Suzana Pires
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Suzana Pires

Atriz, roteirista e produtora, Suzana Pires afirmou que o mercado precisa se abrir para mulheres acima dos 40 anos e destacou como o envelhecimento ainda é visto de forma preconceituosa na sociedade e nas telas.

Em entrevista ao iG Delas , a artista considerou essencial romper com a ideia de que o sucesso tem prazo de validade. “Foi uma maluquice que inventaram. Essas listas, não sei o quê, Under30, daqui a pouco vão ter que fazer Under80!”, ironizou. Para Suzana, a experiência e a maturidade são insubstituíveis.

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Um exemplo, segundo ela é o prêmio Oscar, que segundo a atriz comprovou sua visão sobre o tema. “O Oscar deste ano foi quase que assim: ‘Susana, você tava certa’. Porque a nossa dramaturgia é o futuro do mundo. E eu não tenho o menor problema de dizer isso”, afirmou.

Suzana também criticou a maneira como o envelhecimento feminino é tratado nas relações sociais e nas leis. “Hoje, uma mulher, por exemplo, de 60 anos, numa fila de idoso, a gente dá risada. Vai ter que mudar esse negócio da fila de idoso, porque ninguém mais é idoso com 60”, declarou.

Suzana Pires
Sérgio Baia
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Ela reforçou que os limites impostos ao corpo e à inteligência da mulher não fazem mais sentido. “A gente não tem mais limite para um corpo feminino e principalmente para uma inteligência feminina hoje em dia. Porque a gente tá aí trabalhando muito, né?”, completou.

Aos 48 anos, Suzana celebrou a fase que vive. “Com relação à idade, eu tenho 48 e, mano, nunca estive tão maravilhosa. Pode escrever isso que eu não tô nem aí. Vocês vão achar que eu tô me achando ou não, porque eu me achei mesmo”, afirmou.

Suzana ainda afirmou que a felicidade e a autoconfiança vêm com o tempo. “30 você ainda tá toda insegura, 35 você tá: ‘Ah, será que eu vou conseguir?’. 48, amor, você já liga para o que vão te dizer”, disse. Para ela, chegar nessa fase é libertador.

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Sérgio Baia
Suzana Pires
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Ela também destacou a presença de mulheres maduras em seus projetos atuais. “Todos os projetos que eu tô têm mulheres dessa idade, 40+, muito experientes, muito fortes, muito honestas nas suas vidas”, contou.

Suzana afirmou que o mercado precisa rever o modo como enxerga o envelhecimento feminino. “Eu acho que todas as leis de negócio, esse negócio vai ter que ser revisto”, completou.

O espaço da mulher no audiovisual mundial

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Suzana Pires

Durante a conversa ao iG Delas, Suzana comentou o papel da mulher no audiovisual brasileiro e americano, uma vez que tem trabalhado em dois grandes projetos. Ela destacou as dificuldades de atuar em mais de uma função no Brasil e como a experiência foi diferente em Hollywood.

Suzana lembrou do desafio de equilibrar orçamentos na adaptação de "Charlie's Angels". “Hollywood é Hollywood, né? Então, o tamanho das coisas lá é gigante para gente”, afirmou. Ela explicou como buscou unir o padrão brasileiro ao americano.

A artista defendeu que roteiristas devem conhecer o set de gravação. “Tem que entender como que o caminhão chega lá, como que aquilo tudo é montado”, disse. Para Suzana, essa vivência ajuda a criar roteiros mais viáveis.

Nos Estados Unidos, ela se sentiu acolhida por atuar como roteirista e atriz ao mesmo tempo. “O fato de eu ser atriz, pra lá, não é estranho. Tem diversas atrizes roteiristas e produtoras em Los Angeles — eles, e quase todas são”, contou.

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Suzana lembrou que no Brasil a caminhada foi solitária. “Eu nadei numa piscina sozinha. Eu e duas outras, sabe?”, relatou. Ela contou ter sido confundida com uma homônima ao chegar como roteirista em reuniões de televisão.

Para a atriz, a diferença de tratamento é visível. “Não é esquisito o fato de você ser uma atriz com muita experiência de set e, às vezes, você ter que falar: ‘Ó, peraí, agora eu vou trocar o chapéu porque isso aqui vai levar o dia inteiro para fazer’”, explicou.

Ela reforçou a importância de reunir experiências geracionais dentro das produções. “Você precisa ter no manejo essas vozes. A voz de quem viveu a internet discada e a voz de quem tá vivendo o TikTok”, analisou.

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