O Dia das Mães
é marcado por momentos de afeto, alegria e homenagens — pelo menos para a maioria. Na contramão, há quem veja a data como símbolo de reflexão e saudade. Muitas vezes, por conta do luto
.
É o caso daqueles que perderam que perderam suas mães. O problema torna-se ainda mais prejudicial quando tratam-se de crianças . E a celebração, comum em escolas e redes sociais, reacende essa ausência.
Em paralelo aos colegas que cantam e dançam em frente às matriarcas, o pequeno vê apenas o vazio da principal cadeira da plateia. O mesmo com as dezenas de postagens nas mídias digitais, enquanto os sentimentos de tristeza e solidão são escancarados.
O tabu em torno da morte torna as coisas ainda piores. Ao iG Delas, a A psicóloga Mariana Clark, especializada em luto, destaca que o sofrimento infantil muitas vezes é silenciado pelos próprios adultos.
Os mais velhos, que muitas vezes não sabem lidar com a própria dor, também não conseguem abordar a temática com a criança — e muito menos entendê-la. Na maioria das vezes, o silêncio é visto como solução.
A especialista destaca a intenção de proteger a criança pode ter o efeito contrário : "Não falar sobre a morte pode aumentar a confusão e o sofrimento infantil. As crianças enlutadas precisam de um espaço de expressão".
Ainda de acordo com Clark, as crianças podem e devem comunicar seus setimentos por meio de palavras, desenhos, brincadeiras : "Ou até o silêncio, este também uma forma de comunicação”, diz ela.
A dor invisível
Na mesma linha, é comum, inclusive, que adultos evitem falar da mãe que morreu perto do filho órfão. Mais uma vez, a crença de proteção é justamente o oposto. Isso porque a criança também deve entender o luto e lidar com os próprios sentimentos.
"Precisa saber que é permitido sentir saudade, tristeza, raiva ou medo . Validar essas emoções é o primeiro passo para que ela possa elaborar a perda. O mesmo é esperado de um adulto, inclusive do adulto enlutado ao lado dessa criança, como o pai ou os avós", explica Mariana.
Para isso, Mariana recomenda rituais de lembrança. O método é uma forma de amenizar a saudade e tornar a data significativa para a criança enlutada, sobretudo em épocas festivas, como o Dia das Mães .
- Criar uma cartinha para a mãe;
- Montar um álbum de fotos;
- Conversar sobre momentos vividos;
- Acender uma vela.
"O luto não acaba, mas se transforma. E quando a criança encontra apoio para atravessar essa dor, ela desenvolve recursos emocionais que levará para toda a vida", finaliza Clark.