A influenciadora digital e ex-modelo Mariana Michelini, 36, compartilhou publicamente o drama vivido após uma harmonização facial que resultou na perda parcial do lábio e em uma série de complicações de saúde. O procedimento, realizado em 2020 por uma dentista em Matão (SP), foi feito com polimetilmetacrilato (PMMA) — substância não absorvível pelo corpo e proibida pela Anvisa —, embora ela afirmasse ter utilizado ácido hialurônico.
Mariana aceitou a harmonização em troca de divulgação, confiando na profissional, que já havia realizado um clareamento dental nela. Seis meses depois, porém, acordou com o rosto inchado e vermelho. A dentista foi contactada, mas não ofereceu soluções. "Eu não vi ela abrindo embalado na minha frente, mostrando nada", revela.
Após consultas frustradas com dermatologistas, um especialista de São José do Rio Preto (SP), identificou a presença de PMMA — material usado antigamente em procedimentos estéticos, mas atualmente proibido no Brasil para essa finalidade, devido aos riscos.
"Eu fiquei desesperada, eu achava que eu ia morrer. Eu só via no Google mulheres que tinham morrido com essa substância. Eu não dormia. Fiquei assim apavorada", lembra.
Por um ano, a influenciadora enfrentou inflamações crônicas, dependendo de corticoides e antibióticos. Quando o PMMA migrou para o buço, causando dores insuportáveis, foi encaminhada a um cirurgião plástico de Porto Alegre, que removeu o material — junto a parte do tecido afetado — em uma cirurgia complexa.
"Minha vida parou, minha vida social também parou, era do trabalho para casa de máscara, eu não saía do portão para fora sem a máscara. Após a remoção da minha boca, a dor saiu instantaneamente, foi um alívio. Eu nem me importei que eu estava sem a boca, eu só queria alívio", desabafa ao iG Delas .
Sem condições financeiras, Mariana recorreu a vaquinhas e rifas para custear a reconstrução labial com outro cirurgião, de Florianópolis. O processo, concluído em 2024, envolveu três etapas, incluindo um enxerto com tecido da língua.
"A primeira etapa foi ficar com a boca totalmente fechada, só com abertura lateral para um canudo", conta.
O processo, dividido em três etapas ao longo de 2024, envolveu um retalho da língua preso ao lábio para criar vascularização. Após cicatrização, o tecido foi reposicionado. Depois ajustes foram feitos para recuperar formato e mobilidade.
"Fiquei muito nervosa, desesperada. Como assim construir a boca com a língua? Trabalhei minha mente para ser positiva. Só tomava líquidos, foi um ano de paciência", relata.
Resultado da cirurgia de reconstrução labial
Com o lábio ainda sem volume total, Mariana encontrou na maquiagem uma forma de recuperar a confiança. "Tenho a maquiagem como minha aliada. Amo me maquiar, me sinto mais bonita. Uso lápis para contornar o lábio e gloss para dar volume", explica. Ela ainda passa por tratamentos com um dermatologista para melhorar as cicatrizes e planeja uma nova cirurgia de refinamento até o fim de 2025.
A influenciadora processou a dentista, mas o caso segue em aberto. Hoje, Mariana usa sua história para conscientizar. Apesar das cicatrizes físicas e emocionais, ela se declara renovada. "Não estou aqui para desencorajar procedimentos, mas para alertar. Peçam para ver a embalagem do produto sendo aberta na sua frente. O ácido hialurônico tem antídoto; o PMMA, não", enfatiza.