Estéfani Guimarães tem um padrasto desde a infância e passou por diversas fases: adorou no começo, sofreu na adolescência e mudou de opinião agora
Ter um padrasto pode não ser uma experiência muito fácil. Na adolescência. que é uma fase com confrontos naturais de comportamento e busca da identidade, essa relação pode ser ainda mais difícil.
Com Estéfani Guimarães, de 21 anos, não foi diferente. Ela nunca teve convivência com o pai biológico. Aos oito anos, conheceu o futuro padrasto - que se casaria com sua mãe no ano seguinte - e ficou animada: “Foi algo novo. Eu amei a ideia de ter um pai”.
Na infância foi só alegria. Além da sensação nova de uma família completa, como ela mesma descreve, ela adorava o padrasto por tratar sua mãe com muito carinho. Mas na adolescência começaram a vir os primeiros problemas com John Harborne, novo marido da mãe. “Ele pegava muito no meu pé!”, desabafa.
Reação em diferentes fases
“É uma pessoa diferente daquela família nuclear que foi estabelecida até aquele momento. Ele é visto, primeiramente, como um invasor”, explica a terapeuta de família Paula Emerick, presidente executiva e fundadora da Solace Institute, sobre o estranhamento que pode haver na infância.
A criança pensa que pode atrapalhar uma possível reconciliação entre os pais e até interferir na relação dela com a mãe. “Pode virar um mar de rosas por receptividade ou pode virar um campo de batalha”, diz Paula.
Na adolescência, os problemas tendem a aumentar. A terapeuta de família explica que, pela fase, até mesmo pais biológicos costumam ter problemas com relação aos filhos . Com o padrasto, que é um "estranho" na relação, é comum que seja ainda mais difícil.
Mais uma pessoa em casa
A mãe de Estéfani trabalhava durante todo o dia, então quem ficava com ela era o padrasto. Portanto, era ele quem cobrava da enteada os deveres de casa e escolares. Pode-se deduzir que daí surgiram várias brigas .
Uma briga marcante para Estéfani aconteceu quando ela tinha por volta de 12 anos, no início da adolescência. Ela era responsável por lavar as louças todos os dias. Certa vez, decidiu não lavar e foi dormir mais cedo. Mais de uma hora após ela ter ido para a cama, John a acordou para que ela fizesse seu dever.“Fiquei com muita raiva! Dei o dinheiro da mesada e meu celular para ele, falando que ele não precisaria me dar mais nada”, conta Estéfani. Hoje ela ri ao lembrar desta briga: “Parece ser tão ridículo agora”.
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Agora, mais madura, ela confessa que a relação entre os dois não poderia estar melhor e reconhece o quanto ele é importante: “Ele me criou, me deu amor, estudos, acordava de madrugada para ir ao médico e esteve presente nos melhores momentos da minha vida”.
E com o tempo, veio outro reconhecimento: “Ele é sim meu pai, o único que tenho e quero ter”.
Dicas para o padrasto
Paula explica que o caminho de um padrasto ao entrar em uma nova família é não querer preencher o papel do pai: “As regras vêm da mãe, e ele atua apenas como mantenedor, um patrulheiro". A dica da terapeuta na hora de cobrar algo do adolescente é dizer: “Lembra que sua mãe queria que você fizesse isso?”
“O padrasto vai passar por essa fase de acolhimento como um pai alternativo, o adolescente vai poder ter a mão quando for conveniente pra ele”, conclui Paula sobre o que pode acontecer na maturidade, como no caso de Estéfani.