A diversidade e a inclusão são elementos essenciais para o sucesso em qualquer profissão. A contabilidade não é exceção. Embora a profissão no Brasil, como em outros lugares, tenha sido historicamente dominada por homens, a contribuição das mulheres é grande e está crescendo.
Ao comemorarmos esse progresso, devemos também reconhecer a necessidade de avanços contínuos em todo o mundo, à medida que as mulheres jovens consideram carreiras profissionais como a contabilidade.
Quando entrei no mercado de trabalho, nunca tive a intenção de ser contadora, pois estava decidida a seguir uma carreira em consultoria. Entretanto, na época, não existiam empresas de consultoria no Marrocos, então entrei no campo da auditoria. Consegui chegar ao nível de sócia da EY, me tornando a primeira mulher sócia de uma empresa das quatro maiores empresas no Marrocos. Tenho orgulho dessa conquista - mas muitas outras sócias vieram logo depois de mim.
Nos últimos 25 anos, vi mudanças demográficas consideráveis como contadora: mudanças culturais nas empresas, mais modelos e líderes femininas e maior conscientização dos obstáculos à ascensão das mulheres a cargos de liderança na profissão contábil.
De acordo com o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), as mulheres representam atualmente cerca de 50% da força de trabalho total na profissão contábil brasileira. É muito bom ver o progresso do Brasil. No entanto, ainda há mais trabalho a ser feito para diversificar os talentos contábeis globais. Menos mulheres do que homens veem a profissão contábil comoequitativa, de acordo com um estudo global. Para aproveitar o avanço do Brasil e expandir esse
avanço em escala global, precisamos nos concentrar em duas áreas-chave com as gerações mais jovens, especialmente as mulheres jovens: mentoria e educação.
Os mentores são muito importantes para ajudar as gerações mais jovens a entender como se vêem em um campo específico. Por exemplo, a série "Changemakers" da IFAC destaca mulheres excepcionais, com diversas funções e formações, todas com uma coisa em comum: formação em contabilidade. Seu sucesso não é surpresa: pesquisas das Nações Unidas sobre o efeito das
mulheres no desempenho organizacional indicam um crescimento mais forte e operações mais eficazes em empresas lideradas por mulheres. Acreditamos que a apresentação dessas mulheres talentosas e bem-sucedidas pode criar modelos e até mesmo oportunidades de orientação para as futuras gerações de contadoras.
Também devemos analisar se nossos programas de ensino estão preparando bem as mulheres que ingressam na profissão. Como mostra a pesquisa, no Brasil, a participação feminina representa 53% das matrículas no curso de graduação em Ciências Contábeis. Isso é importante porque sugere que as mulheres estão em condições de igualdade com os homens em termos de oportunidades de adquirir não apenas as habilidades fundamentais de registro, análise e interpretação de informações financeiras, mas também o pensamento crítico, a resolução de
problemas e as habilidades de tomada de decisão que fazem parte de uma formação em contabilidade. A prioridade deve continuar sendo a necessidade de manter altos níveis de matrículas de mulheres.
Ao aumentar e exibir a diversidade de gênero na contabilidade, inspiramos e capacitamos a próxima geração a seguir carreiras em finanças, para o benefício de todos. Pesquisa do Fundo Monetário Internacional sugere que o aumento do número de mulheres trabalhando leva a uma maior produtividade, maior diversificação econômica e menor desigualdade de renda, entre outros efeitos econômicos desejáveis. Ao reconhecer e agir de acordo com o papel integral das
mulheres na profissão contábil, podemos tornar a economia global mais sustentável e resiliente.
A vitalidade da profissão contábil depende do reconhecimento da importância das mulheres. Suas habilidades, perspectivas e experiências exclusivas enriquecem a profissão e contribuem para melhorar a tomada de decisões, a inovação e o relacionamento com os clientes. Ao capacitar as mulheres na contabilidade, não estamos apenas promovendo a igualdade de gênero; estamos fortalecendo as bases financeiras de nossas organizações e da sociedade.