Gabriela Palma
Gabriela Palma
Gabriela Palma





Turismo sempre foi sinônimo de pontos turísticos tradicionais, especialmente, quando se trata da cidade do Rio de Janeiro, um destinos preferidos de viajantes do Brasil e no mundo. No entanto, para Gabriela Palma, empreendedora na empresa “Sou + Carioca”, há pelo menos 8 anos, esta realidade vem mudando com o fortalecimento do turismo afrocentrado.

“O mercado de turismo no Rio de Janeiro já estava saturado, sempre com os mesmos lugares, e nós não queríamos reafirmar isso. Além disso, nosso projetotambém tinha como foco o próprio morador do RJ, não apenas quem vem fora”, explica Gabriela.

Gabriela Palma é Sócio-fundadora da empresa “Sou + Carioca”, empresa criada em 2015, após um trabalho final de uma disciplina do curso de Turismo, do Senac. O negócio tem como foco o turismo fora do circuito tradicional, com mais de 150 roteiros. O primeiro deles é chamado de “Pequena África", locais ainda pouco explorados na cidade do Rio de Janeiro. 

Conheça a Pequena África

Turismo afrocentrado
Gabriela Palma
Turismo afrocentrado


Pequena África é um termo criado pelo artista e sambista Heitor dos Prazeres, no início do século XX, para nomear alguns locais da cidade do Rio de Janeiro. Locais que também fazem parte do Circuito Histórico e Arqueológico de Celebração da Herança Africana, divulgada em livros, letras de música e enredos de escolas de samba.

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Deste modo, a expressão “Pequena África” ou turismo afrocentrado passou a identificar parte significativa da zona portuária da cidade, onde marcada pela presença africana e pelo o patrimônio cultural negro. “A gente literalmente entende que o Rio de Janeiro como cidade vai para além da Zona Sul, que é o que vai para o mapa turístico oficial da cidade”, diz a empreendedora. 

Roteiro afro no RJ
Sou+Carioca
Roteiro afro no RJ


O roteiro turístico da Pequena África inclui visitas em: Morro da Conceição, Largo de São Francisco da Prainha, Pedra do Sal, Jardim Suspenso do Valongo, Cais do Valongo, entre outros locais. O próximo tour afrocentrado está programado para 28 de agosto de 2021, das 9h ao 12h, portanto, 3 horas de percurso, com saída na Praça do Mauá, no centro do Rio de Janeiro. 


Mais do que um tour turístico, durante o trajeto Pequena África, há também uma formação sobre questões étnico-raciais, a história da formação das favelas e subúrbios, bem como das desigualdades sociais que podem ser vistas em suas esculturas e lugares. “Eu tive uma conexão interessante com este roteiro, pois no processo de estudo e estruturação deste projeto turístico eu fui me entendendo, me reconectando com minha ancestralidade negra”, relembra Palma. 

O turismo afro

Pequena África
Sou+Carioca
Pequena África


Gabriela Palma aponta que essencialmente o turismo, tanto do ponto de vista dos próprios turistas como dos lugares  em si, sempre tiveram narrativas eurocêntricas. “A gente nunca pensa ir para o continente africano, a gente pensa em ir para a Europa, para Paris, Itália, porque somos condicionados a conhecer a narrativa do colonizador e não do colonizado”, explica.

“Somos ensinados a entender que o berço da civilização nasceu na Europa, quando na verdade nasceu nas Américas, no Egito, mas somos direcionados a ver de outra forma”, continua. 

Para ela, o turismo afro é um grande quebra cabeça que se precisa se ir montando aos poucos em todos os lugares do mundo e também em diversas partes do Brasil. “Se pensarmos na Bahia, existe um roteiro turístico afrocentrado, se pensarmos a Europa, também vai ter, o fato de não ser explorado não significa que não haja”, aponta.

O turismo negro, para a empreendedora, não é a forma certa de se fazer turismo, mas uma alternativa ao próprio turismo. "O turismo negro não está dizendo o que é certo ou errado, que o você estudou ou sabe é errado sobre o turismo, na verdade ele trás um outro ponto de vista sobre locais e roteiros turísticos”, finaliza Gabriela.  


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