Há algumas edições que o BBB deixou de ser apenas um Reality de entretenimento. Podemos dizer que, “A casa mais vigiada do Brasil” tem apostado na representatividade e nos auxiliado a refletir questões importantes na nossa sociedade, como: o racismo, a desigualdade social, o machismo, a misoginia, a intolerância religiosa e outras. E surge uma polêmica fala carregada de machismo e misoginia do cantor Rodriguinho em relação à modelo Yasmim Brunet. Em uma habitual resenha masculina, o mesmo disse as seguintes palavras: “Ela é bonita, mas já foi melhor. Agora está mais velha...Eu acho o corpo dela estranho...Largou de mão...Ela comeu um pacote inteiro de bolacha com requeijão...Não é loira de verdade...”.
Falas pesadas que reforçam uma prática vulgar e comum de julgar o corpo das mulheres a todo momento. Um reflexo de uma sociedade ainda, bastante machista e etarista que, muitas vezes, diminui a mulher ao seu corpo, motivada por fatores, como: a influência da mídia, os padrões culturais e sociais, pressão social em torno do envelhecimento, além de questões de poder e controle. E em um reality show, com mais de 100 câmeras ligadas, fica difícil mascarar os sentimentos, as intenções e os aspectos manipuladores da personalidade de cada um. Isso porque, as máscaras, depois de alguns dias de confinamento, tendem a cair.
As estatísticas de atendimento apontam o alto número de mulheres que buscam terapia por se sentirem rejeitadas pelos parceiros porque engordaram após a maternidade, envelheceram ou não conseguem ter mais tempo para um maior autocuidado com a imagem e beleza, pois tiveram que ocupar quase que todas as horas de seus dias em empregos exaustivos, ou duplas jornadas, para mostrar a esses homens que elas são capazes de também se manter no mercado de trabalho. Com isso, percebemos o quão adoecidos emocionalmente estamos.
Além disso, a mídia frequentemente retrata as mulheres de maneira superficial, enfatizando padrões irreais de beleza e criando expectativas inatingíveis. O que pode levar alguns homens a internalizarem esses padrões e a julgarem as mulheres com base em critérios superficiais. Já que em muitas culturas, as mulheres são vistas como propriedade ou como objetos de desejo, em vez de serem reconhecidas como indivíduos completos com suas próprias capacidades e personalidades. Esse tipo de comportamento gera consequências sérias na saúde física e mental da mulher que é julgada e cobrada por perfeição, levando ao estresse resultante da pressão para atender a padrões de beleza irreais como: distúrbios alimentares (anorexia e bulimia), além de causar problemas de autoestima e imagem corporal (intervenções estéticas invasivas desnecessárias).
Enfim, faltou responsabilidade afetiva, bom senso e respeito. Os apontamentos feitos por Rodriguinho em relação à Yasmin, se não houver interferência, independente do ambiente, não apenas no BBB24, pode afetar a autoconfiança das mulheres, levando a um ciclo de pensamentos negativos sobre si mesmas, desenvolvendo uma série de transtornos psicológicos como ansiedade e depressão, prejudicando seu bem-estar geral. Isso vai se refletir em diversos aspectos da vida, incluindo relacionamentos pessoais e profissionais. Ou seja, é preciso reconhecer que esse tipo de comportamento é prejudicial e inaceitável. As mulheres, ou qualquer ser humano, não são mercadorias a serem avaliadas em uma prateleira, e merecem ser tratadas com respeito e dignidade, independentemente de sua aparência ou idade.