Empresas lideradas por mulheres recebem menos investimento
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Empresas lideradas por mulheres recebem menos investimento

Nos últimos dois anos, frente ao desemprego e a instabilidade causados pela pandemia de covid-19, muitas mulheres precisaram criar suas próprias oportunidades profissionais. No dia 19 de novembro, celebra-se o Dia do Empreendedorismo Feminino e, apesar dos números crescentes, as mulheres ainda enfrentam desafios para empreender no país.

A participação de mulheres no mercado corporativo cresceu de maneira visível nos últimos dois anos. Somente no Brasil, são mais de 10 milhões de empreendedoras, mas muitas ainda precisam lidar com discriminações — principalmente as oportunidades de investimentos em seus negócios. O cenário fica ainda mais injusto, visto que empreendimentos liderados por mulheres possuem menos aportes, mas apresentam melhores resultados.

É o que mostra um levantamento do Boston Consulting Group que considerou 350 startups — 258 criadas por homens e 92 fundadas ou co-fundadas por mulheres. Em um período de cinco anos, as startups criadas por homens recebem mais que o dobro de aportes, mas a receita gerada foi cerca de 10% menor que a das mulheres.

“O ambiente empresarial apresenta desafios para ambos os gêneros, mas para as
mulheres, em particular, as barreiras tendem a ser mais significativas”, explica Jennifer Chen, CEO da JC Capital e especialista em captação de investimentos. “Elas frequentemente recebem questionamentos relacionados à rotina familiar, filhos e à capacidade de conciliar efetivamente a vida pessoal com a profissional”, explica.

Segundo a empresária, é preciso realizar um esforço conjunto para que essa realidade mude. “Este tipo de comportamento está diretamente ligado a questões culturais e sociais construídas”, afirma Jennifer. “Já temos dados que demonstram os resultados positivos do empreendedorismo feminino na sociedade, só nos faltam as oportunidades”.

Negócios liderados por mulheres são grandes aceleradores de negócios locais, ao criar oportunidades para a população, além de encabeçar iniciativas para o desenvolvimento da comunidade. Dados do Sebrae revelaram um crescimento de 30% em empreendimentos femininos que criam empregos, de 2021 para 2022.

Conhecida por sua habilidade de conectar investidores e empresas, a especialista afirma que uma das principais alternativas para contornar essa situação é através da criação de oportunidades por e para mulheres. “Somente através da união das mulheres, conseguiremos alcançar lugares que, atualmente, são dominados pelos homens. Como costumo dizer: menos ego e mais parceria”.

A sociedade também tem um papel fundamental em promover programas que facilitam a obtenção de crédito por parte das empresárias brasileiras — seja por parte da iniciativa privada ou do Governo Federal.

Para ajudar as empreendedoras a obterem melhores aportes para os seus negócios, Jennifer Chen separou algumas dicas, confira:

1. Procure programas de investimentos específicos para mulheres
Grande parte dos problemas que as empresas lideradas por mulheres enfrentam no mercado de ventures estão diretamente ligados ao gênero. Portanto, segundo a especialista, os programas direcionados para empresárias são uma excelente alternativa para alavancarem seus projetos.

2. Trabalhe a autoconfiança
Muitos investidores podem ter uma visão conservadora de que a qualquer momento as mulheres abandonariam seus negócios para cuidar da casa e de sua família. Portanto, para passar segurança durante uma proposta, é importante demonstrar confiança em seu trabalho, suas capacidades e na sua experiência.

“A confiança é um aspecto fundamental para escalar o seu projeto ou a sua empresa. Valorize o seu trabalho, tome decisões com assertividade e conquiste a confiança de todos presentes na sala”, afirma a especialista.

3. Apresente um bom plano de negócios e objetivos futuros
Neste caso, os números falam mais do que palavras. Se preocupe em comprovar o potencial do seu negócio através de resultados transparentes e que possam ser verificados. “No momento do pitch, valorize seus números, não tenha medo demonstrar seu interesse no investimento e o impacto que teria”, explica Jennifer.

4. Se prepare o pitch
O pitch nada mais é do que uma apresentação para vender a ideia do seu negócio para os investidores. Neste caso, é fundamental que a empresária tenha, não só um conhecimento profundo sobre o seu negócio, mas a capacidade de comunicar a ideia de maneira clara e confiante.

Segundo Jennifer, um dos primeiros passos é conhecer os interesses do investidor. “Um bom pitch é essencial para conquistar o investidor”. Ela ainda ressalta a importância de separar todos os dados que sejam relevantes para a apresentação, traçando as principais problemáticas que podem ser questionadas.

“Tratando-se de um negócio liderado por uma mulher, é possível que os investidores prestem mais atenção nos possíveis riscos do que do potencial da proposta”, explica. “Portanto, demonstre segurança, confiança e conhecimento, acima de tudo”, ressalta Jennifer.

4. Crie táticas para possíveis discursos discriminatórios
Sabendo de todos os obstáculos que as mulheres precisam lidar no mercado corporativo, é importante que elas tenham em mente as possíveis situações e saibam como enfrentá-lasda melhor maneira.

“Para que você não seja desencorajada pelo que irá ouvir, crie estratégias para lidar com tais cenários — sempre mantendo o foco e analisando as situações de maneira crítica”, explica a especialista. “Pode ser difícil não deixar os sentimentos tomarem conta, mas é algo que precisa ser desenvolvido”, afirma. “Em situações como essas, é importante ser mais razão e menos emoção. Nós mulheres precisamos deixar a emoção de lado e adotar uma postura mais racional para não nos deixar afetar por esses comentários”, conclui Jennifer.

Por fim, a empresária afirma que é só uma questão de tempo até as mulheres estarem em posições de liderança e evitarem comportamentos hostis nestas situações. “O futuro é feminino, mas é no presente que mudamos as coisas”, explica. “A cada dia, mulheres mais poderosas, inteligentes e capazes estão ocupando espaços mais importantes, traçando um caminho muito mais livre para as que vierem depois”, finaliza a CEO da JC Capital.

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