Maternidade é uma escolha consciente?
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Maternidade é uma escolha consciente?

O Dia das Mães está chegando e, com isso, as pessoas aproveitam a oportunidade para discutir sobre a maternidade. Sabemos que, para nem todas as mulheres, os seus filhos foram desejados desde o começo. De acordo com uma pesquisa da Bayer, em parceria com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), realizada pelo IPEC (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), cerca de 62% das mulheres já tiveram pelo menos uma gravidez não planejada no Brasil. Nos últimos anos, também tem se tornado maior a discussão sobre o direito das mulheres de escolherem se querem ter um filho ou não.

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O que acontece é que muitas mulheres enxergam a maternidade como um dever. De acordo com a psicóloga e fundadora da Comunidade Tribo Mãe, Marília Scabora, isso acontece por questões culturais, sociais e históricas. “Ainda que a sociedade tenha evoluído em diversas áreas, lidamos com uma expectativa social velada, de que a mulher gere filhos e exerça o seu maternar, ainda somos avaliadas e reconhecidas por essa função. Antes mesmo da idade fértil, as meninas são elogiadas quando se dispõem a servir, a colocar o outro em primeiro lugar e a cuidar. E somos criticadas quando focamos em nossas carreiras, em nosso lazer, nos nossos sonhos, características essas muito bem vistas quando falamos de homens”, explica.

O processo de entender que a maternidade pode ser uma escolha própria é árduo, já que as mulheres não internalizam que são merecedoras de escolher e não tomam posse do seu poder de decisão. “Por influência social, muitas mulheres ainda funcionam no modo de inferioridade e submissão. Ainda que inconscientemente, nos colocar em primeiro lugar é mal visto, enquanto para o homem é engrandecedor. E também porque somos, de fato, a primeira geração a refletir sobre os nossos papéis e retirá-los da obrigatoriedade. Esse processo de reflexão, normalmente, é feito sem ponto de referência, porque as mulheres que nos antecedem, como mães, madrinhas, tias e avós, muitas vezes, não compartilham dessa mesma visão. Inclusive, acreditam que existe "algo de errado" com a mulher que não tem o desejo de ter filhos”, complementa.


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Atualmente, não são poucas as queixas relacionadas a maternidade, desde a falta de apoio conjugal e familiar, até a escassez de materiais de apoio; o julgamento social; a não identificação com o grupo pertencente; e o pré julgamento de que se a mulher não deseja ter filhos ela não gosta de criança e é egoísta.

“As mulheres enfrentam duas principais dificuldades na hora de entender que não precisam ter filhos se não for da sua vontade: primeiramente é a pessoal, de se permitir escolher, assumir o papel ativo de suas vidas, se colocar no centro das suas escolhas. A segunda dificuldade é a social, a sensação de estar falhando, de não estar cumprindo com a expectativa familiar, com a perpetuação da família, indo contra o que é visto como "natural e intrínseco" para a mulher”, comenta a psicóloga.

Para ela, a parentalidade precisa se tornar uma escolha consciente o quanto antes. A maternidade, assim como a paternidade, é um papel exercido e não uma substituição do ser imperfeito que somos para um ser semi divino, que não erra, que não tem fraquezas ou desejos pessoais, e como um dos papéis mais exigentes na vida de um ser humano, ele necessita de preparação.

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“Abrir mão da sua liberdade, ainda que temporariamente, adaptar seu estilo de vida, o impacto na sua vida financeira, conjugal e psicológica, o recalcular a rota da sua carreira, tudo isso e muito mais, deve ser uma escolha e não uma imposição. Quando temos consciência do cenário que nos espera, podemos nos analisar e entender o que precisa ser ajustado antes de embarcarmos nessa jornada ou entender que esse caminho não é para nós”, finaliza Marília Scabora.

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