Era 1993 quando a Organização das Nações Unidas (ONU) realizou na Áustria
a 2° Conferência Internacional de Direitos Humanos, reafirmando o direito das
mulheres como inalienáveis e enfatizando a necessidade de erradicação de
qualquer forma de discriminação com base no sexo. É preciso ver esse
processo histórico para mostrar que de fato estamos avançando. Esse
crescimento da diversidade e inclusão no mundo corporativo, porém, ainda é
um processo lento.
Falar de equidade de gênero dentro do ambiente de trabalho é um assunto
fundamental e vejo que essa diversidade leva mais resultados para as
empresas em diversos aspectos, como aumentar a motivação dos
colaboradores, fomentar a criatividade e também promover uma maior
conexão, além de quebrar padrões históricos de comportamento nas
organizações.
Se não começarmos a trabalhar a diversidade e inclusão dentro das empresas
neste momento, teremos consequências em gerações futuras, porque o ser
humano tende – e isso é comprovado antropologicamente – a contratar e
promover pessoas iguais a nós. O que precisamos, portanto, é começar a
descontruir, ressignificar o papel das mulheres no mercado de trabalho, abrindo
espaços em áreas historicamente mais restritas, tais como construção civil e
tecnologia.
A respeito dessa melhora, várias pesquisas nos mostram que ainda estamos
progredindo, ainda que lentamente. É o caso do estudo Panorama Mulheres
2023, realizado pela Talenses Group em conjunto com o Insper: a pesquisa
revelou que apenas 21% dos assentos nos conselhos de administração são de
mulheres em empresas nacionais, sendo 18% em companhias de capital
aberto e 20% de capital fechado.
Já no cargo de presidência, apenas 17% são ocupadas por mulheres – porém,
no primeiro ano da pesquisa, em 2017, essa quantidade era de apenas 8%.
Apesar do baixo índice, de acordo com o relatório, existem outros cargos com
tendência de crescimento para as mulheres: é o caso da posição de vice-
presidência, que passou de 18% em 2017 para 34% neste ano.
O futuro não se constrói amanhã, mas começa pelo agora, por meio de
companhias promovendo maior inclusão. Tudo isso aliado a uma reflexão: qual
legado pretendemos deixar e como podemos realizar nosso papel como
agentes da mudança em prol de um ambiente de trabalho mais saudável justo
em relação ao próximo? Como diretora de gente e cultura de uma empresa de tecnologia, acredito que devemos realizar sempre um diagnóstico de como a companhia está no momento presente, promovendo engajamento da alta liderança, estruturação da nossa governança e, principalmente, estabelecendo metas claras juntamente com indicadores de processos e resultados.
Falar de diversidade é destacar um mundo com mais possibilidades, respeito,
união e alegria. É saber gerar valor ao próximo, dignificar o ser humano sem o
distinguir por raça, cor, gênero ou por ser pessoa com deficiência - mas sim
com o exercício da empatia, mostrando, mas sim, a atitude de empatia e
mostrar que esses pequenos avanços nos ajudam a ser uma sociedade e um
país melhor.