Com a chegada do Outubro Rosa, cresce a atenção à saúde feminina, especialmente em fases da vida marcadas por mudanças hormonais , como a pós-menopausa. Entre os desafios mais comuns nesse período está a apneia do sono, distúrbio caracterizado por interrupções na respiração noturna, que tende a se intensificar devido a alterações metabólicas e hormonais.
Um levantamento recente publicado na revista Climacteric apontou que 20,6% das mulheres nessa fase relatam algum tipo de problema de sono. A pesquisa envolveu 1.185 participantes, com idade média de 56,9 anos, índice de massa corporal de 26,5 kg/m² e 8,6 anos desde o início da menopausa.
Segundo a médica do sono e educadora física Sara Giampá, a redução do estrogênio nesse período provoca relaxamento da musculatura da faringe, facilitando o colapso das vias aéreas durante a noite .
“Além disso, o aumento de peso comum na pós-menopausa e o acúmulo de gordura abdominal elevam ainda mais o risco de apneia”, explica.
Riscos além do sono
Quando não tratada, a apneia do sono pode contribuir para o desenvolvimento de resistência à insulina, um dos principais fatores de risco para o diabetes tipo 2. As repetidas interrupções respiratórias durante a noite provocam hipoxemia, que desencadeia mudanças importantes no corpo:
Inflamação sistêmica
: aumento do processo inflamatório que afeta órgãos e sistemas.
Alterações hormonais
: impacto na produção de leptina e adiponectina, hormônios-chave do metabolismo.
Disfunção endotelial
: prejuízo na camada interna dos vasos sanguíneos, elevando o risco de doenças cardiovasculares.
“Essas alterações não se limitam à resistência à insulina. Podem gerar hipertensão, doenças cardíacas, AVC, depressão e até prejuízos cognitivos”, alerta Sara Giampá.
Como diagnosticar e tratar
O diagnóstico passa por avaliação clínica detalhada, exames de polissonografia e monitoramento do metabolismo. O tratamento, segundo especialistas, deve ser multidisciplinar.
“É essencial reunir endocrinologista, nutrólogo e educador físico para um plano individualizado. Alimentação balanceada e exercícios regulares são aliados importantes, ajudando no controle de peso, no metabolismo e na redução dos sintomas da apneia”, destaca a médica.
Hábitos que ajudam no dia a dia
Além do acompanhamento profissional, pequenas mudanças podem melhorar a qualidade do sono e o equilíbrio metabólico:
Alimentação saudável
: frutas, verduras e proteínas magras, evitando ultraprocessados.
Exercícios físicos
: aeróbicos e de força contribuem para reduzir gordura abdominal e fortalecer músculos.
Rotina de sono
: manter horários regulares e ambiente propício favorece o sono profundo e reparador.
A atenção à saúde feminina na pós-menopausa vai além do acompanhamento clínico: hábitos simples podem fazer diferença na qualidade de vida e na prevenção de complicações futuras.