Gordofobia se manifesta nas consultas de saúde
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Gordofobia se manifesta nas consultas de saúde


Faz parte do dia-a-dia de todo profissional de saúde atender pessoas com IMC elevado. Na formação profissional, somos ensinados a incentivar o emagrecimento como forma de melhorar a saúde. Porém, quando começamos a nos aprofundar no tema da gordofobia, percebemos que esta é, na verdade, uma conduta gordofóbica. Mesmo que ela esteja sendo feita de forma e humanizada – e na melhor das intenções.

Muitos profissionais de saúde reproduzem condutas gordofóbicas pois estas são consideradas “padrão”. Vemos essas condutas em todas as áreas, na forma de ensinar os profissionais e até mesmo na literatura.

Mas por que incentivar um paciente a emagrecer é considerado gordofóbico? Isso não é cuidar?

A verdade é que a gordofobia é estrutural. Isso significa que ela está entranhada na nossa cultura, na forma como nossa sociedade opera.

A conotação negativa que um corpo gordo tem é o padrão. É daquela ordem de coisas que ninguém questiona, pois, “as coisas são assim mesmo”. Como a sobremesa depois do almoço e não antes. Como escovar os dentes depois de comer e não antes. Existe esse conceito de que ser gordo é sinônimo de ser doente, desleixado ou mesmo fora do padrão considerado estético. É como se alguma coisa estivesse errada ou fora do lugar.

E é aí que começa a gordofobia.

E se está errado um médico incentivar um paciente a emagrecer para melhorar a saúde, qual seria então o certo? Qual seria o jeito não gordofóbico de incentivar a saúde de alguém?

Seria, por exemplo, focar em melhorar a alimentação, o sedentarismo (se for o caso). Cuidar do sono, melhorar o humor. Focar na saúde é focar no que realmente vai ter impacto na saúde – a forma como vivemos, comemos, dormimos, respiramos e nos movimentamos.

E não o formato do nosso corpo. Até porque, muita gente pode emagrecer perdendo completamente a saúde. Então, se o objetivo de um profissional de saúde é ajudar, ele deve focar no que realmente ajuda. O estilo de vida da pessoa – não sua aparência.

Esse é só um exemplo. Muita gente confunde gordofobia com estética. A verdade é que qualquer pessoa pode sofrer pressão estética em algum momento de sua vida.

E isso é grave em qualquer situação do cotidiano, mas é ainda mais grave dentro de uma consulta de saúde – um lugar que deveria ser o lugar mais seguro do mundo para receber qualquer pessoa.

E justamente por ser uma questão estrutural, o melhor caminho para construir mudanças é através da educação. É falar sobre, é dar voz, aprofundar questões. Pensando nisso, na plataforma Tribu Education existe o curso “Atendimento Clínico sem gordofobia”, com o objetivo de instruir a realização da prática clínica sem gordofobia, de maneira adequada, humanizada e focada na saúde integral.

Então, se você quer ajudar a construir um mundo sem gordofobia, comece olhando para dentro. E para o lado. Busque informações, converse, pergunte. Apoie quem está levantando essa pauta. E assim, um passo por vez, construiremos uma sociedade em que todo tipo de corpo é bem-vindo.

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