A reconstrução de mama, após a mastectomia (retirada do seio), é um procedimento frequentemente realizado após o tratamento do câncer
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A reconstrução de mama, após a mastectomia (retirada do seio), é um procedimento frequentemente realizado após o tratamento do câncer

Segundo a pesquisa realizada "Estimativa 2023 – Incidência de Câncer no Brasil," divulgada pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), o país enfrentará um desafio significativo nos próximos anos. Durante 2023 a 2025, é previsto um total de 704 mil casos novos de câncer no Brasil. 

Um estudo recente realizado pelo Grupo Fleury trouxe à tona uma realidade preocupante: 37% das mulheres diagnosticadas com câncer de mama têm menos de 50 anos, e 10% delas têm menos de 40 anos. 

Esses índices, alarmantes por si só, são resultados divulgados por outras instituições nacionais, como os dados do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp- FMUSP) do ano passado. De acordo com o Icesp, no período de 2015 a 2020, 35,8% dos tumores de mama acometeram mulheres com menos de 50 anos.

A reconstrução de mama, após a mastectomia (retirada do seio), é um procedimento frequentemente realizado após o tratamento do câncer, não apenas para restaurar a autoestima das mulheres afetadas, mas também para promover sua completa recuperação física e emocional. 

Devido aos avanços médicos e tecnológicos, as opções de reconstrução de mama estão mais acessíveis, oferecendo às pacientes a oportunidade de recuperar sua aparência e confiança.

‘’A reconstrução mamária oferece uma série de benefícios que vão além da aparência física. Muitas mulheres escolhem esse procedimento para restaurar a simetria de suas mamas, permitindo que se sintam mais confiantes e confortáveis ao usar sutiãs ou maiôs’’, comenta Josué Montedonio, membro da  American Society of Plastic Surgeons.

A reconstrução da mama é um procedimento físico e emocionalmente gratificante para uma mulher que perdeu o seio devido ao câncer ou a outra situação. Uma nova mama pode melhorar radicalmente sua autoestima, autoconfiança e qualidade de vida. Embora a cirurgia possa lhe dar uma mama relativamente natural, o seio reconstruído nunca será igual ao que foi removido.

‘’A reconstrução mamária não é apenas sobre a estética, mas também sobre o bem-estar emocional e psicológico das mulheres. Ao recuperar a forma e a aparência de suas mamas, as pacientes podem experimentar um aumento significativo na sua autoconfiança e qualidade de vida. Isso não apenas lhes permite vestir suas roupas com mais confiança, mas também as ajuda a enfrentar o futuro com otimismo e resiliência, mostrando como essa opção cirúrgica pode ter um impacto positivo profundo em suas vidas’’, finaliza Josué Montedonio. 

“Hoje, grande parte dos tumores de mama são tratáveis quando diagnosticados precocemente. E uma das principais estratégias é a cirurgia de mastectomia, que consiste na retirada total ou parcial da mama, podendo também ser combinada a tratamentos como a quimio e a radioterapia”, explica o cirurgião plástico Tácito Ferreira, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

A abordagem dependerá de uma série de fatores, como o estágio do tumor e o tamanho da mama. De qualquer forma, a retirada da mama pode causar um grande impacto na autoestima e no psicológico da paciente, afinal, é um símbolo importante da feminilidade. “Felizmente, é possível resgatar a autoestima e o bem-estar da mulher por meio da cirurgia de reconstrução mamária, que recupera a anatomia e a aparência da região, restabelecendo o contorno corporal”, destaca o médico.

Dado o impacto da retirada da mama no psicológico da paciente, é importante que a reconstrução mamária seja cada vez mais discutida, visto que não é incomum que mulheres deixem de realizar o procedimento por medo da cirurgia. “Mas os riscos da reconstrução mamária são os mesmos de qualquer outra cirurgia e podem ser minimizados por meio da escolha de um cirurgião plástico qualificado e um preparo pré-operatório rigoroso”, afirma o especialista.

Segundo Ferreira, a abordagem utilizada na reconstrução da mama dependerá do modo como a mastectomia foi realizada e a quantidade de pele, gordura e glândula mamária retirada. “Em casos de tumores menores, diagnosticados precocemente, somente a parte afetada da mama é retirada. Então, uma cirurgia de reconstrução mais simples pode ser suficiente, apenas com modelagem da mama, com ou sem colocação de prótese, para deixá-la simétrica com o outro lado”, detalha.

Já em casos mais avançados, mas com preservação da pele e músculo da região, é possível colocar uma prótese de silicone sob o músculo peitoral. “Se não houver espaço suficiente para o implante de silicone, podemos utilizar um expansor, que é semelhante a uma prótese convencional, mas sem conteúdo no interior para ser gradualmente preenchido com soro de forma a expandir os tecidos e possibilitar a colocação do silicone”, acrescenta o cirurgião plástico. No entanto, se a mama é completamente removida, incluindo a pele, a reconstrução utiliza também de tecidos retirados de outras regiões, como costas, lateral do tórax e abdômen. “Tudo dependerá de quanto tecido foi retirado na mastectomia, além da quantidade e qualidade da pele da paciente”, afirma.

Mas é fundamental que a paciente esteja ciente das possibilidades do procedimento, já que, por mais que as próteses e técnicas tenham evoluído muito, a reconstrução mamária nunca conseguirá recuperar a aparência exata da mama original, apesar de conferir um resultado muito natural. “Após atingir o resultado desejado, também é possível reconstruir a aréola, por meio de tatuagens, e o mamilo, com enxerto de pele. Porém, é importante reforçar que a sensibilidade da região não é restabelecida”, diz o médico.

Por fim, Tácito Ferreira ressalta que a realização da reconstrução mamária deve ser muito bem discutida entre mastologista, cirurgião plástico e paciente. “Além de discutir riscos e expectativas do procedimento, é importante também alinhar o momento ideal para realização da cirurgia. Em alguns casos, a reconstrução pode ser feita no momento da retirada do tumor, o que promove uma melhora significativa da qualidade de vida da paciente. No entanto, isso pode não ser possível devido a fatores como o estadiamento do tumor, o risco de recidiva da doença ou condições clínicas da paciente que podem impedir a realização de cirurgias maiores. Mas nada impede que a reconstrução seja realizada anos depois. O mais importante é ouvir as recomendações do seu médico”, finaliza.

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