Juliana Garcia dos Santos Soares , vítima de 61 socos desferidos pelo ex-namorado Igor Eduardo Pereira Cabral, foi homenageada na quarta-feira (20) durante a formatura do curso de Direito da Uninassau-Natal, no Rio Grande do Norte . A jovem, que sobreviveu a um ataque investigado como tentativa de feminicídio , recebeu a medalha Maurício de Nassau, honraria máxima da instituição.
*O texto aborda temas sensíveis, como violência doméstica e violência contra a mulher, podendo desencadear reações diversas em algumas pessoas
A entrega da medalha foi feita pelo reitor André Lemos Araújo, que destacou a força de Juliana diante da violência que chocou o país.
Durante a cerimônia, o reitor afirmou: “ Ela é uma mulher que ao ser ferida escolheu não permanecer silenciada ”. Em seguida, leu discurso em que classificou Juliana como símbolo de resiliência e exemplo de luta contra a violência de gênero.
“ Uma mulher cuja trajetória e a história toca a todos nós com a sua força indomável. Juliana enfrentou um dos episódios mais brutais de violência que a nossa sociedade já testemunhou. Um ataque dentro de um elevador no seu próprio condomínio. Ato este reconhecido como uma tentativa de feminicídio ”, declarou.
O discurso também explicou o impacto das imagens que mostraram a agressão registrada por câmeras de segurança. “ As imagens chocaram o Brasil e o mundo expondo a crueldade e o horror dessa violência que recaiu sobre a mulher indefesa ”, disse Lemos.
A própria Juliana agradeceu a homenagem. “ Sinto-me muito honrada com essa homenagem. Fico feliz em poder representar as mulheres de uma forma positiva e agradeço a toda solidariedade e esse prêmio que recebi ”, declarou após receber a medalha.
O caso ocorreu em 26 de julho, dentro do elevador de um condomínio em Natal . As câmeras flagraram Igor desferindo dezenas de socos contra Juliana, que saiu ensanguentada e com graves lesões no rosto.
O ex-jogador de basquete foi preso em flagrante no dia seguinte e teve a prisão convertida em preventiva. Ele está detido na Cadeia Pública Dinorá Simas, em Ceará-Mirim . A Polícia Civil apura o crime como tentativa de feminicídio.
Juliana passou por cirurgias de reconstrução facial e já divulgou imagens da recuperação. Ela relatou que ainda enfrenta dores, mas afirma que a maior luta é para transformar sua história em símbolo de resistência.
Casos de violência contra a mulher podem ser denunciados pelo 190 ( Polícia Militar ), 180 ( Central de Atendimento à Mulher ) e Disque 100, que recebe denúncias de violações de direitos humanos.