
Planejar uma gravidez vai muito além de apenas decidir engravidar. As transformações físicas e emocionais que acompanham a gestação exigem atenção desde antes da concepção. Especialistas destacam que estar preparada, tanto física quanto psicologicamente, aumenta as chances de uma gestação tranquila e reduz riscos para mãe e bebê.
Segundo a Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp), a consulta pré-concepcional é essencial. Nesse momento, o médico avalia fatores como idade, hábitos de vida, doenças crônicas e uso de medicamentos, permitindo corrigir situações que poderiam comprometer o desenvolvimento do feto. A Organização Mundial da Saúde (OMS) reforça que essa preparação é especialmente importante para mulheres com condições crônicas, como diabetes, hipertensão, problemas cardíacos ou distúrbios da tireoide.
No caso das doenças cardíacas, a atenção é ainda maior. Dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) mostram que problemas do coração são a principal causa não obstétrica de mortalidade materna no país, afetando cerca de 4% das gestações. Segundo a entidade, 40% desses óbitos poderiam ser evitados com maior conscientização e acompanhamento médico adequado antes da gravidez. Entretanto, apenas 32,2% das gestantes planejavam a concepção, e 64,9% receberam orientação sobre os riscos envolvidos.
Além do coração, os hormônios da tireoide também merecem monitoramento. Alterações podem aumentar o risco de aborto espontâneo, parto prematuro e restrição de crescimento fetal, entre outras complicações. Por isso, exames como TSH, hemogramas, sorologias e avaliações ginecológicas são recomendados antes da concepção.
Vacinas, suplementos e saúde mental
Manter o calendário vacinal em dia é outro passo crucial. Algumas vacinas, como as de varicela, rubéola, caxumba e sarampo, contêm vírus vivos atenuados e não podem ser aplicadas durante a gravidez. A ginecologista e obstetra Juliana Ribeiro recomenda a atualização do calendário imunológico ainda no período pré-concepcional para proteger mãe e bebê.
A suplementação de ácido fólico também é fundamental. O consumo diário de 400 a 800 microgramas, iniciado pelo menos um mês antes da concepção, ajuda a prevenir defeitos no tubo neural do feto.
A saúde mental não pode ser negligenciada. A ansiedade e as preocupações com o bebê, o parto e a adaptação à nova rotina podem afetar o bem-estar da gestante. A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) orienta a busca por psicoterapia e técnicas de gerenciamento de estresse, como meditação, ioga e exercícios de relaxamento, que contribuem para uma gestação mais saudável.
Estilo de vida equilibrado
Alimentação balanceada, prática regular de atividades físicas e manutenção do peso ideal são fatores que fortalecem o corpo para a gestação. Ribeiro recomenda dietas ricas em frutas, vegetais, proteínas magras, grãos integrais e laticínios com baixo teor de gordura. Evitar álcool, tabaco, drogas ilícitas e excesso de cafeína também é essencial, já que essas substâncias podem comprometer a fertilidade e trazer riscos ao bebê.
Com atenção a esses detalhes antes da gravidez, a gestante aumenta as chances de uma gestação segura, saudável e mais tranquila. Procurar acompanhamento médico próximo de casa, por exemplo, facilita consultas regulares e permite monitoramento contínuo durante todo o processo.