Excesso de informações e filosofia de vida baseada no ter são as principais causas de uma sociedade de ansiosos
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Excesso de informações e filosofia de vida baseada no ter são as principais causas de uma sociedade de ansiosos

A tecnologia sempre facilitou a vida humana. Foi assim com o moinho de vento, o tear mecânico, a lâmpada elétrica, o motor de combustão interna, que propiciou a popularização do automóvel moderno, o computador pessoal, a internet e as redes sociais. As duas últimas revolucionaram a maneira das pessoas produzirem e consumirem informações e conhecimento e nesse sentido, talvez, a época atual seja a mais propícia a promover desenvolvimento humano, e, por conseguinte, satisfação e felicidade.

Isto em teoria, porque, na prática, não é bem o que se vê.  Em razão da velocidade e do excesso de informações que proporcionam, as novas tecnologias têm espalhado insatisfação ao invés de felicidade. A avalanche de informações é o suficiente para estimular transtornos e desinformações e comprometer a disposição das pessoas. Elas não se sentem capazes de cumprir as tarefas para as quais se habilitam, o que as leva a inércia e ao desapontamento pela não realização, despertando a ansiedade e a insatisfação, porque querem fazer o melhor, mas nada se concretiza.

Para ilustrar a situação, tomemos como exemplo o universo estudantil. Há algumas décadas, os estudantes precisavam percorrer uma biblioteca para conseguir as informações necessárias a um trabalho, por exemplo. A pesquisa costumava levar bastante tempo e o universo de conhecimento era restrito. Hoje, com uma simples busca na Internet o jovem tem acesso a uma enorme quantidade de informações e conhecimentos, que podem ser acessadas de maneira quase instantânea.

Por um lado, essa facilidade é animadora pois potencializa a vontade de conhecer, aprender e encontrar melhores soluções que permitam o crescimento pessoal e profissional. Por outro lado, o excesso de informações promove um bloqueio. Ante o excesso de informações, o jovem fica sem saber onde procurar e em quem confiar, já que nem tudo que está disponível é real ou tem boas intenções. Em meio a esse caos de informações, são assolados por frustrações. Isso, de fato, acontece com todos nós hoje em dia.

A insatisfação que experimentamos resulta também da maneira como a sociedade contemporânea está fundamentada. O estímulo ao consumo desenfreado, que galgou patamares nunca vistos graças às novas tecnologias, criou uma legião de frustrados. A falta de condições de alguns para adquirir os bens desejados faz com que sofram e até sejam vítimas de preconceitos e discriminações, apenas por não atingirem determinado estilo de vida. Quando a mentalidade está voltada ao consumo, para a necessidade de adquirir sempre mais, a felicidade se distancia.

Neste cenário em que somos estimulados a consumir a todo momento e observamos a frustração atingir níveis nunca imaginados, a única solução possível passa por se voltar à vida interior, e assim dar valor ao que importa verdadeiramente. Isto porque ser feliz depende daquilo que se agrega com valores humanos e não do que se adquire com dinheiro. A sensação possessiva de ter precisa ser repensada para que afrontas, preconceitos e desprezos sejam descartados e para que a real essência da felicidade seja realizada.

E em busca da felicidade real, adquire elevada importância a ação, pois é preciso colocar-se em movimento para mudar hábitos e ter a disciplina, o comprometimento e o foco necessários a uma nova mentalidade, mais ligada ao ser e menos ao ter. Do mesmo modo, é fundamental assumir a responsabilidade pelos erros que irão acontecer durante a jornada. Fazer isso é ter consciência das próprias virtudes e deficiências, é conhecer-se melhor para agir mais assertivamente. Desenvolvendo o autoconhecimento somos capazes de mudanças reais, como administrar a autoconfiança, ter disposição para lutar e realizar planos, conquistar segurança e firmar propósitos.

Não pode faltar também a certeza de que a insatisfação não é somente aquilo que desestabiliza e desmobiliza, provocando a estagnação, mas também o impulso necessário para que o indivíduo evolua. Para isso, contudo, é fundamental o autocontrole. Quando insatisfeitos, e tendo a consciência de que podemos melhorar, se estimularmos a força de vontade, a determinação, a persistência e o foco, conseguimos progredir dentro da situação.

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