Desodorante aerosol
Reprodução/freepik
Desodorante aerosol

Uma menina de oito anos, identificada como Sarah Raissa Pereira de Castro, faleceu após inalar desodorante aerossol em um desafio viral nas redes sociais. O caso, que chocou a comunidade médica e levantou alertas sobre os perigos dessas "brincadeiras", foi acompanhado de perto pela médica Daniela Santa Rosa Queiroga, que emocionada gravou um vídeo para conscientizar pais e responsáveis.

Sarah participou do desafio e, após inalar o produto, sofreu uma parada cardíaca que durou cerca de 60 minutos. Apesar dos esforços da equipe médica do Hospital Regional de Ceilândia (HRC), a criança não resistiu e evoluiu para morte encefálica. No vídeo gravado na sexta-feira (11), a médica Daniela Queiroga, que atua na regulação de leitos de UTI, fez um apelo emocionado.

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"Uma menina de 8 anos, sem nenhuma doença, vai morrer por causa de uma brincadeira de mau gosto. É um absurdo!". Ela reforçou a importância de conversar com as crianças sobre os riscos desses desafios e monitorar o que elas acessam na internet.

A Polícia Civil investiga o caso para identificar como Sarah teve acesso ao desafio e quem o divulgou. Esse não é o primeiro incidente do tipo: em março deste ano, uma menina de 11 anos, em Pernambuco, também morreu após inalar desodorante em um desafio semelhante.


Por que o desafio é tão perigoso?

De acordo com especialistas, muitos desodorantes em aerossol contêm gases como butano, isobutano e propano, altamente tóxicos quando inalados. A psiquiatra Danielle Admoni, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), explica que a inalação dessas substâncias pode causar desde tontura e desorientação até arritmias cardíacas, asfixia e morte.

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"A via inalatória leva a substância direto para a corrente sanguínea, podendo causar uma parada cardíaca em minutos. Além disso, alguns produtos têm alto teor de etanol, provocando efeito similar a uma intoxicação alcoólica grave", alerta a médica.

Como proteger crianças e adolescentes?

Danielle Admoni ressalta que o diálogo é fundamental. Para ela, a melhor maneira de impedir que crianças e adolescentes se engajem neste tipo de comportamento de risco é criar um vínculo sólido desde a primeira infância. “É preciso conversar sempre e escutar de verdade, perguntar sobre como foi o dia da criança, contar do seu dia também, fazer atividades juntos etc”, afirma.

E também sempre orientar que ela vai ver bobagem na internet e que precisa contar quando assistir ou ler algo estranho nas redes. “E explicar que as pessoas de confiança são os pais, outros familiares e professores, e não quem eles veem na internet”, diz a médica. “Não podemos deixar uma criança tão nova sozinha com um celular na mão. Temos que parar e dialogar olho no olho, não adianta almoçar e jantar juntos e cada um ficar no seu celular”, acrescenta Danielle.

Onde denunciar?

Se você identificar conteúdos que incentivem desafios perigosos, denuncie às plataformas de redes sociais ou à Polícia Civil. 


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