A bancada feminina será 18% maior em 2023, com 91 parlamentares mulheres – neste ano, o número de candidatas à Câmara também aumentou, chegando a 34,9% do total.
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A bancada feminina será 18% maior em 2023, com 91 parlamentares mulheres – neste ano, o número de candidatas à Câmara também aumentou, chegando a 34,9% do total.


Dados de uma recente pesquisa feita pela ONG Plan International, chamada de “Meninas em Espaços de Poder – A importância da representatividade”, que ouviu 29 mil meninas e jovens mulheres de 15 a 24 anos, de 29 países diferentes, descobriu que apenas 20% das mulheres entrevistadas cogitam em sonhar a concorrer ao cargo de presidente ou primeira-ministra de seus países. Os números são ainda mais inferiores no contexto brasileiro, onde somente 5% das meninas ouvidas pensam em ser presidente. 

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O estudo aponta que esses resultados tão baixos são devido a um conjunto de fatores, sendo dois como os mais determinantes: a falta de representatividade das mulheres na política e a crescente descredibilidade e a falta de confiança nos líderes políticos. 

Segundo a pesquisa, 70% das entrevistadas brasileiras afirmaram que os políticos não pensam nas necessidades das meninas e jovens e 66% acreditam que os líderes políticos não conseguem compreender o ponto de vista delas. 

“O recorte brasileiro da pesquisa Meninas em Espaços de Poder – A importância da representatividade aponta que as meninas e jovens mulheres brasileiras têm consciência das situações enfrentadas no dia a dia por mulheres líderes, seja em espaços de poder comunitários ou mesmo em esferas mais altas do Poder Público”, diz Cynthia Betti, diretora-executiva da Plan International Brasil. 

A especialista também afirma, que a hostilidade com que as mulheres são tratadas no ambiente político também contribui para esse afastamento das mulheres mais jovens dessa área. 

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“É muito sintomático que as mulheres na liderança enfrentem um ambiente muito mais hostil e sejam desacreditadas em seus papéis e suas opiniões. Nosso maior desafio é fazer com que as meninas entendam que elas são parte fundamental da construção do presente e do futuro, para que não desistam de ocupar lugares que precisam ser delas”, declara a diretora. 

Contudo, apesar da falta de interesse feminino em ocupar cargos políticos, o estudo ainda mostra que as mulheres jovens são cada vez mais engajadas em movimentos sociais e políticos. Especialmente as meninas brasileiras, que ocupam a liderança em manifestações politicas na internet, com 57% das manifestações. Além de que 54% das brasileiras também fazerem questão de exercerem o seu direito ao voto.

Como a moradora do estado do Maranhão, Juliana, de 15 anos. Ouvida pelos pesquisadores, ela conta como ela e outras alunas organizaram um protesto contra a falta de infraestrutura e funcionários na escola que frequenta. 

“Fizemos um protesto e fomos até um de nossos professores, o de Ciências, que nos ajudou. E quando o diretor viu, ficou bravo e decidiu fazer algo a respeito. Com o tempo, as coisas melhoraram”, relembra a adolescente. 

Os protestos estudantis são apontados, pela pesquisa, como o maior espaço de participação politica de mulheres jovens. Das entrevistadas pelos pesquisadores, 13%  participam de alguma rede de ativismo e  26% são integrantes grêmios estudantis.

Para Stephen Omollo, presidente da Plan International, o caminho para fazer com que mais meninas tenham interesse em entrar na política é tornar os espaços políticos mais seguros e representativos para as mulheres, fazendo com que elas se sintam mais ouvidas. 

“Estamos vendo meninas e jovens mulheres redefinindo o que significa ser política, perseverando contra as probabilidades de participar de processos políticos formais e defendendo diversos movimentos juvenis, ativismo de base e ação coletiva. Lideranças políticas e pessoas detentoras de poder devem apoiar as meninas, atuar pelas meninas, à medida que mudam a configuração da política. É fundamental como um direito, fundamental para moldar as políticas públicas e decisões que influenciam suas vidas e para alcançar a igualdade de gênero”, diz Omollo.

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