O stalker segue uma lógica perversa: só reconhece quem é maior que ele
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O stalker segue uma lógica perversa: só reconhece quem é maior que ele

O universo digital ampliou as conexões, mas também trouxe novas ameaças. Entre elas, está o stalking virtual, quando uma pessoa insiste em vigiar, perseguir ou invadir a privacidade de outra, muitas vezes se escondendo atrás de perfis falsos e comportamentos sutis.

A psicóloga Malena Veloso alerta que, na era digital, é comum confundir fantasia com realidade. “Muitos passam a acreditar que personagens das redes são pessoas reais e tentam levar essa relação para o mundo físico. É preciso compreender que a rede social é uma esfera própria e não confundir com a vida fora dela”, explica.

Como começam as perseguições

Segundo Malena, os  stalkers iniciam o contato de forma discreta, criando uma falsa confiança.

“Eles podem se mostrar dóceis, contar histórias tristes ou usar elogios para conquistar empatia. A vítima, por ser geralmente mais sensível, acaba se envolvendo sem perceber o risco.”

A psicoterapeuta Sara Vargas complementa que os perseguidores costumam buscar nas redes aquilo que lhes falta na vida real .

“Pode ser amizade, atenção, afeto ou até um amor idealizado. Muitas vezes foram rejeitados em outros ambientes, então projetam na vítima aquilo que acreditam que ela pode oferecer”, explica.

Ela própria relata ter sido perseguida durante oito meses por alguém com quem mantinha apenas contato profissional online.

“As vítimas podem ser qualquer pessoa: colegas, amigos, vizinhos, ex-companheiros ou até figuras públicas. A princípio eles parecem apenas querer atenção, mas quando perdem o controle, surgem as ameaças, como a exposição de fotos, mensagens abusivas ou tentativas de difamar a imagem da vítima” , conta Sara.

Sinais de alerta

Entre os principais indícios de stalking estão:

  • insistência em manter contato mesmo após recusas;
  • perguntas invasivas e tentativas de sondagem sobre a vida pessoal;
  • monitoramento de redes sociais e contatos próximos;
  • reações desproporcionais diante de pequenos limites.

“É importante observar como essa pessoa lida com barreiras simples, como negar um pedido de contato ou recusar um encontro. A reação pode revelar sua real intenção”, afirma Malena.

Consequências psicológicas

Os efeitos na saúde mental da vítima podem ser devastadores. Crises de ansiedade, medo de sair de casa e até ataques de pânico estão entre os sintomas relatados.

“O stalker planeja, insiste e mina a segurança emocional da vítima. Por isso, é fundamental vigiar e se proteger” , reforça Sara.

Malena destaca que, em alguns casos, esses comportamentos estão associados a transtornos mentais, como o dissocial, o narcisista ou até um subtipo do borderline.

“Muitos não reconhecem que são abusivos e, em certos casos, sentem prazer no sofrimento causado. A vítima precisa reunir provas formais, como boletins de ocorrência, para acionar a Justiça.”

Quando a fantasia vira perseguição real

A diferença entre stalker e perseguidor também precisa ficar clara.

“No ambiente online, ele persegue uma fantasia, uma máscara. Mas quando esse comportamento avança para a vida, já falamos de perseguidor, muitas vezes ligado a contextos de violência”, explica Malena. “Nem todo stalker se torna um perseguidor, mas todo perseguidor começou como stalker.”

Como se proteger
As especialistas indicam algumas medidas práticas para reduzir os riscos:

  • Mantenha conversas formais com pessoas que pareçam invasivas;
  • Não compartilhe dados pessoais, como endereço ou telefone;
  • Evite publicar em tempo real os locais onde está. Se possível, poste fotos e vídeos apenas após voltar para casa;
  • Reforce seus limites online, lembrando ao stalker que ele não conhece sua vida real;

  • Acione a lei sempre que houver ameaça ou tentativa de exposição da sua imagem.


Malena resume: 
“O stalker segue uma lógica perversa: só reconhece quem é maior que ele. Por isso, a intervenção da lei e da polícia é fundamental. O objetivo não é mudá-lo, mas garantir a proteção da vítima.”

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