Vanessa Lopes está fazendo tratamento psiquiátrico
Reprodução: Flipar
Vanessa Lopes está fazendo tratamento psiquiátrico

O perfil oficial de Vanessa Lopes no Instagram divulgou, na tarde desta sexta-feira (26), um boletim médico, no qual afirma que a ex-participante do BBB 24 está internada em sua própria casa e vem passando por um tratamento psiquiátrico , com visitas diárias do médico que cuida de sua saúde mental. Ainda no confinamento, Vanessa começou a dar sinais de que algo não ia bem, até que desistiu de participar do reality show. 

Luiz Scocca, psiquiatra pelo Hospital das Clínicas da USP, membro da Associação Americana de Psiquiatria (APA), diz que o surto psicótico ficou bastante em evidência por conta do que aconteceu com a Vanessa Lopes no Big Brother Brasil.

"Psicose não é uma doença por si, ela é uma síndrome, um conjunto de sinais e sintomas, nós vamos descrever esses sinais e sintomas, e que podem acompanhar várias doenças e várias situações vivenciais. O que acontece é que existe uma perda de contato com a realidade, uma pessoa durante um surto psicótico tem pensamentos e percepções perturbados em relação ao ambiente, ao que está vivendo e a si mesmo", explica o médico.

A pessoa pode ter dificuldade de reconhecer o que é real e o que não é. "Essas pessoas têm alguns sinais que a gente, como eu disse, formam a síndrome. Então, alguns deles, eu vou citar com mais detalhes agora. O mais interessante aspecto do surto psicótico é a própria ansiedade. A pessoa fica extremamente ansiosa. Porque, aí vem o segundo sinal extremamente importante, ela passa a ter uma suspeita, uma ideia paranóica ou um desconforto em relação a outras pessoas ou ao ambiente em que está, mas com muita frequência a outras pessoas", diz Scocca.

O médico esclarece que a pessoa passa a ter dificuldade de pensar com a lógica e a clareza que normalmente pensaria. "Ela passa a se retirar socialmente do ambiente social e passa a realmente a se isolar. Há um desejo enorme de ficar ensimesmada. Ela passa a ter ideias incomuns e intensas, sentimentos estranhos ou falta de sentimentos. Alguns descrevem como se tivesse roubado os meus sentimentos", detalha.

Com o passar do tempo, a gente não vê possivelmente isso na Vanessa Lopes, há um declínio no pragmatismo da pessoa de se cuidar, de ter higiene pessoal. "Há uma perturbação do sono eventualmente. Há uma dificuldade até mesmo de falar, a própria fala fica confusa, a comunicação fica confusa. Nós vimos no dia, realmente o que aconteceu com ela nos parece um surto psicótico do jeito que tudo ocorreu. Há suspeita de que ela está fingindo. Ela teria que ter treinado e conhecido muito bem o quadro porque realmente se ela interpretou ela fez direitinho. Parece que ela foi avaliada por um dos maiores profissionais de psiquiatria que o Brasil tem, ele é até nosso presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, então ela está em muito boas mãos e nós desejamos realmente que ela tenha um breve restabelecimento", analisa. 

O que acontece, continua o médico, é uma queda repentina no desempenho do trabalho, ela parou de postar e é bom para ela isso. "Embora a gente às vezes nem perceba que já está acontecendo, isso é um dado importante. Muitas vezes a pessoa já está em surto psicótico e às vezes passa até um ano com alguma coisa psicótica e, no entanto, as pessoas não percebem... 'Ah, porque ele é meio doidinho, ela é meio doidinha, ela é sempre assim, mas ela está fazendo as coisas, ela está conseguindo fazer as coisas', mas ela já está tendo sintomas e sinais que pertencem a essa síndrome que eu estou descrevendo, que é o surto psicótico. Então isso pode acontecer, sim",  diz Scocca. 

"Veja que estes sinais, estes sintomas, como eu tinha dito logo no começo, o mais importante é a ansiedade. Mas ela pode incluir outros sinais. O controle das emoções fica difícil. A gente lembra do momento que ela estava com muita dificuldade de se controlar emocionalmente. Ela fazia interpretações delirantes a respeito dos fatos. Um fato para ela, então, a pessoa, ela é atriz. Então ela diz, "olha, na minha profissão, eu sou atriz, eu também sou. E aí, a interpretação é, vocês são atrizes, vocês são artistas, que estão aqui fingindo, mas eu já estou sacando o que está acontecendo."", pontua o médico.

"Nesse momento, ela faz uma interpretação delirante de uma coisa que, na verdade, é corriqueira, é apenas a profissão da pessoa. Às vezes é assim. Às vezes a pessoa, só houve umas pessoas falando ali no canto, já estão falando de mim. Então, essa é a descrição da paranóia, "olha, estão falando de mim, estão querendo me prejudicar." No caso do BBB e das regras do jogo, daquela experiência social, ela facilita esse tipo de coisa quando a pessoa tem propensão, porque isso também é importante."

Quando que acontece o surto psicótico?

"Realmente acontece em várias situações. Muita gente se pergunta do diagnóstico dela. Podem ser vários diagnósticos. Pode ser o começo de uma esquizofrenia. Mas pode ser que ela tenha realmente um transtorno bipolar. Mas pode ser simplesmente pelo aumento da ansiedade que fez com que ela perdesse o contato com a realidade e entrasse nesta crise. Ela pode ter, vamos dizer, essa tendência a responder com psicose, uma situação de estresse extremo. Embora ela seja uma ótima artista, ela realmente tem um discurso muito cativante no TikTok. Ela tem as danças também, então ela é muito extrovertida. Então, às vezes, parte da fala parece muito coerente. Mas o momento que a gente viu, a gente viu a perda desta coerência. Então, o funcionamento geral dela ficou totalmente prejudicado. E isto também é parte da síndrome toda."

Há  muitos estudos que mostram que as pessoas que tem um diagnóstico de sintoma psicótico, de surto psicótico, às vezes já tem há mais de um ano algum sintoma psicótico, mas que passa despercebido pelos pares e pela família. 'É claro que nós queremos reduzir ao máximo esse tempo, porque quanto mais cedo se trata a psicose, isso é fundamental. Todo o tratamento, quanto mais precoce, às vezes até em criança, a gente tenta fazer o diagnóstico precocemente, para poder haver uma recuperação mais plena e dependendo do transtorno que a pessoa tem, e que está gerando a psicose, que seja abordada desde cedo", alerta o médico. 

Se Vanessa tem transtorno bipolar, quanto mais cedo melhor. Se tem esquizofrenia, quanto mais cedo melhor. "Porque nós adiamos o aparecimento de surtos piores, de situações piores, e que vão realmente assim incapacitando a pessoa. Por ora, esses transtornos que a gente está citando, eles têm tratamento, é possível mitigar a gravidade da doença. Esquizofrenia é uma doença que não tem cura, nem o transtorno bipolar, mas tem controle. A pessoa pode não ter sintomas ou pode ser reintegrada socialmente. Então, quanto mais cedo isso é feito, tanto melhor", recomenda.

O tratamento inclui muitos elementos. "Ela pode incluir, primeiramente, medicamentos antipsicóticos. Existem diferentes medicamentos antipsicóticos com efeitos colaterais diferentes. A gente também se preocupa muito com isso, em tratar a pessoa com o mínimo possível de efeitos colaterais, escolhendo então o melhor medicamento. Se ela tem um quadro depressivo, depressão pode gerar também surtos psicóticos, trataremos com antidepressivos. Se ela tem um transtorno bipolar, nós vamos tratar com medicamentos que estabilizem o humor dela e que a atirem do estado em que ela se encontra. Se ela está em euforia, em mania, como se chama, ou se ela está em depressão, nós também agimos assim. E se se trata de uma resposta a um aumento de ansiedade, ela poderá até usar antipsicóticos, o produto psicótico exige o uso de antipsicóticos, se ela estiver muito ativa. Não é que a pessoa não saia, mas eles facilitam bastante a saída, eles aceleram o processo. Então deve ser tratada", explica.

"No caso dela, ela deve ser tratada. E realmente está sendo. Mas o tratamento inclui, então, frequentemente outras coisas. Então, o apoio psicológico é fundamental. Há psicólogos, terapeutas, que são especializados até nesse sintomas psicóticos. Mas esse apoio, de qualquer forma, deve ser feito pelo próprio médico, com consultas constantes ou por uma equipe de psicólogos para a realização de outros trabalhos que ajudem a pessoa, tanto ao sair do surto como depois aderir ao tratamento do problema que ela eventualmente tenha", esclarece o psiquiatra.

É melhor tratar em casa ou é melhor internar? "Realmente depende, depende muito. Se a estrutura da casa for boa, se a estrutura familiar for adequada, se há pessoas que vão se revezar no cuidado, se a pessoa ficará melhor em sua casa, é perfeitamente possível estar em casa. Mas, veja, ela estará em uma internação domiciliar. Às vezes isso não é possível, não é possível ter essa estrutura toda na casa com os familiares, às vezes trabalham, às vezes simplesmente não conseguem isso ou às vezes a casa não é adequada, né? Sei lá, mora no vigésimo andar e não tem proteção suficiente. Aí é melhor que ela esteja realmente internada. A internação tem algumas vantagens do ponto de vista da proteção do paciente e dos diagnósticos necessários para esclarecer porque que ela desenvolveu essa psicose e também da introdução de medicamentos. Mas é perfeitamente possível fazer em casa, se houver essa estrutura", conclui. 

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