No Dia Internacional da Mulher , histórias de superação e independência financeira mostram que o caminho para a autonomia pode ter diversas formas.
Enquanto muitas ainda enfrentam barreiras no mercado de trabalho tradicional, algumas mulheres encontraram no entretenimento adulto uma alternativa para conquistar liberdade e estabilidade financeira. No entanto, o preconceito persiste, tanto na sociedade quanto dentro de casa , tornando essa escolha um desafio diário.
Para essas mulheres, a venda de conteúdo adulto é mais do que uma fonte de renda: é um caminho para a independência e o empoderamento. Em entrevista ao iG Delas , mulheres que, disponibilizam seus conteúdos no Camera Prive, compartilham suas experiências, relatando como enfrentaram o julgamento e transformaram suas vidas.
Sabrina , mulher trans , encontrou no camming uma alternativa segura para trabalhar sem os riscos enfrentados por muitas trans nas ruas. Camming é a prática de usar uma câmera ligada à internet para interações que quase sempre têm um cunho sexual.
"Conheci o camming através de um amigo e vi nele uma oportunidade de trabalhar sem me expor ao risco das ruas, algo que muitas mulheres trans enfrentam. Antes, eu era operadora de telemarketing, mas encontrei nosso autonomia e segurança. O maior desafio foi o medo do julgamento, e, de fato, perdi amigos."
"Mas a independência financeira mudou minha vida: consegui acesso a cuidados médicos, investi na minha identidade e conquistei meu apartamento no centro de São Paulo. O camming fortaleceu minha autoestima e me permitiu viver de forma autêntica", conta.
Verônica também viu no setor uma chance de mudar sua realidade. "Eu conhecia o camming há anos, mas só decidi começar após estudar a fundo a plataforma. No início, tive receio, mas logo vi que poderia construir minha independência financeira e ter controle sobre meu trabalho."
"A maior transformação foi a segurança de pagar minhas contas, ajudar quem amo e cuidar dos meus animais. Quem acredita que mulheres no entretenimento adulto precisam ser ‘resgatadas’ geralmente nunca conversou com uma de nós."
Além da liberdade financeira, muitas destacam a possibilidade de controlar seus próprios horários e ter uma vida mais equilibrada. Nathalia Dias , que hoje é uma das profissionais mais bem-sucedidas da plataforma Camera Prive, reforça essa mudança.
"Trabalhar de casa sempre foi um sonho e, no camming, encontrei independência e liberdade. Antes, trabalhava no varejo com jornadas exaustivas, mas hoje posso viajar, visitar minha mãe e aproveitar a vida sem estar presa a uma escala rígida. No começo, tive receio do julgamento por não ter um corpo ‘padrão’, mas percebi que o sol brilha para todos. Sou Top 1 no Camera Prive e tenho orgulho da minha trajetória. Na campanha de Halloween, fiz mais de R$ 4.000 em um único dia, o que me motiva a continuar crescendo."
Ágata Kill, que encontrou na produção de conteúdo adulto uma forma de conciliar seu amor pelo exibicionismo com independência financeira, também enfrentou desafios, mas nunca se deixou abater. "Minha família estranhou no começo, mas me apoiou, e meus amigos sempre foram incríveis. Já lidei com preconceito, mas não baixo a cabeça – quem me julga não paga minhas contas. Essa profissão fortaleceu minha autoestima e me fez enxergar minha própria beleza e valor. Para quem acredita que precisamos ser ‘resgatadas’, digo que essa ideia invisibiliza quem realmente precisa de ajuda."
A história de Coven da Camming mostra como a decisão de ingressar na área pode estar ligada à busca por uma qualidade de vida melhor. "Conheci o camming após sair do meu antigo trabalho por burnout e logo me apaixonei. Antes, era farmacêutica e vivia exausta, sem tempo para mim."
"Hoje, tenho liberdade para trabalhar nos meus horários, viajar e investir no meu futuro. Minha família me respeita, mesmo sem compreender completamente, e meus amigos sempre me apoiaram. O maior desafio no início foi interno, com dilemas sobre aceitação e julgamentos, mas superei ao entender que o camming é uma escolha consciente", finalizou