O aplicativo todas por uma está disponível em mais de 15 países
Reprodução Instagram
O aplicativo todas por uma está disponível em mais de 15 países

Nomeado como “Todas Por Uma”, o aplicativo criado em 2019, pelos estudantes  Mateus de Lima, Lucas Chalegre e Salazar Salazaro, da escola técnica Horácio Augusto da Silveira, visa ajudar mulheres em situação de violência domestica. 

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O IG delas conversou com um dos criadores do aplicativo, Mateus de Lima. Inspirado por sua própria vivência com a violência doméstica, ele sugeriu a ideia de criar um aplicativo de combate à violência de gênero para o seu grupo de TCC da escola técnica. Ele já foi homenageado pela Câmara Municipal de São Paulo e o seu projeto conquistou o primeiro lugar na Expo Favela. “O meu objetivo é salvar vidas.” 


IG DELAS: Como surgiu a ideia de criar o aplicativo? 

Mateus de Lima: Você deve estar se perguntando, por que um menino tem um papel tão importante hoje na sociedade? Então a gente tem que voltar um pouco no passado, para você entender como que eu criei o aplicativo. Eu presenciei a violência doméstica dentro da minha casa quando criança e isso criou muitos porquês na minha cabeça que nunca foram respondidos. Conforme eu fui crescendo e evoluindo a minha mente, percebi que eu não queria ser um homem daquela maneira, mas um homem que pudesse ajudar a mãe e a salvar outras mães e outras mulheres. Pois o meu objetivo é salvar vidas.

IG DELAS: Como foi o processo de criação do Todas Por Uma?

Mateus de Lima: Essa pergunta é muito interessante. Como eu sou de classe baixa, não tenho dinheiro para pagar uma equipe para desenvolver um aplicativo. Então o que eu pensei? Eu vou estudar e através dos estudos tecnológicos consegui desenvolver o Todas Por Uma, esse aplicativo foi o meu TCC da escola. Eu sempre digo que a minha maior dor se tornou a minha maior vitória. Eu apresentei a ideia do Todas Por Uma para o meu grupo de TCC da escola e eles gostaram, naquele momento eu montei uma equipe de pessoas da minha idade, amigos que iriam me ajudar no futuro do aplicativo e a salvar vidas.

IG DELAS: Hoje o Todas Por Uma se tornou o principal aplicativo na luta contra a violência doméstica. Quando vocês perceberam que o aplicativo tinha tomado grandes proporções? 

Mateus de Lima: A gente teve essa perspectiva no dia 28 setembro de 2019, que foi quando demos a nossa primeira entrevista sobre o Todas Por Uma. Durante a pandemia o aplicativo teve um crescimento exponencial, devido a muitas mulheres estarem confinadas com os seus agressores. No aplicativo elas encontraram uma maneira de como pedir socorro de uma forma totalmente oculta, sem seu agressor perceber, com um simples balanço do celular. A partir daí, a gente se inscreveu no edital Vai Tech, do Governo do Estado de São Paulo, onde nós conseguimos investir na nossa tecnologia. Depois disso, o aplicativo pode ter uma capacidade de suportar mais de dez milhões de downloads e principalmente um milhão de usuários ativos por dia. Com essa capacidade, o Todas Por Uma atualmente está disponível em mais de 15 países. 

IG DELAS: Como o Todas Por Uma funciona e os pedidos de ajuda são feitos? 

Mateus de Lima: O aplicativo funciona da seguinte maneira, eu acredito que cada pessoa tem o seu anjo da guarda, aquela pessoa protetora que pode tirar você daquela situação de risco. A mulher pode cadastrar anjos, pessoas da sua própria rede, como a sua mãe, uma amiga ou prima, aquela pessoa mais próxima, que você sabe que vai ouvir o seu pedido de socorro. O aplicativo se camufla de uma empresa parceira, simulando que a mulher está fazendo compras ou carregando suas compras no celular, mas na verdade é um pedido de socorro, que está sendo enviado a cada trinta segundos, com a sua última localização, em tempo real para os anjos cadastrados.

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Além disso, o aplicativo tem mapeado todas as delegacias das mulheres do Brasil,  assim você pode ver a delegacia mais perto da mulher e a sua localização em tempo real.  O Todas Por Uma também consegue mapear os lugares mais perigosos da sua região, para mulheres, classificando as regiões em cores que se incia com a amarela, indo para a laranja, até a vermelha. Clicando dentro da área de risco, você pode ver o tipo de violência sofrida e principalmente as descrições. O aplicativo é cem por cento anônimo e dentro  da lei Geral de Proteção de Dados Pessoais.

IG DELAS: Vocês estão com um novo projeto chamado Nice, como ele vai funcionar? 

Mateus de Lima: A gente desenvolveu um dispositivo chamado Genice. Nice é o nome da minha mãe, então o Genice é em homenagem a ela, a minha grande inspiração do projeto, ela é o que me move. A Nice é um hardware que pode ser instalado em qualquer tipo de objeto. Um relógio, um pó compacto, uma bolsa, um colar, um brinco. A Nice substitui o aplicativo. Como assim? A primeira coisa que um agressor faz é cortar todos os meios de comunicação da vítima. O Nice tem a capacidade de entrar em qualquer Wi-Fi aberto, ou até mesmo no Wi-Fi cadastrado do vizinho. Caso a mulher seja sequestrada, ela pode enviar um  pedido de socorro para o anjo cadastrado e a gente pode rastrear todo o trajeto dela e determinar em um raio o local em que a mulher está. 

IG DELAS: E qual será o custo do Nice? 

Mateus de Lima: Nós ainda estamos fazendo atualizações na Nice. No Harvard ainda estamos fazendo testes com algumas mulheres, mas ainda não temos um valor estabelecido. Entretanto, o nosso objetivo que o Nice seja acessível às mulheres de B, C e D. Estamos montando estratégias para conseguir colocar o Nice no mercado, eu volto a reforçar o que eu disse na primeira pergunta, o meu objetivo e do Todas por Uma é salvar a vidas.

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