"Senti que era o alvo desses rumores, talvez porque sou uma mulher de sucesso neste campo ou porque sou egípcia, mas não tenho certeza". O desabafo é de Marwa Elselehdar, 29, primeira capitã de navios do Egito, vítima de notícias falsas que a apontam como responsável pelo bloqueio do Canal do Suez , uma das principais rotas de navegação do mundo.
Em entrevista à BBC, a capitã disse não ter ideia de quem foi o primeiro a espalhar a história ou por quê. Mas desconfia que isso esteja relacionado ao sexismo ou fato de ser egípcia.
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Segundo dados da Organização Marítima Internacional, mulheres correspondem a apenas 2% dos marinheiros do mundo. Marwa Elselehdar é a primeira capitã de navios de seu país, sendo a capitã egípcia mais jovem e a primeira mulher a cruzar essa rota. Em 2017, ela também foi homenageada pelo presidente Abdel Fattah El-Sisi durante as celebrações do Dia da Mulher no Egito.
Apesar de seu pioneirismo, ela conta que sempre enfrentou sexismo por trabalhar em uma indústria dominada por homens. "A bordo, todos eram homens mais velhos com mentalidades diferentes. Não havia pessoas com as quais pudesse trocar ideias. Foi um desafio passar por isso sozinha sem que minha saúde mental fosse afetada".
Segundo a reportagem da BBC, os rumores sobre Marwa Elselehdar foram em grande parte alimentados por imagens de uma manchete falsa, supostamente publicada pelo site de notícias Arab News, compartilhada nas redes sociais. A imagem manipulada provavelmente foi feita a partir de um artigo verdadeiro publicado pelo mesmo veículo.
Apesar do choque com as acusações de estar envolvida no bloqueio, a capitã diz estar feliz pelo apoio que vem recebendo. "Decidi me concentrar em todo o apoio e amor que estou recebendo, e minha raiva se transformou em agradecimento", disse. Em breve ela fará o exame final para alcançar o posto completo de capitã e espera poder continuar a ser um modelo para as mulheres em sua área.