Hoje, 30 de janeiro, é comemorado o Dia Mundial da Não-Violência e Cultura de Paz, marcando a data do assassinato Mahatma Gandhi. Os reflexos da sua influência em todo mundo ainda são discutidos até hoje, principalmente nas mobilizações por causas políticas, ambientais e sociais que tratam de ações de violência com as outras pessoas e também com a natureza, como abuso de poder, desigualdade, racismo, homofobia e desmatamento, por exemplo.
No ambiente corporativo, Gandhi também traz lições importantes da Cultura de Paz. De acordo com Carine Roos, especialista em diversidade, equidade e inclusão e mestre em Gênero pela London School of Economics and Political Science - LSE e CEO da Newa, consultoria de impacto social que atua no desenvolvimento de organizações por meio do diálogo, colaboração e respeito, há três reflexões que podem ser colocadas em prática como ferramenta de mudança para qualquer ambiente, principalmente o de trabalho:
1 - Tolerância
Criar uma cultura de compaixão e empatia é mais do que nunca necessária. Vários estudos mostram que a liderança compassiva ao mesmo tempo é assertiva no sentido de buscar resultados e, também, humana pois busca entender o que seus colaboradores estão precisando. “Se de um lado, tem as cobranças, do outro tem o acolhimento, a dimensão da humanidade de reconhecer que as pessoas passam por desafios e devem integrá-los dentro da rotina de trabalho. Afinal, não existe um lado profissional e um pessoal. Se um colaborador está com alguém doente em casa, isso pode afetar o trabalho dele, e quando Gandhi fala sobre tolerância mútua, podemos trazer para o ambiente corporativo no geral, mas principalmente na relação do líder para o liderado”, explica a especialista. A Newa acabou de lançar um e-book que traz melhorias importantes que as empresas podem focar para promover líderes mais humanos.
2 - Autonomia
“Que importância faz se seguimos por caminhos diferentes, desde que alcancemos o mesmo objetivo?”. Essa é uma das frases mais famosas de Gandhi, e pode ser colocada em prática para abordar a importância da autonomia dos colaboradores no trabalho. Ou seja, mostrar a importância de cada pessoa para o sucesso da empresa é tão fundamental quanto fomentar assuntos importantes como saúde emocional, direitos humanos e DE&I. Líderes humanizados desenvolvem e consolidam práticas estimulantes e respeitosas, considerando a integralidade das pessoas, sua necessidade natural de conciliar diferenciação e integração para o crescimento. “Desde o momento da contratação é necessário pela preocupação de situar as pessoas certas no lugar certo, fazendo acordos de desempenho bem alinhados às suas forças autênticas, dando-lhes voz e protagonismo, mantendo uma comunicação honesta, transparente, dialógica, empática, consistente, e investindo continuamente no florescimento humano. Mantenha a prática de feedbacks constantes e de ressaltar as boas práticas em reuniões periódicas para que todos possam se sentir realmente fazendo a diferença”, reforça Carine.
3 - Coletividade
Se organizações não conhecem a realidade de seus trabalhadores, dificilmente conseguirão desenhar políticas afirmativas para corrigir desequilíbrios, ou ainda fazer avaliações mais sérias sobre o andamento de políticas e programas em questão que levem em conta a equidade racial. Quando as companhias possuem uma análise informada pela interseccionalidade é demonstrada a sua interdependência com as categorias de gênero e classe e, por consequência, ações afirmativas mais eficazes são implementadas. Muitos estudos têm apontado que quando há diversidade na alta liderança, de pelo menos 30%, há uma maior aceleração nas políticas afirmativas e um compromisso inegociável com a diversidade e a inclusão.
“Outra frase de Gandhi que gosto muito retrata a mudança de pensamento do mercado de trabalho. A liderança, no passado, já significou músculos, mas hoje é ficar junto com as pessoas. Coletividade não é só na teoria, mas é também promover ações principalmente de diversidade, com a promoção de equidade de gênero, por exemplo. Esta é uma prática que busca redistribuir recursos melhorando as condições de vida de grupos minorizados, em especial, aqueles que estão na base da pirâmide nas organizações como as mulheres negras”, explica a CEO.