Hipotireoidismo pode comprometer fertilidade? Especialista explica

Condição atinge 15% das mulheres em população adulta; 3% podem ser afetadas durante a gestação

Hipotireoidismo atinge 15% das mulheres; 3% podem ser afetadas durante a gestação
Foto: Thinkstock/Getty Images
Hipotireoidismo atinge 15% das mulheres; 3% podem ser afetadas durante a gestação

Um levantamento encomendado pela farmacêutica Merck e realizado pela YouGov, em 2020, revelou que 3% da população masculina adulta sofre de hipotireoidismo — baixa produção de hormônios da tireoide. No caso das mulheres, essa incidência sobe para 15%. Apontou ainda que 1,6 bilhão de pessoas podem ter algum distúrbio da tireoide durante a vida.

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Segundo o médico especialista em reprodução humana Nilo Frantz, o hipotireoidismo é caracterizado pela queda nos níveis dos hormônios T3 (tri-iodotironina) e T4 (tiroxina), que são produzidos pela glândula tireoide. Ela, por sua vez, é responsável pela regulação do metabolismo do nosso corpo.

Apesar de ser mais comum em mulheres cisgênero em idade reprodutiva, a doença pode atingir qualquer pessoa e de qualquer idade.

De acordo com um artigo publicado em 2011 sobre as "Diretrizes da Associação Americana de Tireoide para o diagnóstico e tratamento de doenças da tireoide durante a gravidez e pós-parto", o número de gestantes que podem adquirir o hipotireoidismo durante a gravidez chega a 3%, o que pode acarretar em problemas ao desenvolvimento do feto.

Segundo Nilo Frantz, a deficiência de iodo é uma das principais causas desse distúrbio hormonal. "Pessoas que consomem poucos alimentos ricos em iodo, como peixes, crustáceos, moluscos, leite e ovos, podem apresentar falta desse mineral no organismo", afirma o médico.

Alterações imunológicas, como no caso de pessoas que possuem a doença autoimune Tireoidite de Hashimoto, também podem levar o indivíduo a um quadro de hipotireoidismo.

Como identificar o hipotireoidismo

O exame de sangue é uma das principais formas de diagnosticar a doença, já que por meio dele é possível avaliar e medir os níveis dos hormônios T3, T4 e TSH. Porém, uma outra forma de identificar alterações na tireoide é ao examinar o pescoço do paciente.

Além disso, o ultrassom é o exame de imagem complementar que pode ajudar a detectar o hipotireoidismo e outras anomalias nessa glândula.

Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), no caso de recém-nascidos, o hipotireoidismo pode ser identificado pelo "Teste do Pezinho", que deve ser feito entre o terceiro e o sétimo dia de vida do bebê.

O hipotireoidismo pode comprometer a fertilidade?

De acordo com o especialista em reprodução humana, sim. A doença atinge a fertilidade feminina, já que os hormônios liberados pela tireoide exercem efeitos sobre a função ovariana.

"Eles interagem com hormônios da hipófise, que são responsáveis por estimular a ovulação. Dessa forma, prejudicam a maturação dos óvulos, interferem no ciclo menstrual e também no período fértil. O hipotireoidismo está relacionado também a casos de abortamento e de complicações obstétricas e fetais", explica ele.

Mas isso não quer dizer que a mulher não possa engravidar, mas sim que a doença pode tornar o processo mais difícil e exigir maiores cuidados. Vale lembrar que o hipotireoidismo também pode surgir durante a gravidez, sendo necessário um maior acompanhamento médico para resguardar a vida da gestante e do bebê.

Nos homens, a doença ainda pode prejudicar a produção dos espermatozoides. "Existe também a possibilidade da doença desencadear casos de disfunção erétil, que não deixa o homem infértil, mas dificulta a gravidez. Por esses motivos, exames de rotina para diagnosticar qualquer alteração na glândula tireoide é fundamental", orienta Frantz.

Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, aproximadamente um em cada 4 mil recém-nascidos possuem hipotireoidismo congênito.