Jornalista e Gascon
Reprodução/Instagram/Divulgação
Jornalista e Gascon

A atriz espanhola Karla Sofía Gascón, uma das grandes apostas do cinema em 2024, viu seu nome envolvido em uma controvérsia após a divulgação de postagens antigas nas redes sociais, que continham falas racistas, xenofóbicas e islamofóbicas. Curiosamente, quem trouxe à tona esses conteúdos não foi um internauta brasileiro, como se especulou inicialmente, mas sim a jornalista canadense Sarah Hagi, conhecida por seu trabalho no podcast Scamfluencers.

Sarah revelou em entrevista à revista Variety que, durante uma visita à família no Sudeste Asiático, se deparou com um tuíte recente de Gascón que a fez questionar as posições políticas da atriz. Ela começou então a investigar o histórico da artista, e encontrou postagens extremamente problemáticas, incluindo comentários pejorativos contra muçulmanos e outras minorias sociais. Essas publicações estavam ativas desde 2016 e, apesar de sua repercussão recente, passaram despercebidas por muitos até então.


"No início, não estava prestando muita atenção nela (em Karla Sofía). Mas sou naturalmente curiosa, especialmente quando se trata de figuras públicas e suas posições políticas. Vi, então, um tuíte em que ela usava a palavra 'islamista', o que me chamou a atenção. Não foi uma teoria da conspiração, pois faço isso com muitas celebridades. Apenas pesquisei um termo e o que encontrei foi chocante", disse Sarah.

"Por muitas razões, quis que isso chegasse a todo o mundo. Primeiro, esses tuítes não estavam escondidos. É impressionante que estejamos falando de uma das protagonistas de um dos filmes mais indicados ao Oscar e de uma pessoa que quebrou barreiras ao ser a primeira mulher trans a concorrer à categoria de melhor atriz. Dado esse nível de visibilidade, seria de se esperar que alguém de sua equipe, da Netflix ou da campanha do filme tivesse revirado suas redes sociais. Mas os tuítes continuavam lá. E não era apenas um comentário isolado — havia postagens sobre George Floyd e muitas outras questões. Para mim, isso demonstra arrogância: ou um sentimento de impunidade, ou a crença de que ninguém se daria ao trabalho de investigar", também argumentou.

"Karla Sofía Gascón teve todas as oportunidades para garantir que esses conteúdos não estivessem mais disponíveis. Campanhas para o Oscar custam centenas de milhares de dólares. Não estamos falando de alguém que caiu de paraquedas nessa indústria. Era uma estratégia calculada de um grande estúdio. Se não queriam que esses tuítes fossem encontrados, deveriam tê-los apagado. Eu apenas fiz a busca. Poderia ter sido qualquer pessoa. E, com uma pesquisa simples, encontrei tuítes explicitamente racistas", concluiu a jornalista.

Em resposta à polêmica, Karla Sofía Gascón se desculpou publicamente, reconhecendo a autoria dos tuítes e afirmando que não é a mesma pessoa de antes. A atriz, que foi indicada ao Oscar 2024 de Melhor Atriz por seu papel em Emilia Pérez, ressaltou que as postagens são de um período que já não reflete suas crenças atuais.

No entanto, a revelação dessas mensagens gerou uma divisão de opiniões. Alguns especularam que a divulgação tivesse sido orquestrada por estúdios para prejudicar a imagem de Gascón durante a corrida por prêmios, mas Sarah Hagi refutou categoricamente essa teoria, esclarecendo que sua descoberta foi fruto de uma investigação independente, sem qualquer influência externa.

A jornalista também fez questão de destacar que, para ela, a exposição de tais conteúdos é uma forma de promover a reflexão e o aprendizado social. Hagi afirmou que, ao se deparar com os tuítes, acreditou ser importante tornar a questão pública, principalmente pelo alto grau de visibilidade de Gascón como uma das protagonistas de um dos filmes mais indicados ao Oscar, e por sua posição de destaque dentro da indústria.

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