Algumas histórias são tão incrivelmente reais, que mais parecem ter saído diretamente das páginas de um livro, ou da tela do cinema. É assim que se pode descrever a inesperada história de amor de Jordan Hauenschild, uma jovem de 26 anos que vive em Queensland, na Austrália, e de Pitiuruk, um jovem indígena de 24 anos que vive na parte equatoriana da floresta amazônica.
Um dia Jornan gastando algum tempo pela página “Explorar”, no Instagram, quando se deparou com o perfil de Pitiuruk, e decidiu enviar uma mensagem para ele.
“Eu estava rolando a tela antes de dormir e me deparei com um homem lindo que estava postando um conteúdo incrível em um país sobre o qual eu não sabia nada”, disse Jordan em um vídeo no TikTok.
“Fiquei muito intrigada sobre como as pessoas ainda vivem esse estilo de vida e, até certo ponto, sabia que havia tribos na Amazônia, mas nunca tive tempo para aprender sobre isso. Cliquei na página dele e acabei enviando uma mensagem”, contou ela ao site australiano news.com.au.
Jordan disse que acredita que para viver os melhores momentos, é preciso correr alguns riscos. “Nunca se sabe, você pode acabar encontrando a magia que nunca soube que existia. Acontece que o meu fica do outro lado do mundo, em um país do qual nunca tinha ouvido falar e do qual não falo o idioma.”
Naquela noite, Jordan enviou uma mensagem direta a Pitiuruk, primeiro ela ressaltou o quão “lindo” ele é, depois explicou como adoraria aprender mais sobre a cultura dele.
Ela confessou que não esperava que fosse realmente receber uma resposta, mas que se sentiu atordoada quando aconteceu. “Eu não conseguia acreditar que alguém da selva amazônica, neste pedaço de terra exótico, simplesmente me respondeu. Para uma garota que vive uma vida ocidental no litoral de Queensland, que está sempre indo à praia, que mora em uma casa, conversar com alguém da Amazônia que mora em uma cabana, foi tão surreal.”
Os dois começaram a conversar, primeiro por texto, depois por videochamadas, nas quais explicavam mutualmente sobre seus respectivos modos de vida.
“Nossas conversas eram principalmente sobre nosso modo de vida, o que fazemos durante o dia, o que comemos, onde dormimos e simplesmente como vivemos”, disse Jordan. “Eu mostraria a ele meu quarto, o fato de termos um banheiro e meu quintal na frente e nos fundos – apenas as pequenas coisas. E ele me contava um dia de sua vida morando na Amazônia, o que é bastante único.”
A família de Pitiuruk vive em Puyo, na província de Pastaza, Amazônia, Equador, onde oferece visitas guiadas como uma forma de educar turistas sobre sua cultura ancestral.
Quatro meses de conversa
Jordan e Pitiuruk passaram quatro meses conversando quase todos os dias ao telefone, até que ela embarcou em um avião para a América do Sul. Ela deixou um emprego no escritório, reservou uma viagem com destinos ao Peru, Argentina e Brasil - além de combinar um encontro com o rapaz.
“Eu apenas disse a ele: 'Na verdade, posso ir conhecer você. Me chame de louca, mas podemos fazer isso'”, disse Jordan ao news.com.au.
Pitiuruk concordou com a ideia, sem pensar duas vezes, e trabalhou com sua família para planejar um itinerário para a futura visitante.
Depois de mais de 30 horas de voo e 5 horas de ônibus da capital de Quito, capital do Equador, até Guayusa Runa (onde vive a família de Pitiuruk), ela finalmente chegou.
“Quando o avião pousou em Quito, percebi a magnitude da situação – eu tinha agido por capricho com uma atitude de ‘por que não?’ e estava prestes a conhecer alguém que nunca tinha visto na vida real”, admitiu a jovem. Porém, assim que o viu pessoalmente, ela afirma que nunca havia se sentido tão à vontade - e não demorou para que desenvolvessem uma conexão romântica.
Chegando ao Equador
“Eu simplesmente não conseguia acreditar que ele era real”, disse Jordan. “Foi a minha primeira vez no Equador e eu só queria garantir que era realmente respeitoso, mas não consegui tirar o sorriso do rosto.”
Jornan passou duas semanas vivendo e aprendendo o modo de vida de Pitiuruk e, embora os dois não falem o mesmo idioma, ela disse que grande parte de sua conexão se baseia na linguagem corporal.
“Se a centelha existe, não importa se vocês não falam a língua um do outro. Nunca tive tal conexão com alguém onde eu soubesse exatamente onde estou. Quando cheguei, Pitiuruk havia trabalhado com sua família para planejar um itinerário de duas semanas para mim pela capital e depois pela região de sua casa (Pastaza).”
A dupla passou quatro dias na cidade e nas montanhas vizinhas. Jornan conta que precisou se acostumar com o clima, já que Quito fica bem acima do nível do mar, sendo conhecida como “Cidade nas Nuvens”, um familiar de Pitiuruk os levou de carro até a casa da família - onde ela conta que foi recebida de braços abertos. “'Nossa selva é a sua selva', eles me diziam.”
Vivendo o dia a dia na Amazônia
Jordan acordava todas as manhãs ao som de tambores, visitava fazendas locais, ajudava a família a cozinhar e mergulhava na natureza.
“Eles moram a cerca de 15 minutos de táxi da cidade mais próxima. E a cidade tem tudo que você precisa”, disse ela, explicando que para que a família de Pitiuruk mantenha a sua história e eduque as pessoas sobre o seu modo de vida, eles precisam abraçar o turismo.
“E a melhor maneira de fazer isso é por meio de plataformas de mídia social e estabelecendo uma presença online. Eles tiveram que se integrar para entender como usar a internet e criar um site para manter a maneira como vivem”, contou ela, destacando que a família não quer mudar nada na forma como vivem e são felizes como são.
Ela disse que Pitiuruk pretende um dia trabalhar e viajar para outros países, e sonha em conseguir trabalho como modelo indígena para promover e educar sobre sua cultura, e para sustentar sua família.
Conexão “mágica e inegável”
Jordan contou que durante sua estadia ela e Pitiuruk desenvolveram uma conexão “mágica e inegável” que até a chocou. “Honestamente, eu não tinha ideia de como seriam minhas férias, mas tudo que posso dizer é que foi cinematográfico”, disse ela ao news.com.au. “Tudo foi tão mágico quanto você pode imaginar. Foi melhor do que eu poderia sonhar.”
À medida que os dois aprenderam mais um sobre o outro, seus sentimentos também ficaram mais fortes. Porém, o tempo passou e Jordan teve que voltar para casa, na Austrália.
Quando ela compartilhou a história de amor no TikTok, não demorou para se tornar viral, e pessoas de todo o mundo começaram a compartilhar suas próprias histórias.
“Ele é deslumbrante! Ele simplesmente tem uma energia linda, suave, mas forte, linda, mas tão masculina. Ele exala vida. E você também é linda”, escreveu uma pessoa. “Estamos muito investidos agora. Não é a sua história de amor. É a nossa história de amor”, brincou outra.
"Eu fiz isso. Valeu 110% a pena e nunca pensei que ficaria tão feliz. Dê esse salto”, acrescentou uma mulher. Outra escreveu: “Tive uma experiência semelhante com um homem. Ele não falava muito inglês quando nos conhecemos e de alguma forma isso pareceu fortalecer nossa conexão. Vou buscá-lo no aeroporto hoje. O amor encontra um caminho”.
Jordan disse que está impressionada com todo o apoio que tem recebido das pessoas nas redes sociais e, para sua surpresa, uma empresa de viagens se ofereceu para financiar a próxima viagem dela ao Equador.
“Eles vão financiar meus voos, o que é simplesmente incrível. Quando contei a Pitiuruk, nós dois apenas choramos”, disse ela. “Recebi um e-mail dizendo que eles estavam investindo em nossa história e queriam nos ver reunidos. Nós dois estávamos chorando porque não esperávamos nos ver por mais ou menos um ano.”
Jordan e Pitiuruk concordaram que se arrependeriam se não tivessem tentado levar as coisas até o fim e, embora Jordan ainda não tenha decidido uma data de retorno, ela está lutando para se organizar, pois desta vez ela espera ficar com seu amado por alguns meses.