Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 10% da população mundial de adolescentes sofrem com transtornos alimentares. Além disso, um levantamento feito pelo Royal Children’s Hospital (Hospital Infantil Real), clínica australiana especializada no tratamento de transtornos alimentares, revela um crescimento de 63% dos pacientes, desde 2017. Sendo eles, 80% mulheres entre 9 a 18 anos.
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Considerando que os transtornos alimentares são um conjunto de doenças que têm afetado cada vez mais mulheres, a escritora Tamyris Torres produziu o livro “O Destino de Irene”. Nesta história, a autora nos apresenta Irene, uma adolescente de 14 anos, da década de 80, que se vê em um conflito entre buscar o destino que realmente deseja ou atender às expectativas de sua família. E tal pressão começa a colocar em risco a saúde mental e física da jovem.
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Conversando com IG Delas , Tamyris Torres fala de como se demitiu de seu emprego para se dedicar à escrita, das suas motivações para escrever o seu primeiro romance e o seu desejo por poder falar com as mulheres sobre temas que as afetam diretamente. Especialmente na adolescência, sendo uma fase de transformações e maior vulnerabilidade. Ela também destaca como quis abordar os conflitos familiares, entre pais e filhos. “Ao iniciar a minha carreira literária, eu pensei que gostaria de falar com mulheres sobre assuntos pertinentes ao universo feminino”.
IG Delas: O que a motivou a escrever o seu livro?
Tamyris Torres: A minha estreia nos romances foi por conta do meu desejo de iniciar minha carreira literária. E ao iniciar a minha carreira literária, eu pensei que gostaria de falar com mulheres sobre assuntos que são pertinentes ao universo feminino. Por isso, eu não queria escrever só mais um romance, que não debatesse temas importantes, como os transtornos psicológicos que a personagem Irene sofre ao longo da trama. Como a bulimia, anorexia e a automutilação, que acontece com muitos adolescentes. Todos esses transtornos são muito presentes, tanto na história da Irene, como também na nossa sociedade. Também busco trazer à tona a questão social do patriarcado, questionando sobre o padrão feminino pré-estabelecido e estereotipado.
IG Delas: Sendo o seu primeiro romance, como foi o processo de escrita e pesquisa para você?
Tamyris Torres: O processo de escrita veio a partir de uma pesquisa que eu comecei a fazer sobre esses transtornos e as leituras que eu fiz. E, depois dessas pesquisas que eu realizei nas áreas que o livro aborda, a escrita em si aconteceu durante dois meses. Eu escrevi esse livro em dois meses e depois eu fui batendo de porta em porta, nas casas editoriais e a editora Sarvier se interessou pelo meu livro. Depois disso, nós começamos a trabalhar juntos para lançar o livro em um mês e meio, eu até mesmo pedi demissão do meu trabalho, para poder me dedicar exclusivamente a escrita.
IG Delas: Embora o seu livro se passe em uma roupagem mais antiga, ele tem debates muito pertinentes para os dias de hoje. Quais você destacaria dentro do seu livro?
Tamyris Torres: Eu acho que eu quis chamar a atenção para o cuidado que as relações familiares e especialmente as relações parentais precisam ter para que não aconteçam problemas graves. Como mãe, posso falar com propriedade, que às vezes a gente transmite, inconscientemente, os nossos problemas para os nossos filhos, fazendo com que a criança sofra. E esse é o caso da Irene, ela já nasceu sabendo que precisava cursar medicina e o desejo dela, de ser pintora, ficou para um segundo plano, precisando viver o sonho dos pais. Esse é um drama familiar de época, que continua com os assuntos muito atuais, porque a pauta da mulher vivendo numa sociedade patriarcal nunca deixou de existir.
IG Delas: Como você apresentaria o livro ara os leitores? Quem é o seu público?
Tamyris Torres: Eu tenho um público que é fundamentalmente feminino, mas eu venho me surpreendendo muito com as resenhas literárias, muitos homens estão interessados em ler o meu livro e isso é fruto de uma evolução social, em que os homens estão se tornando mais abertos para conhecer e entender o universo feminino. E, para mim, essa é uma notícia muito boa e muito grata. Contudo, voltando para as mulheres, eu gostaria que elas se identificassem com a Irene, porque essa pode ser a história de vida de qualquer mulher.
Por tanto, eu apresento o destino de Irene como um drama familiar, de uma pessoa que não desiste da vida. Que apesar das amarras da vida, ela não desiste de lutar e começa a escrever o próprio destino com as suas mãos. Eu acredito que a ideia do livro é ajudar mulheres e homens que estão vivendo o mesmo que a personagem, para que essas pessoas possam saber que elas podem escrever o destino delas.