A influenciadora e ex-BBB Viih Tube relatou nesta sexta-feira (24) ter sofrido um descolamento de placenta, que começou com um sangramento intenso durante uma reunião. "Eu comecei a pensar que estava com medo de ir ver se era sangue. Eu fui ao banheiro, passei o papel e vi que era sangue. E era muito sangue. E aí eu vivi uma das piores sensações que eu já senti na minha vida. Fico pensando nas mães que passam por isso e deve ser muito difícil. Foi muito difícil passar por aquilo. Eu lembro que minha mão tremia e pensava: 'Não é possível'”, disse a influenciadora que está em sua segunda gestação.
Viih Tube relata sangramento durante gravidez: ‘Pior sensação da vida’
Viih Tube foi para a maternidade onde deu à luz sua filha Lua, realizou um ultrassom e confirmou que estava tudo bem com o bebê. Domingos Mantelli, ginecologista e obstetra, explica que o descolamento prematuro de placenta ocorre quando a placenta se descola do útero.
"Quando isso ocorre, é muito perigoso, porque você está descolando a placenta do útero e, consequentemente, tirando o aporte sanguíneo para o bebê, tanto de sangue quanto de nutrientes, quanto de oxigênio. Dependendo do grau do descolamento, se for muito intenso, pode interromper o aporte de oxigênio, levando o bebê à morte", alerta Mantelli.
Normalmente, segundo o médico, o descolamento prematuro de placenta tende a vir com sangramento vaginal e uma hipertonia uterina, ou seja, o útero fica duro e não volta ao normal, ele fica contraído de forma constante, causando bastante dor. "A dor, a hipertonia uterina, que é esse útero mais duro, ao contrário de sangramento vaginal, são os sinais que podem indicar um descolamento prematuro de placenta, o que requer uma intervenção imediata e o mais rápido possível, geralmente, culminando já com o parto, independentemente da idade gestacional, por trazer riscos não só para o bebê, mas também para a mãe, porque esse sangramento vai se acumulando atrás da placenta, forma um coágulo que libera a tromboplastina, isso pode infiltrar o útero e causar uma patologia chamada de cuveler", explica.
Esse útero de cuveler pode levar a um quadro onde a mulher, inclusive, pode perder o útero, então é um quadro severo, é um quadro grave, é uma emergência, tem que ser corrigida o mais prontamente possível. Normalmente, as pessoas que têm mais predisposição a um quadro descolamento são mulheres que têm hipertensão arterial, porque devido a picos hipertensivos, uma hipertensão não controlada pode levar a um descolamento prematuro de placenta.
"É importante se acompanhar com um pré-natal de alto risco, com médicos capacitados, que saibam como não apenas identificar os sintomas, mas realizar o tratamento de forma adequada, lembrando que em 20% dos descolamentos de placenta ocorrem sem sangramento vaginal, apenas com a hipertonia uterina e a dor, então nem sempre há sangramento, por isso a destreza do profissional que está acompanhando é primordial para um bom diagnóstico. O ultrassom pode ser que auxilie na identificação desse descolamento, mas lembrando que o diagnóstico deve ser feito de forma clínica e a intervenção imediata", sugere Mantelli.
Alexandre Pupo, ginecologista e obstetra, médico associado à FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), reitera que o descolamento de placenta é quando a placenta se solta da parede uterina antes de o bebê nascer.
"Quando o bebê nasce, depois de normalmente 15 a 30 minutos, a placenta naturalmente se solta da parede uterina no que a gente chama de processo de dequitação. Isso é o normal. Quando a placenta se solta antes de o bebê nascer, nós chamamos de descolamento prematuro de placenta. E isso tem algumas conotações mais graves. A placenta, na verdade, forma pequenos dedinhos que penetram na espessura da camada mais superficial da porção interna do útero, que é o endométrio. Então, quando a mulher engravida, o endométrio se espessa, o embrião se fixa no endométrio e começa a formar a placenta, que é um órgão do feto, e a placenta cria essas vilosidades e vai se conectando com todo o sistema vascular do endométrio materno. E aí, através das vilosidades da placenta e da interface entre ela e esses vasos sanguíneos maternos, que ocorrem as trocas entre o bebê e a mãe", detalha Puppo.
Quando essa interface é rompida, explica o ginecologista, você pode ter um afastamento, um descolamento entre a placenta e o endométrio, e isso faz, então, com que o feto pare de receber todos os nutrientes e oxigênio necessário para se manter vivo. "É uma situação de gravíssima, é uma situação extremamente grave, é uma situação onde o risco de morte fetal é muito elevado. Se a paciente já não está no hospital ou muito próximo dele, as chances de salvar o feto são baixas e o sangramento que advém desse descolamento prematuro de placenta é um sangramento tanto do feto quanto da mãe e pode ser extremamente volumoso, levando, inclusive, a risco de morte para a mãe", alerta.
Entre os principais fatores de risco estão a idade materna avançada, porque isso faz com que ela esteja mais sujeita a alterações de pressão, diabetes e outras que podem levar a um risco maior desse descolamento, desse rompimento da interface entre o útero e a e a placenta.
"A hipertensão, porque o excesso de pressão pode romper vasos sanguíneos ali nessa interface e provocar o descolamento. A infecção, a coriomionite, doenças relacionadas a vasculites, como por exemplo algumas doenças autoimunes, trombofilias também podem levar a isso. Trauma abdominal, obviamente um acidente de forte impacto no abdômen. Pacientes que estão usando anticoagulantes em doses mais elevadas ou que têm problemas de coagulação, como púrpura histopênica e idiopática, que derruba muito as plaquetas, o tabagismo acaba entrando porque pode comprometer a formação da placenta e se a paciente for uma diabética descompensada ou apresentar uma diabetes gestacional descompensada em que o feto cresce mais do que deveria e a velocidade de líquido amniótico aumenta muito, que nós chamamos de polidrâmio. Nesse cenário, o rompimento da membrana e o rápido esvaziamento desse líquido pode fazer com que o útero diminua muito de volume rapidamente e essa diminuição de volume pode fazer com que a placenta se descole antes da hora", explica Puppo.
A forma de reverter é imediatamente, com diagnóstico, realizar o parto, retirar a placenta e entrar com medidas para contrair bem esse útero, para estancar o sangramento. "Se isso não for suficiente, e dado o volume de sangue e a situação em que a mãe se encontra, uma situação extrema é a cirurgia para retirada do útero e, dessa forma, estancar o sangramento", avisa o médico.
Após uma situação como essa, obviamente, de acordo com o ginecologista, é preciso ser feita uma investigação adequada da mãe em todos os seus aspectos, avaliação de todos os fatores de risco que possam estar envolvidos, como trombofilia, diabetes gestacional, pré-eclampsia, hipertensão, alterações de coagulação do sangue materno, todas essas coisas devem ser avaliadas em detalhe e uma segunda gestação, caso venha a ocorrer, deve ser acompanhada muito de perto e com o máximo de cuidado para tentar reduzir ou eliminar todos esses fatores de risco para descolamento prematuro de placenta.
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