Educadora física desafia padrões e inspira inclusão no mundo fitness
Reprodução/Arquivo pessoal
Educadora física desafia padrões e inspira inclusão no mundo fitness

Com 20 anos de carreira, a educadora física Natália Mota, de 40 anos, enfrenta diariamente os desafios da gordofobia em um mercado que prioriza a estética. Apesar de sua vasta experiência e excelência profissional, ela ainda é preterida por alunos que buscam personal trainers com corpos considerados "ideais". Ela mede 1,66m e pesa 94 kg.

Natália sempre teve uma relação intensa com os exercícios, mas precisou provar sua competência muito mais do que colegas com corpos dentro do padrão. Criadora do perfil Saúde GG, no Instagram, Nati relata que, ao se formar, evitava academias grandes por medo de rejeição. Nas menores, enfrentou cobranças de alunos e colegas. "Toda segunda me perguntavam se eu tinha mantido a dieta no fim de semana", conta. Em uma ocasião, ouviu uma aluna dizer: "Personal tem de ser sarado. Se ela não consegue, como vai me ajudar?".

"Hoje minha relação com o exercício físico é de muito amor, talvez um amor exagerado até porque eu não me vejo sem o movimento. Os exercícios me fazem me sentir mais poderosa! Eu posso não ter a aparência considerada bela, mas sou confiante no meu corpo", reflete ao iG Delas.

Nati Mota
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Nati Mota


Representatividade e impacto social

Apesar das críticas, Nati se tornou referência para pessoas gordas que buscam se exercitar sem se sentir julgadas. Seu projeto Saúde GG incentiva a prática de atividades físicas independentemente do biótipo. "Muitas pessoas me agradecem por tê-las motivado a sair do sedentarismo. Isso não tem preço", emociona-se.

"Estou remando contra a maré, mas aprendi a lidar. Quero mostrar que pessoas gordas podem ser saudáveis e ativas", afirma. Ela destaca a importância da atividade física para a saúde mental e física, além de criticar a pressão estética no meio fitness.

"Teve uma época que cheguei a experimentar ir para a área escolar, mas vi que meu lugar é no fitness mesmo. Aos poucos fui tomando meu lugar de direito. Sei que sou boa no que faço, faço com amor e dedicação, e sei que terei alunos que irão me dar valor onde quer que eu vá", analisa.

Mudança de mentalidade

Nati Mota
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Nati Mota


Para Nati, a solução passa pela educação. "Crianças precisam aprender que corpos são diversos. Adultos também devem ser conscientizados, principalmente em academias", defende. Ela ressalta que alunos gordos não querem pena, mas respeito e treinos adequados a seus objetivos.

E complementa: "Profissionais gordos são tão capacitados quanto outros. Quem nos descarta por causa do corpo é quem perde". Sua mensagem é clara: "Não se esconda por ser gorda. Seu corpo merece movimento e cuidado".

"Os profissionais precisam ter o corpo dos sonhos porque, para muitas pessoas, exercícios são uma ferramenta para ter boa aparência. Nós nos tornamos vitrine. A verdade é que a maioria quer beleza a qualquer custo, até usando produtos que fazem mal à saúde. Sem saúde, não temos qualidade de vida. Precisamos desenvolver uma relação saudável com os exercícios, porque temos que fazê-los a vida inteira. Sinto muito pelos alunos e contratantes que querem medir nossa competência pelo nosso corpo. Eles que perdem com isso", ela conclui.


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