Cantora, que faleceu na noite desta segunda-feira (8), ganhou admiração não só pela sua voz e talento, como também pela sua rebeldia e irreverência
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Cantora, que faleceu na noite desta segunda-feira (8), ganhou admiração não só pela sua voz e talento, como também pela sua rebeldia e irreverência

"Se for para reencarnar novamente aqui na Terra vou querer ser mulher", disse Rita Lee, em entrevista à  Rolling Stone Brasil , em novembro passado, quando foi capa da edição digital da revista. Na noite de ontem (8), o  ícone da música brasileira nos deixou.  Rita faleceu, aos 75 anos, em sua residência em São Paulo. A notícia foi confirmada pela assessoria de imprensa da cantora em comunicado na manhã desta terça-feira. 

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Rita Lee se recuperava de um câncer no pulmão, descoberto em 2021. Em abril do ano passado, a família chegou a anunciar a remissão da doença. Ela deixa o marido, Roberto de Carvalho, e três filhos: Beto, Antônio e João. 

Nascida em 1947, a Rainha do Rock – título que ela dispensava – deu os primeiros passos da carreira musical com a banda Os Mutantes, ao lado de Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, entre 1966 e 1972. Foi cantora, compositora, atriz e até escritora. Chegou a vender 55 milhões de discos e se aposentou dos palcos em 2012, aos 64 anos.

Revolucionária, foi uma mulher à frente de seu tempo. Em  Rita Lee – Uma Autobiografia , falou abertamente sobre drogas, sexo, aborto e a violência sexual que sofreu na infância. Foi presa em 1976, grávida do primeiro filho, durante a ditadura, e considerada a artista mais censurada pelo regime militar.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo , em 2018, afirmou: "Nunca pensei que o que fiz durante 50 anos fosse o que se chama feminismo: eu ligava o foda-se e entrava decidida no mundinho considerado masculino, cantando sobre o que me desse na telha; de menstruação a menopausa, de trepada a orgasmo. Fora o resto".

Na moda

Edição da Revista Contigo! na década de 1960
Reprodução/Revista Contigo!

Edição da Revista Contigo! na década de 1960

Rita Lee ganhou admiração não só pela sua voz e talento, como também pela sua rebeldia e irreverência. Na moda, não foi diferente — a começar pelos cabelos vermelhos e a franja, suas marcas registradas, que a acompanhariam até pouco tempo antes de sua morte.

Ainda em Os Mutantes, na década de 1960, a cantora pegou emprestado (e nunca devolveu) um vestido de noiva da atriz Leila Diniz, usado nas gravações da novela O Sheik de Agadir. Rita usou a peça em dois momentos: em apresentação no Festival Internacional da Canção, em 1968, e na capa do álbum Mutantes, de 1969.

Outro figurino marcante da época é a fantasia de bruxa, usada quando o trio ainda se chamava Os Bruxos, composta por macacão nude coberto por estrelas. Anos depois, na era Tutti Frutti, calçou uma bota que furtou de uma boutique em Londres. Já em 77, em seu primeiro show após deixar a prisão, subiu ao palco vestida de prisidiária.

Mulher à frente de seu tempo, Rita Lee também foi um ícone fashion
Reprodução
Mulher à frente de seu tempo, Rita Lee também foi um ícone fashion

Nos anos 70 e 80, com o surgimento da discoteca, transitou do estilo hippie ao glam e incorporou referências externas, como David Bowie e Mick Jagger. Assumiu roupas justas, cavadas e brilhantes e os seus famosos óculos redondos. Mas além de ter sido influenciada, também influenciou: seu macacão assinado por Norma Kanali e usado na capa de Lança Perfume foi assumidamente copiado pela amiga Elis Regina em um especial da TV Globo.

Em 2021, o Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo, realizou uma exposição com os figurinos mais memoráveis de Rita Lee. Ao todo, foram 42 looks usados pela cantora durante a carreira, incluindo o famoso macacão com estrelas e a bota furtada em Londres. Chamada de Samsung Rock Exhibition Rita Lee ,  contou com direção de Guilherme Samora, curadoria de João Lee e cenografia de Chico Spinosa.

** Gabrielle Gonçalves é repórter do iG Delas, editoria de Moda e Comportamento do Portal iG. Anteriormente, foi estagiária do Brasil Econômico, editoria de Economia. É jornalista em formação pela Universidade Estadual Paulista (Unesp).

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