsão alimentar. O médico chamou a atenção para a minha saúde", comenta a empresária, que estava à beira da obesidade mórbida. Ela já tinha até tentado frequentar academia, mas diz que sempre desistia depois de três meses e achava os treinos massantes e repetitivos. Com a liberdade de treinar em casa, ao lado dos filhos, e em pouco tempo, ela virou adepta do app de exercícios.
No começo, foram 15 minutos de exercícios diários por um desses aplicativos, e Ana emagreceu 20 kg em oito meses. Ao longo de um ano de ativide, foram 40 kg eliminados.
Como funciona
Há diversos aplicativos desse tipo no mercado e, geralmente, ao se cadastrar, é preciso responder uma série de perguntas. Com base nisso, o app sugere um treino inicial. Aos poucos, os treinos ganham novos exercícios e mais intensidade e tudo varia de acordo com o objeto de cada um.
"O aplicativo oferece vídeos que mostram a execução dos movimentos. Além disso, ao final do treino há mais uma série de perguntas para que seja possível ver se teve fadiga, se a pessoa sentiu alguma dor ou desconforto. Com isso, o próprio programa faz uma correção para os próximos treinos", detalha Gabriel Oliveira, ex-atleta e representante do Freeletics no Brasil.
Essa atualização rotineira não deixa o treino monótono, reclamação de Ana e de outros frequentadores das academias. "Com o aplicativo, a gente tem uma série de desafios. Tem semanas e dias infernais que realmente tiram você da sua zona de conforto. Ainda mescla treinos de corrida, força e cardio", comenta Ana.
Quem pode usar?
Para Ana, a ideia do app funcinou por proporcionar que ela fizesse atividade física e ainda continuasse com o trabalho em casa e ao lado dos filhos. Ela conta, por exemplo, que aproveita o momento que leva os pequenos para o parque para se exercitar. Enquanto eles estão no balanço ou na caixa de areia, a mãe está ali do lado, fazendo burpees ou polichinelos.
Segundo Lana Pessoa, personal trainer e instrutora do Missão Fitness, qualquer um pode encarar essa rotina de exercícios. "Qualquer pessoa pode fazer desde de que não tenha restrições médicas e se sinta segura e confortável em realizar os movimentos, mesmo que de forma adaptada e mais lenta".
O ideal, como no caso de qualquer atividade física, é procurar um médico e fazer uma avaliação física antes. Com a liberação do especialista, seguir os exercícios é simples porque há essa interatividade com o aplicativo, que sugere os movimentos de acordo com cada aluno.
Risco de lesões
Um das preocupações de quem faz uma atividade em casa é se machucar, afinal, não há um professor ao seu lado para corrigir postura e execução. Também há a chance de exagerar um pouco. Por isso, é preciso escutar sempre o corpo e ter atenção redobrada.
"Para evitar lesões é necessário estar consciente durante o movimento. Evite fazer de maneira descontrolada sem pensar na execução", orienta Lana. "O ideal é observar os exercícios e replicar da forma mais parecida possível com o que vê e sempre ouvir as instruções. Se tiver um espelho grande para poder se ver melhor ainda!", ensina a personal.
Ela também dá dicas do que fazer caso note que há algo errado. "Incomodou aqui ou ali na hora do movimento? Reajuste sua postura, mantenha sempre o abdômen contraído. Caso ainda persista o incômodo, não faça aquele movimento por um período. Depois, faça novamente e se a dor persistir, consulte um médico".
Como se motivar e medir resultados?
Quem treina sozinho também precisa, geralmente, de mais foco e disciplina do que aqueles que vão para academia. Nesse caso, não há um professor esperando ou uma aula marcada. É você quem faz seus horários, por exemplo. Aí, fica mais fácil dar uma desculpa, dizer que tem mais coisa para fazer em casa do que os 15 minutos de atividade propostos pelo app de exercícios. Mas não vale desanimar!
"Encare sua atividade como um momento para cuidar de você, como se fosse seu trabalho mesmo! O processo no início dessa nova rotina pode não ser prazeroso, mas os resultados são incríveis", afirma Lana.
Ela tem algumas táticas que você pode seguir para não desistir no meio do caminho . "Defina um horário e coloque um alarme específico, com um som diferente! Assim que esse despertador tocar, vá, se jogue! Afinal, é muito importante ter um horário em sua agenda para a prática, assim não aparecem tantos imprevistos!".
Acompanhar os resultados é mais uma maneira de manter a motivação em alta. E nesse ponto, Gabriel e Lana sugerem a mesma ideia: fotos. "Antes de iniciar um programa, tire uma foto de frente, de lado e de costas, preferencialmente de biquíni. Use sempre o mesmo ângulo nas fotos seguintes ! Dica: faça a foto em uma parede branca, assim fica mais claro os resultados!", detalha a personal trainer. Gabriel ainda lembra que o ideal é tirar as fotos no mesmo horário, por o corpo muda ao longo do dia - pode, por exemplo, ficar mais inchado depois do almoço ou do jantar.
Alimentação também é fundamental
Apesar de os apps serem grandes aliados, sozinhos eles não mudam o corpo de ninguém. Para obter resultados é importante também pensar na alimentação. Ana fez isso e, com base em um cardápio indicado por uma nutricionista, passou a fazer uma dieta equilibrada. "Não foi só uma questão de comer ou não o que se gosta, mas de autocontrole”, comenta.
Como lembra a nutricionista Fabiana Dias Bellão, dietas malucas fazem mal para a saúde. E se a pessoa era sedentária e começou a fazer exercícios algum aplicativo, vai precisar de um cardápio equlibrado não só para emagrecer, mas para ter a energia adequada para a atividade.
Em linhas gerais, valem algumas regras: não malhar em jejum; apostar em alimentos ricos em fibras, como massas integrais e frutas, uma hora antes da atividade; consumir carboidratos para repor energia depois e também incluir proteínas na dieta.
Ainda é possível usar alguns termogênicos naturais , como chá verde, canela ou pimenta, que vão acelerar o metabolismo e ajudar na queima de gordura.
Parar? Nem pensar
Mesmo depois de ter eliminado os 40 kg e ter chegado ao corpo que buscava, Ana não parou com as atividade. Também com base no app de exercícios, ela decidiu se dedicar aos treinos de corrida e já completou uma meia maratona, prova de 21 km, em Campinas, no interior de São Paulo. Os planos são continuar com a dieta que aprendeu com a reeducação alimentar e seguir com os exercícios pela saúde, qualidade de vida e boa forma.