Pessoas manipuladoras sempre hão de pintar por aí. Homens, mulheres, héteros ou lgbts. Historicamente, as mulheres são mais afetadas por relações abusivas em função da estrutura social.
O combate a esse tipo de violência começa pela consciência de que todos podem, em algum momento, reproduzir machismo, xenofobia, capacitismo, homofobia, body shaming, etc. Enquanto esses abusos forem normalizados, fica difícil identificar as micro macro agressões.
O comportamento manipulador do Nizam não nasceu dentro da casa do BBB, mas sob pressão ele pode ter se acentuado. Raquele parece ser bem resolvida, emancipada, segura de si, mas diante 5 homens, compreensivelmente, ficou difícil segurar a pressão. Wanessa Camargo, vegana e com papo progressista, vem mantendo uma postura neutra para não se indispor com os colegas. A diva pop identifica no Davi um comportamento “agressivo”, mas não enxerga a red flag nos atos e falas do pagodeiro Rodriguinho.
Pelo viés cognitivo, cada um enxerga e interpreta o que consegue ou que convém. Comportamentos antigos e cristalizados se manifestam mais facilmente e é por isso, que o senso de presença e uma consciência desperta são fundamentais. Elas ajudam a identificar mais facilmente esses ruídos, as elofências e as violências que compõem o “machismo estrutural”.
Estamos em pleno janeiro branco e essas questões impactam na saúde mental de todos. Homens precisam identificar seus privilégios, héteros precisam rever seus discursos e expressões homofóbicas, sem a desculpa de que é gíria ou hábito. Desta forma, mulheres como a Alane conseguirão se apropriar do seu poder e reagir frente às opressões e manipulações.
Vale lembrar que o programa não tem como objetivo disseminar condutas de florescimento e muito menos estimular a saúde mental das pessoas. Mas, os últimos acontecimentos, expõe como os atritos sociais geram medo, silenciamento e opressões. Na outra medida, destaco que precisamos tornar os embates intelectuais sempre bem-vindos, pois eles ajudam a rever preconceitos, lapidam relações, estimulam o autoconhecimento e o desenvolvimento individual e coletivo.
Em menos de uma semana, o BBB já trouxe inúmeras questões para serem avaliadas, estimulando a todos a sair do piloto automático e se conectar com comportamentos genuinamente afetivos, humanizados e empáticos. Pessoas manipuladoras podem ser boas e pessoas boas podem errar. A vida vai além do “preto e branco” e acontece numa cartela interminável de cores.
Continue dando uma espiadinha na casa, mas lembre-se sempre de olhar com profundidade para dentro de si.