A única mulher da história a sobreviver a um meteorito
Reprodução/University of Alabama
A única mulher da história a sobreviver a um meteorito

Em 30 de novembro de 1954, uma cena improvável marcou para sempre a vida de Ann Hodges . Aos 34 anos, a dona de casa americana vivenciou um episódio único na história: ser atingida diretamente por um meteorito enquanto cochilava em sua sala . O acidente, que parecia saída de um roteiro de ficção científica, transformou sua rotina tranquila em um turbilhão de fama, disputas legais e  repercussões pessoais duradouras.

Naquela tarde, Ann descansava após o almoço, ouvindo rádio, quando uma bola de fogo cruzou o céu, avistada por testemunhas em três estados. Um fragmento da rocha, com cerca de 3,6 quilos, atravessou o teto de sua casa, ricocheteou no aparelho de som e atingiu sua coxa, causando um hematoma considerável e uma queimadura. Outro fragmento caiu a cerca de três quilômetros de distância. Batizado de meteorito de Sylacauga, o objeto tinha aproximadamente 4,5 bilhões de anos, tornando-se um relicário do sistema solar primitivo.

O impacto imediato despertou atenção nacional. Jornalistas cercaram a residência de Hodges, enquanto especialistas analisavam a pedra e confirmavam sua origem extraterrestre. Para Ann, porém, a fama trouxe tensão: a dona de casa enfrentou crises nervosas e intenso estresse diante da exposição pública .

A situação complicou-se com a disputa pela posse do meteorito. O proprietário da residência argumentava que o fragmento deveria permanecer com ela, enquanto Ann defendia seu direito, alegando ter sido a atingida. A batalha judicial terminou em 1956 com Hodges recebendo uma indenização de 500 dólares (equivalente a cerca de 38 mil reais atualmente) e abrindo mão da pedra, que foi posteriormente doada ao Museu de História Natural do Alabama.

Apesar do valor científico e histórico do fragmento — que já foi exibido internacionalmente e avaliado em mais de 1 milhão de dólares antes de viagens internacionais —, Ann nunca se beneficiou financeiramente da pedra . Ela usou parte da indenização para reparar danos à casa e custear processos judiciais.

A vida de Ann, entretanto, nunca mais foi a mesma. O incidente deixou marcas profundas em sua saúde mental, culminando em episódios de pânico e, anos mais tarde, no divórcio do marido. Ann Hodges faleceu em 1972, aos 52 anos, vítima de insuficiência renal.

O fragmento que a atingiu, conhecido como Fragmento de Hodges, permanece em exibição permanente no Museu de História Natural do Alabama, enquanto outro pedaço do meteorito foi adquirido pelo Smithsonian. O episódio, lembrado por cientistas e pelo público, permanece como um raro encontro entre humanidade e cosmos — uma história de sorte, curiosidade e as consequências inesperadas da fama repentina.

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