Teclado de computador com ursinho de pelúcia em cima
Imagem de congerdesign por Pixabay
Teclado de computador com ursinho de pelúcia em cima


Ainda que as mulheres sejam as principais cuidadoras das crianças enquanto trabalham , o debate dos benefícios da contratação de pessoas com filhos ganhou espaço com a pandemia. Desde que os homens entraram no sistema home office, algumas organizações começaram a  prestar atenção não somente nas necessidades de quem trabalha em casa (como a flexibilização de jornada), mas nos benefícios de contratar alguém com filhos - especialmente mães, que são as que mais sofrem com o desemprego.

Este ano, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)  permitiu o registro dos períodos de licença-maternidade . O Conselho é formado por 57% de mulheres, ainda que nem todas sejam mães. O LinkedIn também adicionou o campo licença-maternidade após ser questionado pela Forbes, que citou o artigo escrito por Heather Bolen , mãe e fundadora da startup de educação Travel & Culture Salon, sobre como esta simples mudança pode ajudar na recolocação de mercado de milhares de mães.


Filhos no currículo

Esta questão também surgiu para Michelle Levy Terni e Camila Antunes, fundadoras da Filhos no Currículo . Elas fazem parte dos 30% de mães que escolheram sair dos seus empregos por conta dos filhos. Michelle conta que além disso, elas também se enxergavam mais na cultura corporativa que não compreende as necessidades que mães e famílias têm.

Michelle Levy Terni e Camilla Antunes, da Filhos no Currículo
Divulgação/Filhos no Currículo
Michelle Levy Terni e Camilla Antunes, da Filhos no Currículo

“A pessoa que volta de uma licença-maternidade ou de um tempo fora do mercado de trabalho não é a mesma que saiu. As organizações precisam entender que filhos são um tema de todos. Um bom lugar para uma mãe trabalhar tem que ser um bom lugar para uma família trabalhar, pois muitas vezes algumas ações reforçam que o cuidado com os filhos é somente da mãe”, explica Michelle.

Pandemia, home office e crianças

Uma pesquisa realizada pela empresa com 825 profissionais com filhos mostrou que o principal desafio é conciliar filhos e carreira (70%), seguido por dar atenção às crianças (56%) e manter a produtividade (51%). Contrapontos interessantes que surgiram na pesquisa é de que 9 em cada 10 profissionais relatam um vínculo forte ou muito forte com seus filhos durante o isolamento, e 98% alegam o desenvolvimento de habilidades profissionais a partir da relação com os filhos - com destaque para paciência (74%), tolerância (57%) e priorização (56%).

Michelle conta que desde o começo da pandemia, a procura pela empresa cresceu, especialmente por elas terem lançado um e-book sobre home office com filhos. “De lá para cá, foram mais de 300 eventos digitais sobre inteligência emocional, home office com filhos, gestão com filhos. A pandemia deu luz a questões sensíveis e invisíveis. Assuntos acumulados nos ombros das mães. Os pais estão vendo, então os líderes também estão vendo.”

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E as mães?

Com um serviço de banco de currículos exclusivo de mães, Elisa Walker, fundadora do Mães Atuantes no Mercado (MAM), conta que houve uma diminuição significativa no número de vagas. “Porém o processo seletivo ficou mais humano, flexível e acolhedor. Se precisar ser em outro horário, é ok. Cancelar é ok. Criança na entrevista é ok. Mãe amamentando é ok”, conta Elisa.

Elisa Walker, fundadora Mães Atuantes no Mercado (MAM)
Divulgação
Elisa Walker, fundadora Mães Atuantes no Mercado (MAM)

Depois de ter vivido duas gestações no mundo corporativo, atuando dentro do setor de recursos humanos (RH), ela conta que teve a ideia da MAM com o foco de trazer a corresponsabilidade para as empresas sobre estes filhos de mães que saem para trabalhar - lembrando que essas crianças são os futuros líderes e consumidores dessas empresas

Grande sacada

Tanto Michelle quanto Elisa comentam que quando elas apresentam seus serviços para as empresas, a maioria dos empresários faz um ar de surpresa positiva. “As empresas olhavam para nós com olhar: 'Como eu nunca pensei nisso antes? Como eles não perceberam que isso era cuidar da comunidade como um todo?'”, lembra Elisa.

As empreendedoras lançaram uma parceria com o Banco BV, com o objetivo de recolocar as mães no mercado. “O programa tem o objetivo de trazer pessoas que pausaram suas carreiras e cuidar delas. Existe também o oferecimento de um workshop de recolocação, com temas relacionados à parentalidade e networking, para quem não passou no processo seletivo”, explica Michelle.

Mãe e filha brincando na cama elástica
Reprodução pessoal
Mãe e filha brincando na cama elástica

Quem relata uma experiência positiva com o serviço, ainda que não tenha tido contato direto com as empresas é a gerente de relações comerciais e negócios varejo no Banco BV, Claudia Diez Viotti Lanaro, de 35 anos. Ela conta que está no banco há dez anos e nove deles foram no setor de relacionamento com pessoas. Quando engravidou, decidiu mudar de área e no meio da sua licença-maternidade, recebeu a notícia que havia conseguido e descobriu que seu desempenho foi melhor quando ela estava grávida. Em abril deste ano, foi promovida.

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