
Mulheres que estão amamentando podem apresentar sinais inesperados, semelhantes aos da menopausa, como secura vaginal, dor durante o sexo e alterações nos tecidos genitais. A condição, denominada síndrome geniturinária da lactação, foi identificada em uma revisão publicada na revista Obstetrics & Gynecology , que analisou 65 estudos sobre o tema.
Segundo a pesquisa, mais da metade das lactantes (53,6%) sofre com secura vaginal, enquanto quase dois terços (63,9%) apresentam algum grau de atrofia vaginal.
Os sintomas estão ligados à queda nos níveis de estrogênio durante a amamentação, hormônio essencial para manter a lubrificação e a elasticidade vaginal. Esse desequilíbrio ocorre enquanto o corpo da mãe produz prolactina, responsável pela produção do leite materno.
Apesar de frequente, a síndrome ainda é pouco reconhecida e raramente identificada nos atendimentos pós-parto. Muitas mulheres associam os sintomas apenas à maternidade e acabam normalizando a dor, o desconforto ou a redução do desejo sexual.
Além de afetar a intimidade, os sintomas podem interferir no bem-estar emocional e na rotina diária. A revisão aponta que três meses após o parto, 60% das mulheres relataram dor durante a relação sexual. Esse índice cai para 40% aos seis meses e 28% após um ano.
Quase três em cada quatro mulheres apresentaram algum grau de disfunção sexual, avaliada por meio do Índice de Função Sexual Feminina (IFSFI), que considera desejo, excitação, lubrificação, orgasmo, satisfação e dor.
Tratamento seguro durante a amamentação
Embora ainda não existam diretrizes específicas, há opções de tratamento que não prejudicam o aleitamento. Entre elas estão lubrificantes no momento da relação, hidratantes vaginais de uso contínuo, ajustes comportamentais e fisioterapia pélvica. Em casos selecionados, é possível utilizar terapia hormonal local, sempre sob supervisão médica.
Outro obstáculo é o tabu em torno do tema. Estima-se que até 70% das mulheres não busquem ajuda.